quarta-feira, novembro 03, 2010

Ainda sobre as eleições

Excesso de internet me deixa enjoado.

Isso acontece, de tempos em tempos, principalmente quando passo muito tempo lendo o que as pessoas escrevem nas redes sociais. Há um tempo, era o Orkut, do qual volta e meia eu tinha que “me desligar”, evitar ler o que escreviam em certas comunidades, para não me irritar demais. Pela simples intolerância das pessoas.

Hoje em dia, é o Facebook que me causa esse efeito, que fica exacerbado principalmente em período pós-eleitoral, quando vêm à tona as mais diversas formas de preconceito, incapacidade de convivência com o contraditório, dificuldade de aceitar uma maioria que pensa diferente, e a boa e velha baixa auto-estima brasileira.

Eu não votei na Dilma para presidente.

Tinha minhas razões para achar que o Serra era melhor candidato, e votei nele, não contra ela. Essa é um ponto importante: eu votei em quem eu achava o melhor, não para evitar que um partido ou uma pessoa se elegesse. Como em 2002 eu havia votado no Lula com convicção, agora achava que era hora da alternância no poder, e que o Serra era um candidato mais pronto para o cargo. Não foi o que achou a maioria. Ponto.

Acabou aqui a discussão.

A partir de agora, toda a minha torcida é para que a Dilma – que não é uma pessoa despreparada, longe disso – faça o melhor governo possível, e que daqui a quatro anos queiramos reelegê-la. Continuarei minha vida, trabalharei como sempre, continuarei crítico com relação ao que não concordo e apoiarei o que acho certo. Simples, tranqüilo.

Por outro lado...

Segunda-feira pela manhã, ao chegar ao hospital, fui até a Associação dos Médicos (do qual sou parte da diretoria) e lá, em dia de pouco movimento devido ao meio feriadão, estavam alguns poucos colegas. Enquanto checava e-mails no computador, ouvia a conversa, e um mais alterado dizia que logo a revista Veja ia ser fechada pelo governo, e o colunista Diogo Mainardi seria assassinado. Lembrei da eleição de 1989, quando diziam que, se o Lula fosse eleito, haveria a reforma urbana e famílias de sem teto invadiriam nossas casas e seria o caos. Só pude pensar que, mesmo depois de mais de vinte anos, as pessoas não aprendem.

O mesmo ocorre na internet, onde desde domingo têm pipocado, e tenho lido no Facebook, devido aos contatos mais diversos que tenho, inúmeras manifestações escatológicas (com o sentido de final de mundo) com relação à eleição do último domingo. Desde chamando o Brasil de país de merda (porque “não pensam como eu”, pelo visto) até gente ameaçando emigrar para outros países sem problemas, como – por exemplo – a Itália (que elege apenas pessoas honestas e com uma reputação ilibada, como o Berlusconi) ou a França (que não tem manifestações públicas ou greves ou conflitos).

Já disse outras vezes, e repito: somos um país muito jovem, e ainda estamos aprendendo a viver em sociedade, ainda atrás de justiça social e muito mais. Uma parcela dos que gritam mais alto é por medo de perderem privilégios. Ninguém gosta de perder nada, aliás (exceto peso, mas esse não é o caso), compreensível. Tenho certeza que não vai ser o fim do mundo, como não foi com a eleição do Lula.

Quanto ao governo Lula, não se pode negar que, apesar dos diversos problemas apresentados (alianças não muito recomendáveis, a ética indo por água abaixo em muitos momentos, mensalão, etc), foi um governo muito bom para muita gente, que saiu da miséria e passou a ter uma vida mais digna. Foi isso que reelegeu o governo, agora representado pela Dilma.

De novo: eu não votei na Dilma.

Mas espero que o governo da primeira mulher Presidente do Brasil seja lembrado pelo seu enorme sucesso. Torço mesmo.

Até.

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