1996
1999
2000
2002
2003
2004
2005
2006
Valeu tudo até aqui.
Felicidades para nós.
Até.
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
quinta-feira, agosto 31, 2006
terça-feira, agosto 29, 2006
Muito
Trabalho. Mesmo.
(mas dinheiro, que é bom, nada...)
Sem estresse, as coisas estão indo para os seus lugares.
Até.
(mas dinheiro, que é bom, nada...)
Sem estresse, as coisas estão indo para os seus lugares.
Até.
segunda-feira, agosto 28, 2006
Final de semana
domingo, agosto 27, 2006
A Sopa 06/06
Mais uma história do começo do exílio.
A Mudança
Esta edicao, que voces leem hoje (sem acentuar ainda), foi escrita ha alguns meses e apenas atualizada agora, especialmente para esse periodo de transicao enquanto faco minha mudanca e me instalo na minha nova (temporaria) casa, numa nova cidade e num novo pais, onde ficarei pelo proximo ano ou dois, me dedicando a pesquisa em pneumologia (numa oportunidade unica, que nao poderia perder) e a isso mesmo, aprender a viver num lugar diferente, em outro pais, com outro idioma e outra cultura. Comecar uma nova vida, mesmo que com prazo de validade.
Este talvez seja um dos desejos secretos mais comuns da humanidade : a oportunidade de comecar uma vida nova, num local diferente. Ter a chance de refazer alguns caminhos, tomar outras decisoes perante os mesmos fatos ja vividos, fazer outras escolhas. « E se… ». Este eh um dos dilemas mais comuns pelos quais passamos. Se nossas decisoes fossem outras, teriamos chegado onde chegamos, estariamos melhor ou pior do que estamos ? Perguntas sem resposta, claro, mas isso sempre estimula nossa imaginacao. Se eu nao tivesse entrado naquele carro e ido de onibus para casa, naquela madrugada, teria me acidentado? Nao, mas poderia ter sido assaltado e morrido, sei la. Nao importa, e certamente eh perda de tempo pensar nisso.
Mas eu falava de comecar vida nova num novo lugar. Nao eh bem assim, claro. A vida vai continuar o seu curso habitual, e ir para essa experiencia eh parte do curso ditado pelas minhas opcoes ate aqui e nao altera ou entra em conflito com outras previamente estabelecidas. E nao so isso: o que esta acontecendo eh – mais que tudo – consequencia das opcoes que tomamos (a Jacque e eu) como casal. Ficar durante um tempo relativamente grande longe nao foi uma decisao minha individualmente. Foi conjunta e nao poderia ser diferente. Nada do que eu faco hoje, eu faco sem pensar no que pode influenciar ou afetar a Jacque. Eh a minha referencia e meu norte, e por isso somos um casal. Um apoia o outro e assim vamos vivendo bem.
Quando surgiu a oportunidade dessa experiencia, as primeiras coisas que pensei foram, ‘Eu sempre quis morar um tempo fora do Brasil !’. A seguir, vieram as peocupacoes : e a Jacque, vai comigo? Os meus pais, como vou ficar tanto tempo sem ve-los ? A Beta, minha afilhada, vai ser quase uma mulher quando eu voltar, eh capaz ate de ja ter namorado… Como vai ser, meu Deus? A reacao das primeiras pessoas com quem falei foi de espanto e apoio. O Paulo, meu cunhado e grande parceiro de viagens, foi o mais entusiasmado, e botou a maior pilha. Outros, depois da surpresa inicial, ate comecaram a planejar me visitar. A minha mae, como sempre, apoiou de pronto, apesar de eu saber como eh dificil para ela ter outro filho morando longe, mesmo que por um tempo, afinal o meu irmao ja mora bem longe, em Nova York. O pai demorou um pouquinho para digerir a ideia pelas mesmas razoes acima, mas deu todo o apoio e, mais importante, estao me ajudando segurar a barra nesta fase inicial.
A Jacque, como tem sido uma constante nestes anos todos em que estamos juntos, foi maravilhosa. Mesmo sabendo como seria (e esta sendo) dificil ficarmos separados, ficou muito feliz por mim, mesmo sabendo que nao poderia ir comigo num primeiro momento. Matou no peito a ideia e tratou de me dar apoio e confianca. Sou sempre grato por te-la conhecido.
