domingo, junho 24, 2007

A Sopa 06/49

Um depoimento (um texto antigo).

E mais uma vez, não, isso não é um recado a ninguém.


Há um tempo atrás, escrevi sobre amizades de longa data, aquelas pessoas que te conhecem há muitos e muitos anos. É claro que não é apenas um questão de tempo, mas também de intensidade. O fato de conhecer alguém há mais de quinze anos, por exemplo, não significa automaticamente que ela me conhece melhor do que alguém que conheci há, também por exemplo, digamos, dois anos. O que conta é a intensidade.

Quando falo ‘intensidade’, quero dizer grau de conhecimento, interação, grau de confiabilidade. Não é qualquer um que permitimos que nos conheça de verdade, pelas mais variadas razões, que também não vêm ao caso. Quando falei no assunto no blog há alguns dias atrás, me referia a esses que, além de tempo, têm intensidade.

Mas não é fácil ter amigos assim.

Principalmente eles te conhecem de verdade, sem as várias máscaras e personagens e barreiras que desenvolvemos/criamos para lidar com o mundo. Eles sabem como são, não podemos enganá-los. A eles é que se atribui a máxima de que “amigo não é o que diz o que querermos, mas o que precisamos ouvir”. Tem que ter estômago para ter amigos assim. Certamente não é para qualquer um. Além de tudo, é uma via de mão dupla.

Para ter amigos assim, também temos que ser amigos assim.

Somos aqueles que colocamos o dedo na ferida, que chamamos de volta à Terra quando o amigo está “viajando”. Somos quem têm os pés no chão, somos a voz da razão. E tão difícil quanto ouvir é dizer aquilo que o amigo não quer mas precisa ouvir. Essa é razão para podermos contar nos dedos esse tipo de amigos.

O pior crime que o amigo pode cometer para contigo é a omissão.

Eu não me omito de dizer o que penso.

Nunca.

Até.

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