domingo, abril 04, 2010

A Sopa 09/34

Eu não sei.

Prestes a completar trinta e oito anos, achei que era hora de declarar publicamente alguns pensamentos que imaginava só tornar públicos quando tivesse certeza deles, quem sabe aos cinqüenta ou sessenta anos. Quando tivesse certeza. Mas o tempo me mostrou (antes, depois, ou no momento certo?) que realmente não consigo.

Como já disse, eu não sei.

A verdade definitiva, aquela por trás de tudo, que alguns chamam de “a engrenagem que move o mundo”, ou transcendência, essa não existe, assim como nada é definitivo na vida, com exceção da morte. Então, o que penso agora pode não ser a minha verdade no futuro. A verdade, aquela que buscava no passado, não é absoluta e é pessoal. Cada um vê o mundo e o interpreta segundo sua própria lógica, seus próprios olhos, que vêem e analisam o que estão vendo com base na vida prévia de quem os possui, os olhos, e vê, e por aí seguimos numa espiral sem fim e sem sentido.

Só sei que nada sei, como diria Platão citando Sócrates.

Mas quando entramos no campo da teologia, por exemplo, esta postura, ou – melhor – essa ausência de certezas me coloca numa posição difícil perante os convictos, de um lado e de outro. Àqueles que acreditam em um deus (ou religião, que é uma coisa completamente diferente) eu apenas digo o de sempre: não sei se acredito. Aos ateus militantes (ou não), a mesma coisa. Não sei se não acredito. Indisponho-me com todos. Paciência. Sempre digo que espero ser convencido (ou me convencer) de algo, que pode ser a existência ou não existência. E não pensem que não sofro com isso. Gostaria, sinceramente, de ter fé, qualquer que fosse, porque a crença traz conforto, segurança.

Não acredito, contudo, em religiões, quaisquer que sejam elas. Simplesmente porque são humanas, e – por isso – imperfeitas. Porque não são tolerantes como deveria ser. Porque trazem sofrimento à vida das pessoas.

Ser correto, não fazer o mal, respeitar as pessoas, esses são todos preceitos éticos universais, e não preciso ir à missa, culto ou sessão para saber disso ou mesmo para procurar seguir esse modo de vida. Não é isso que vai me fazer uma pessoa melhor. O que me fez ser quem sou, acreditar no que acredito, e o senso de justiça que procuro ter, não foi por freqüentar uma igreja semanalmente.

Assim como espero que as pessoas respeitem os meus pontos de vista, faço o mesmo. Não julgo ninguém por suas crenças religiosas, respeito cada um na sua liberdade individual ser o que quiser.

Esse é um dos mais importantes ensinamentos que espero passar para a minha filha.

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Marcelo!
Tenho certeza que conseguirás passar para a Marina estes teus pensamentos porque nossos filhos aprendem com as nossas atitudes que eles vivenciam no dia a dia e não apenas com as palavras que escutam por aí.
FELIZ ANIVERSÁRIO. Espero abraçá-lo pessoalmente. Zeca