Como vai ser, como vou me adaptar, como vai ser a volta? Nao tenho ideia, sinceramente, mas nao penso nisso. Quando chegar a hora, tudo vai dar certo. Sempre da, certo?
Até.
A Mudança
Esta edicao, que voces leem hoje (sem acentuar ainda), foi escrita ha alguns meses e apenas atualizada agora, especialmente para esse periodo de transicao enquanto faco minha mudanca e me instalo na minha nova (temporaria) casa, numa nova cidade e num novo pais, onde ficarei pelo proximo ano ou dois, me dedicando a pesquisa em pneumologia (numa oportunidade unica, que nao poderia perder) e a isso mesmo, aprender a viver num lugar diferente, em outro pais, com outro idioma e outra cultura. Comecar uma nova vida, mesmo que com prazo de validade.
Este talvez seja um dos desejos secretos mais comuns da humanidade : a oportunidade de comecar uma vida nova, num local diferente. Ter a chance de refazer alguns caminhos, tomar outras decisoes perante os mesmos fatos ja vividos, fazer outras escolhas. « E se… ». Este eh um dos dilemas mais comuns pelos quais passamos. Se nossas decisoes fossem outras, teriamos chegado onde chegamos, estariamos melhor ou pior do que estamos ? Perguntas sem resposta, claro, mas isso sempre estimula nossa imaginacao. Se eu nao tivesse entrado naquele carro e ido de onibus para casa, naquela madrugada, teria me acidentado? Nao, mas poderia ter sido assaltado e morrido, sei la. Nao importa, e certamente eh perda de tempo pensar nisso.
Mas eu falava de comecar vida nova num novo lugar. Nao eh bem assim, claro. A vida vai continuar o seu curso habitual, e ir para essa experiencia eh parte do curso ditado pelas minhas opcoes ate aqui e nao altera ou entra em conflito com outras previamente estabelecidas. E nao so isso: o que esta acontecendo eh – mais que tudo – consequencia das opcoes que tomamos (a Jacque e eu) como casal. Ficar durante um tempo relativamente grande longe nao foi uma decisao minha individualmente. Foi conjunta e nao poderia ser diferente. Nada do que eu faco hoje, eu faco sem pensar no que pode influenciar ou afetar a Jacque. Eh a minha referencia e meu norte, e por isso somos um casal. Um apoia o outro e assim vamos vivendo bem.
Quando surgiu a oportunidade dessa experiencia, as primeiras coisas que pensei foram, ‘Eu sempre quis morar um tempo fora do Brasil !’. A seguir, vieram as peocupacoes : e a Jacque, vai comigo? Os meus pais, como vou ficar tanto tempo sem ve-los ? A Beta, minha afilhada, vai ser quase uma mulher quando eu voltar, eh capaz ate de ja ter namorado… Como vai ser, meu Deus? A reacao das primeiras pessoas com quem falei foi de espanto e apoio. O Paulo, meu cunhado e grande parceiro de viagens, foi o mais entusiasmado, e botou a maior pilha. Outros, depois da surpresa inicial, ate comecaram a planejar me visitar. A minha mae, como sempre, apoiou de pronto, apesar de eu saber como eh dificil para ela ter outro filho morando longe, mesmo que por um tempo, afinal o meu irmao ja mora bem longe, em Nova York. O pai demorou um pouquinho para digerir a ideia pelas mesmas razoes acima, mas deu todo o apoio e, mais importante, estao me ajudando segurar a barra nesta fase inicial.
A Jacque, como tem sido uma constante nestes anos todos em que estamos juntos, foi maravilhosa. Mesmo sabendo como seria (e esta sendo) dificil ficarmos separados, ficou muito feliz por mim, mesmo sabendo que nao poderia ir comigo num primeiro momento. Matou no peito a ideia e tratou de me dar apoio e confianca. Sou sempre grato por te-la conhecido.
Como vai ser, como vou me adaptar, como vai ser a volta? Nao tenho ideia, sinceramente, mas nao penso nisso. Quando chegar a hora, tudo vai dar certo. Sempre da, certo?
Até.
sexta-feira, agosto 25, 2006
É o fim
Não se respeita mais nada neste mundo.
Plutão não é mais planeta...
