sábado, maio 28, 2005

A Saga Continua

Toronto é dita a cidade mais multicultural do mundo.

Com isso em mente, e ainda com o intuito de ter uma experiência canadense completa, hoje prossegui em minha peregrinação pelos barbeiros do mundo. Sim, cortei o cabelo.

A primeira vez, em outubro passado, fui a um barbeiro italiano. Contei essa experiência aqui mesmo no blog. Foi curioso, ele só usava tesoura e não máquina mesmo eu insistindo para que ele o fizesse, aguardando o momento em que ele ia perder a paciência e passar a navalha no meu pescoço. Ficou mais ou menos.

A segunda vez que fui cortar o cabelo aqui em Toronto, no final de janeiro, escolhi um barbeiro iraquiano. Era justamente o final de semana de eleições no Iraque, e achei que seria uma homenagem adequada. Não comentei com ele porque não achei apropriado. Tive o cabelo cortado enquanto eu estava voltado para Meca. Ele não usava tesoura, apenas máquina. Também ficou mais ou menos.

Finalmente hoje decidi cortar pela terceira vez (nos intervalos entre um corte e outro, em dezembro e abril, cortei enquanto estava em Porto Alegre) e o escolhido foi um barbeiro português. E isso não é nenhuma piada, evidentemente. No final da manhã, peguei o bonde que faz o trajeto pela Dundas, atravessando o bairro português. No caminho, fiquei prestando atenção para encontrar um barbeiro. Encontrei, desci e entrei no estabelecimento.

Havia três pessoas sendo atendidas nas três cadeiras disponíveis, e sentei para esperar a minha vez. Numa das cadeiras, a que ficava à esquerda, um cliente tinha sua barba feita, com navalha. Lamentei ter feito a barba ontem, pois seria suuuper legal ter a barba feita… Na cadeira do meio, o barbeiro cortava o cabelo de um outro cliente, e na última, a da direita, uma mulher cortava o cabelo de outro. Após alguns momentos de observação, já sabia que a cabelereira da cadeira à minha direita era brasileira, e o dono, que estava trabalhando na cadeira do meio, era português.

Enquanto aguardava minha vez, peguei um jornal em português que estava à disposição. Folheei indiferente até encontrar a manchete sobre uma medicação anti-calvície que seria testada em humanos depois de passar pela fase das cobaias: “Em ratos funciona!”. Ia ler o corpo da matéria quando o barbeiro me chamou. Orientei-o em português e ele – que usa tesoura e máquina – cortou exatamente da forma que eu queria. Melhor que isso, só em Porto Alegre, no local onde corto há mais de dez anos e quando chego só preciso responder que sim, do mesmo jeito de sempre…

Vou voltar, afinal Portugal venceu a disputa de qual país cortaria o meu cabelo.

Até.

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