quarta-feira, janeiro 07, 2009

Em Porto Alegre por esses dias

Acabou o vestibular de verão na UFRGS (a saber, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pública e gratuita, como costumavam proclamar os formandos no tempo em que eu ainda ia a formaturas).

Entre os lugares em que trabalho, há uma clínica, em que atendo segundas, quartas e sextas-feiras, que fica no centro (que não é o centro geográfico) de Porto Alegre. São cinco andares com ambulatórios e atendimentos de diversas especialidades médicas, além de psicólogos. Quando comecei a trabalhar lá, há quase dois anos, fui "locado" num consultório no quarto andar, mesmo em que ficavam psiquiatras, psicólogas, urologista e um reumatologista. Fui premiado com um dos únicos dois consultórios do andar com banheiro privativo. Sem janelas, mas com banheiro.

Descobri depois que as pessoas me invejavam por isso.

As pessoas sentem inveja por cada coisa, pensei, mas no fundo entendi que estava e vantagem por ter um banheiro privativo. Afinal... deixa para lá, vocês sabem o que significa ter um banheiro privativo.

Pois bem, a "minha alegria" acabou há uns dois meses, quando fui "rebaixado", passando a atender no terceiro andar e sem uma sala fixa. Dois dias atendo numa sala e no outro numa sala diferente, afinal tem médicos mais antigos lá e, como qualquer um que tenha tido a mínima experiência militar sabe, "antiguidade é posto". Tudo bem, não me queixo, estou lá para trabalhar mesmo.

Hoje, contudo, algo diferente aconteceu.

Quando cheguei para atender, descobri que haviam me colocado numa sala diferente das que estou habituado a atender. Essa sala, para minha alegria, apesar de não ter banheiro (certo, eu NÃO preciso de banheiro tanto quanto possa parecer...), tinha janela, e para a frente do edifício! Fiquei bem feliz, algo como se um trabalhador de mina fosse transferido - mesmo que temporariamente - para a superfície.

Foi legal.

Durante à tarde, quando já se aproximava a parte final dos meus atendimentos, comecei a ouvir uma música que vinha da rua, junto com gritos. Estranhei inicialmente, até ouvir "Sai do chão!", quando imaginei que por alguma aberração do espaço-tempo eu estava no carnaval em Salvador, até ouvir "Quem é que vai passar?!" e gritos mais alta e perceber que aquilo que eu ouvia era uma festa de final de vestibular.

Final de vestibular?!

Isso mesmo, agora existe isso, festa porque acabou o vestibular. Não é festa dos aprovados, que deve ocorrer depois, imagino, mas uma festa de final de "festa". Tipo "ai, estou estressado com essas provas todas e preciso festejar, azar se fui reprovado".

Confesso que me irrita, isso.

Fechar uma rua, trazer um trio elétrico, só para comemorar o final do vestibular?

Ridículo.

Festa para quem passou (antes de dizer que o vestibular é o mais fácil, o bicho pega na universidade). Quem não passou tem que sentir o fracasso como aprendizado para passar depois.

Se é festa para todo mundo, onde está a celebração do mérito de quem foi aprovado?

Sou das antigas, eu sei, fazer o quê?

Até.

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