Qual a próxima?
Não quero nem pensar...
Segunda-feira, temperaturas abaixo de 10ºC. Hoje, 11 AM, 25ºC.
(só porque estou subindo a serra...)
Até.
Plutão não é mais planeta...
Qual a próxima?
Não quero nem pensar...
Segunda-feira, temperaturas abaixo de 10ºC. Hoje, 11 AM, 25ºC.
(só porque estou subindo a serra...)
Até.
quarta-feira, agosto 23, 2006
A Farsa da Democracia
Ou, melhor, o engodo da democracia brasileira.
Democracia, como dizem, é o governo do povo, exercido pelos seus representantes eleitos. Pressupõe igualdade e justiça. Não preciso dizer mais nada, então.
O que esperar de um país em que uns são mais iguais que os outros, e a lei é aplicada conforme “a cara do freguês”? Pois é isso o que vivemos aqui do lado de baixo do equador. Espanto? De maneira nenhuma. Todo mundo sabe que aqui não há pecado, já dizia a música.
O presidente será reeleito em outubro, não importa se em primeiro ou segundo turnos, conforme previsão minha (nenhum mérito nisso) feita no começo de maio num jantar lá em Toronto, e que foi respondida por um imbecil que disse que eu não sabia do que estava falando por que eu estava longe (admito, até hoje não digeri esse episódio). Tão longe, tão perto. Eu sabia do que falava.
Não vou votar esse ano por impedimento legal, mas se votasse, teria candidato certo: o que luta pela educação, sem dúvidas. É o caminho. Não votaria no atual status quo e nem no principal candidato de oposição porque eles não são muito diferentes, afinal de contas: um levaria deus ao dia-a-dia do governo, enquanto o outro tem certeza que é ele.
Mas esse nem é o caso. O líder das pesquisas, se não esteve envolvido nos escândalos que derrubaram seus principais colaboradores, no mínimo foi omisso, e isso é crime também. ‘À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta’. Ele perdeu a aura que possuia. Bailou.
Não, não estou frustrado nem chocado nem revoltado nem decepcionado. Longe disso. A minha parte eu estou fazendo.
Trabalho, e penso. E você?
Até.
Democracia, como dizem, é o governo do povo, exercido pelos seus representantes eleitos. Pressupõe igualdade e justiça. Não preciso dizer mais nada, então.
O que esperar de um país em que uns são mais iguais que os outros, e a lei é aplicada conforme “a cara do freguês”? Pois é isso o que vivemos aqui do lado de baixo do equador. Espanto? De maneira nenhuma. Todo mundo sabe que aqui não há pecado, já dizia a música.
O presidente será reeleito em outubro, não importa se em primeiro ou segundo turnos, conforme previsão minha (nenhum mérito nisso) feita no começo de maio num jantar lá em Toronto, e que foi respondida por um imbecil que disse que eu não sabia do que estava falando por que eu estava longe (admito, até hoje não digeri esse episódio). Tão longe, tão perto. Eu sabia do que falava.
Não vou votar esse ano por impedimento legal, mas se votasse, teria candidato certo: o que luta pela educação, sem dúvidas. É o caminho. Não votaria no atual status quo e nem no principal candidato de oposição porque eles não são muito diferentes, afinal de contas: um levaria deus ao dia-a-dia do governo, enquanto o outro tem certeza que é ele.
Mas esse nem é o caso. O líder das pesquisas, se não esteve envolvido nos escândalos que derrubaram seus principais colaboradores, no mínimo foi omisso, e isso é crime também. ‘À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta’. Ele perdeu a aura que possuia. Bailou.
Não, não estou frustrado nem chocado nem revoltado nem decepcionado. Longe disso. A minha parte eu estou fazendo.
Trabalho, e penso. E você?
Até.
terça-feira, agosto 22, 2006
Inverno
Os últimos dias têm sido de inverno aqui no sul do mundo.
Temperaturas baixas fora e dentro de casa (digo que não passei tanto frio assim em Toronto...). A ausência de aquecimento central nas casas - o que seria um desperdício de dinheiro pelo pouco tempo de frio intenso - tem, por outro lado, um ponto muito positivo: como é bom dormir quando está frio.
