domingo, julho 16, 2006

A Sopa 05/52

Desde que começamos a viajar e, mais, a criar nomes, slogans e até moletons para as viagens, todos esse “títulos”, ou lemas, sempre tiveram alguma motivação, podemos dizer, trágica, apesar de sempre o clima ter sido tranquilo e o bom humor uma constante. Por exemplo, a primeira foi chamada de “Perdidos na Espace”, uma referência óbvia ao clássico seriado de tevê dos anos setenta, num trocadilho com o nome do carro que alugamos. Até para viagens que não fizemos os criamos. O cruzeiro que desistimos de fazer se chamaria ‘Viagem ao Fundo do Mar’, e, o navio, apelidamos de ‘Titanic’. Mas não só isso.

Também estávamos preparados para qualquer tipo de problemas durante a viagem. Enquanto nos preparávamos para a travessia do litoral sul do Rio Grande do Sul, desde São José do Norte até a praia do Pinhal, que – por sinal – ainda não ocorreu (em breve, em breve), discutimos todas as possibilidades. Como iríamos (iremos) no inverno, sabíamos que poderíamos enfrentar condições adversas de tempo típicas do sul do Rio Grande do Sul, e tínhamos um plano de contigência para caso de algum de nós não agüentasse o esforço físico, ficasse doente ou caísse da bicicleta e quebrasse a perna, por exemplo. Já sabíamos o que fazer. Não poderia haver dúvidas nem vacilações.

Era o seguinte: caiu, não pode seguir adiante, azar. Fica ali. A expedição não pode parar nem ser atrasada. Pega as botas, o que tiver de aproveitável nos pertences do caído, e tchau. Acha cruel? Lamento, a vida não é justa.

Lembrei disso porque saímos para jantar, semana passada, o Paulo, a Kaká, a Jacque e eu, e discutimos uma idéia de viagem para o futuro, que envolveria – para chegar ao destino - um vôo por sobre a Cordilheira dos Andes. Evidentemente, a viagem se chamaria ‘Sobreviventes dos Andes’, e as discussões envolveram o que faríamos no caso de o avião cair, sobrevivermos à queda e sermos obrigados a aguardar o resgate por muitos dias nos destroços do avião. Primeira pergunta, óbvia: a perna de quem comeríamos primeiro, para sobreviver?

Discussões acaloradas, argumentos variados, “Eu sou mais novo, tenho mais vida pela frente”. Muitas risadas depois, não chegamos a nenhuma conclusão. Não era o objetivo mesmo.

Diversão, histórias para contar.

Até.

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