quinta-feira, agosto 07, 2008

Os Dias Antes da Paternidade (14)

Trinta e sete semanas.

Um capítulo interessante de uma gestação é com relação à escolha do nome do filho ou filha que virá. Não só pode ser motivo de disputa entre o casal (“Por quê não pode ser o nome do meu avô, o velho Flor?”) como pode envolver também as famílias e até outros, como conhecidos e colegas. Aliás, a gestação é o período da vida em que mais nossa vida privada é pública, mas isso é outra história.

Existem as mais variadas formas de se definir o nome do(a) rebento(a) que está para nascer. Vão desde nomes de ídolos (John Lennon da Silva, Elvis Presley de Oliveira), passando por nomes históricos (Mussolini Carlos, Getúlio Vargas, Leide Daiane) até formações feitas a partir dos nomes dos pais (Milênio, filho da Milene e do Ênio). Possibildade são quase infinitas, incluindo aí os nomes infames e outros, o que pode – como já disse - trazer um dilema ao casal que espera. Outras vezes contudo, é simples, como foi o nosso caso.

Sem querer parecer exagerado, mais ou menos desde os quinze anos que a Jacque já tinha definido que queria ter uma filha e que se chamaria Marina. Quando ficamos juntos, e a coisa ficou séria mesmo, cerca de quatro meses após nos conhecermos, fui avisado que – se um dia tivéssemos filhos, e se fosse menina, se chamaria Marina. Eu que me enquadrasse ou azar o meu. Como eu gostaria – se tivesse uma filha – que ela tivesse nome de música, achei Marina bem adequado (assim como seria Luisa, por exemplo).

Quando a Jacque engravidou, e começamos a imaginar qual o sexo do bebê e, portanto, qual o nome que escolheríamos, a única dúvida era se fosse menino. Como ela escolhera o nome feminino, eu – então – teria “o direito” de escolher o nome masculino. Perfeito.

A partir da música do Nando Reis, escolhi Sebastião como o nome masculino preferencial (“O mundo é bão Sebastião”) para incredulidade e revolta geral. Nesse momento, o mundo resolveu que não era um nome adequado (“Coitada da criança!”, diziam). Eu nem dei bola.

Dom Sebastião, O Desejado, décimo-sexto rei de Portugal, tornou-se rei ao três anos de idade, bisneto de Joana, a Rainha Louca da Espanha, desapareceu aos 24 anos de idade numa batalha no Marrocos. Tornou-se então numa lenda do grande patriota português - o "rei dormente" (ou um Messias) que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias, uma imagem semelhante à que o Rei Artur tem em Inglaterra ou Frederico Barbarossa na Alemanha. Em outras palavras, um grande nome com uma grande história, sem falar que teria o mesmo nome do Tim Maia: Sebastião Rodrigues.

Mas fui “vaiado” por todo mundo à volta, inclusive com pessoas dando sugestões de outros nomes. Como assim, não era eu quem determinaria o nome? Até a Jacque começou a pensar em alternativas. Outros nomes, é? Certo, mas existem regras, eu disse. Estão vetados nomes masculinos com a letra “F”. Por quê, me perguntaram. Não interessa, é uma questão de princípios, não me perguntem quais.

Para alívio geral, é uma menina, a Marina.

Até.

Um comentário:

Queila disse...

Oi Marcelo,

Marina era o nome da minha avo. Eu acho lindo!

Beatriz foi escolhida, entre outras coisas, graças a musica do Chico Buarque. Luisa também passou pela lista dos nomes possiveis.

No inicio, a minha escolha também foi vaiada por aqui (parece que aqui no Canadá Beatrice é um nome arcaico, talvez como o Sebastião por ai) mas eu nao liguei nao.

Quando eu olho para ela hoje, sei que nao poderia ter outro nome. ;)

Um abraço,
Q