Se, por um lado, venho afirmando, desde que cheguei de volta do Canadá, que é como se eu nunca tivesse saído daqui, e ainda hoje procuro ter perto de mim lembranças (ou pequenos lembretes) de que esse período realmente existiu, não foi apenas uma noite dormida um pouco além do habitual com sonhos bem realistas, por outro noto mudanças, mesmo que sutis, no pequeno mundo em que vivo diariamente. Nem vale à pena citá-las, por sinal, pois esse não é o foco desse escrito não planejado, que vai se criando à medida que digito tecla após tecla, pensamentos sendo formulados e extraídos enquanto as letras vão formando palavras.
Mesmo depois de anos de reflexão e admiração, de espanto e susto, o tempo ainda me fascina, e já admito a possibilidade que esse vai ser o tema de meus pensamentos filosóficos até o fim de meus dias. A primeira constatação, no meu primeiro retorno para casa, lá no final de dois mil e quatro, foi de que o tempo, quando olhado em retrospectiva, passa muito rápido. Óbvia conclusão, todo mundo sabe disso, e eu sei também, sempre soube, mas provei (prova pessoal, egocêntrica) isso quando, após três meses de Canadá, voltei ao Brasil e me obriguei a usar uma camiseta com referências de lá para provar que esse fato havia ocorrido. Se ainda hoje o faço, naquele momento havia necessidade maior, evidentemente.
A volta, contudo, não é para o mesmo lugar de onde saí. Heráclito, vocês sabem, nenhum homem passa duas vezes pelo mesmo rio: já não é o mesmo rio, assim como não é o mesmo homem (essa segunda assertiva, apesar de verdadeira, não sei se está contida o enunciado original). Voltei outro para outro lugar. Quase uma realidade paralela (àquela que eu vivia antes de sair).
Continuando no rumo da filosofia, pergunto: o que é realidade, afinal?
Até.
Um comentário:
Realidade é apenas o momento. Este momento. Que daqui a pouco será passado, como um sonho.
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