domingo, dezembro 10, 2006

A Sopa 06/21

Cabelos. Ou a falta de.

Percebi, com o passar do tempo, que a calvície (real, provável ou possível) é um tema que causa profunda angústia nas pessoas. As deixa sem dormir, é motivo de longos pensamentos e reflexões. Não importa se a calvície é própria ou de outrem. Mais: esse outrem pode ser conhecido próximo ou não. Por isso eu afirmo com convicção que nem a fome, as guerras, a Palestina, a pastelina, o terrorismo, a violência urbana, nada disso é importante quando comparamos com esse assunto mais grave.

O mal do mundo é o pouco cabelo.

Aprendi essa verdade aos poucos, à medida que o meu próprio cabelo foi tornando-se mais escasso. Sim, porque esse é um processo gradativo, e para nós, agentes ativos dele, é difícil notar grandes diferenças sem que tenhamos um termo de comparação, como uma foto. Por outro lado, aqueles que não convivem diariamente conosco, calvos (reais, prováveis ou possíveis), é que assustam-se ao nos encontrar depois de um período maior. Vocês sabem como é isso. É o mesmo que acontece com relação ao peso: “Puxa vida, estás mais forte, não?”, dizem os mais educados, enquanto os diretos vão de “Baita gordão?!”… Mas eu falava de cabelos, ou de sua ausência.

Pois bem, dizia eu que há alguns anos noto que o meu cabelo estava tornando-se menos presente onde sempre estivera. E, sinceramente, não fiquei preocupado com isso. Se é para ser careca, sejamos carecas, paciência. É da vida, pelo menos tenho saúde, coisa e tal. E a vida continua. Mas aí vi que as pessoas preocupam-se com o fato de potencialmente (ou não) estares rumando para a completa ausência de cabelos. E comentam, dão conselhos. Chega a ser tocante. E não adianta explicar que tudo bem, estou tranquilo, minha auto-estima não se abala, etc. Torna-te parte das orações diárias, “…e que o Marcelo não fique completamente calvo, amém”.

E comentam contigo. Mesmo pessoas que mal te conhecem, nunca te viram mais gordos, e acham que tem o direito de “alertar para o fato”. “Vem cá, sabia que estás ficando careca?” é a pergunta mais cretina que podem fazer. Aconteceu comigo num jantar com pneumologistas brasileiros num congresso em Montreal. Quem fazia a pergunta era um colega do Ceará COMPLETAMENTE careca. A resposta que pensei foi “Não, não notei isso a última vez que me olhei no espelho, em 1985…”, mas a educação não permitiu que eu a dissesse. É óbvio que alguém que perde cabelo sabe que está perdendo o cabelo. Ponto.

Dentro dessa preocupação capilar para comigo, esses tempos o meu pai - que não é careca – resolver tomar uma atitude: comprou para mim uma loção que um conhecido havia usado e estava ajudando. Dentro do espírito “tudo tranquilo” comecei a usar. E começou a aumentar o cabelo onde estava diminuindo! Parei de usar correndo.

Fiquei com medo. Sei lá, posso estar indo contra os desígnios divinos, sei lá.

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Marcelo, me passa o nome da loção, pois aqui também tá bravo!!!1

Edgard.