domingo, agosto 16, 2020

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Cento e Cinquenta e Quatro Dias)

 

Números.

 

Há uma música dos Engenheiros do Hawaii com esse nome – Números – cuja letra diz:

 

Última edição do Guiness Book

Corações a mais de mil

E eu com esses números?

Cinco extinções em massa

Quatrocentas humanidades

E eu com esses números?

Solidão a dois

Dívida externa

Anos luz

Aos 33 Jesus na cruz

Cabral no mar aos 33

 

E eu... o que faço com esses números

Eu... o que faço com esses números?

 

A medida de amar é amar sem medida

Velocidade máxima permitida

A medida de amar é amar sem medida

 

Nascimento e Silva 107

Corrientes, tres, cuatro, ocho

E eu com esses números?

Traço de audiência

Tração nas 4 rodas

 

E eu... o que faço com esses números?

 

Sete vidas

Mais de mil destinos

Todos foram tão cretinos

Quando elas se beijaram

 

A medida de amar é amar sem medida

Preparar pra decolar

Contagem regressiva

A medida de amar é amar sem medida

 

Mega, Ultra, Hiper, micro, baixas calorias

Kilowatts, Gigabytes...

 

E eu... o que faço com esses números?

Eu... o que faço com esses números?

 

A medida de amar é amar sem medida

A medida de amar é amar sem medida

Velocidade máxima permitida

A medida de amar é amar sem medida

 

Como eu disse, números.

 

Essa Sopa marca o centésimo post do blog em dois mil e vinte, esse ano estranho. Desde 2013 eu não (escrevia e) publicava tanto quanto está sendo em 2020. A pandemia certamente impulsionou esse resultado, mas – independente disso – era um plano. Escrever mais, ou – melhor – voltar a escrever.

 

Esse é um dos lados bons da pandemia.

 

Como tudo na vida, não existe nada que seja completamente bom ou totalmente ruim. Vivemos esse balanço, ou nesse balanço, entre boas e más experiências. Que dependem apenas de nós.

 

Da forma como as encaramos, da forma que contamos as histórias.

 

Como costumo dizer, a vida não é muito mais que histórias para contar, e histórias não são apenas os fatos. São, principalmente, a forma como os vemos, e como os contamos. A narrativa. O mesmo fato pode ser visto como bom ou ruim, dependendo de como o vemos, de como reagimos a ele. E isso em todas as esferas da vida. Relacionamentos pessoais, de trabalho. Todos. E depende única e exclusivamente de nós. De estarmos no comando de nossas vidas, de escrevermos a história, de dar o sentido que queremos à narrativa do que vivemos.

 

Cem posts no blog em 2020 até aqui. Cento e cinquenta e quatro dias de pandemia. Dezessete quilos perdidos no último ano, doze desde março. Média de sessenta minutos de atividade física por dia nos últimos doze meses. Setenta no último mês, setenta e oito na última semana. Noventa e um minutos hoje. Mais de trinta de minutos de exercício em 81% dos dias no último ano, e 88% nos últimos três meses.

 

Números.

 

E o que há por trás desses números?

 

Excluindo-se aqueles acontecimentos que não dependem de mim, como o vírus que ora circula por aí, mas dos quais a forma como lido com os mesmos sim depende, os números representam a possibilidade que tive de escrever (e contar) a minha história do jeito que eu decidi. Ter o comando da narrativa da minha vida.

 

E estar aberto para novas possibilidades e desafios.

 

Até.

 

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