Quando no Canadá, no inverno, passava calor para dormir, e a melhor época para isso era do meio para o final de setembro, quando a temperatura começava a baixar e o aquecimento ainda não havia sido ligado.
Durmo MUITO melhor aqui.
E vocês devem imaginar que não é só pelo colchão ou a temperatura...
Até.
Temperaturas baixas fora e dentro de casa (digo que não passei tanto frio assim em Toronto...). A ausência de aquecimento central nas casas - o que seria um desperdício de dinheiro pelo pouco tempo de frio intenso - tem, por outro lado, um ponto muito positivo: como é bom dormir quando está frio.
Quando no Canadá, no inverno, passava calor para dormir, e a melhor época para isso era do meio para o final de setembro, quando a temperatura começava a baixar e o aquecimento ainda não havia sido ligado.
Durmo MUITO melhor aqui.
E vocês devem imaginar que não é só pelo colchão ou a temperatura...
Até.
domingo, agosto 20, 2006
A Sopa 06/05
Há exatos dois anos, num dia 20 de agosto de manhã, iniciava-se o meu exílio canadense.
Dezenove de agosto de dois mil e quatro
Depois de um ano e meio de expectativas, ansiedades, frustrações – “Acho que não vai acontecer” – e descrenças, e após várias despedidas (família, amigos, família de novo, outra vez dos amigos, família) embarquei no vôo RG 2328 até São Paulo e aí no AC 0991 até Toronto. Mas não embarquei sozinho.
A derradeira despedida de todos foi no aeroporto: os meus pais, os pais da Jacque, o Magno, o Márcio e a Sônia foram até lá para dar um ‘tchau, até breve’. A parte difícil começou neste momento: ao passar pelo detector de metais e antes de entrar na sala de embarque, uma última olhada para trás. Todos abanando para mim, no último adeus. Confesso: bateu forte. E ainda faltava me despedir da Jacque, que ia comigo no vôo até São Paulo.
Foi um vôo cheio de emoções. Passamos o tempo todo abraçados, aproveitando cada instante antes de nos separarmos ao menos até dezembro, quando ela vem para passar o final de ano comigo. Nosso último momento foi quando ela embarcou na van que a levaria para o hotel em que ficaria para um curso. Nos despedimos, ela embarcou, e a última visão que tive dela foi seu vulto, através do vidro escurecido, abanando para mim, que abanava para ela.
Ali começou a cair a ficha. Senti o meu coração apertar, ficar pequeno dentro do peito, um vazio enorme tomou conta de mim, e me arrependi. Me senti um idiota por ficar longe da mulher que é tudo para mim, sem a qual nada mais importa. Mas não tinha mais volta… Embarquei no avião para o vôo que me manteria por meses longe da mulher que amo já com um enorme sentimento de culpa, que me acompanhou boa parte da noite, em que dormi sob o efeito de Dormonid...
Aterrisamos (o avião, comigo nele) em Toronto pouco depois das 6:00am. Um dia plúmbeo, com cara de poucos amigos. A passagem pela alfândega e pela imigração foi tranqüila, os funcionários todos muito atenciosos e educados. O que demorou foram as malas. Por um problema qualquer, sua chegada ao terminou atrasou uns quarenta minutos, aproximadamente. Mas chegaram inteiras as duas imensas malas que eu trouxe para esta longa estada.
Saindo do aeroporto, peguei um táxi.
Começava ali a minha história no Canadá.
Até semana que vem.
Dezenove de agosto de dois mil e quatro
Depois de um ano e meio de expectativas, ansiedades, frustrações – “Acho que não vai acontecer” – e descrenças, e após várias despedidas (família, amigos, família de novo, outra vez dos amigos, família) embarquei no vôo RG 2328 até São Paulo e aí no AC 0991 até Toronto. Mas não embarquei sozinho.
A derradeira despedida de todos foi no aeroporto: os meus pais, os pais da Jacque, o Magno, o Márcio e a Sônia foram até lá para dar um ‘tchau, até breve’. A parte difícil começou neste momento: ao passar pelo detector de metais e antes de entrar na sala de embarque, uma última olhada para trás. Todos abanando para mim, no último adeus. Confesso: bateu forte. E ainda faltava me despedir da Jacque, que ia comigo no vôo até São Paulo.
Foi um vôo cheio de emoções. Passamos o tempo todo abraçados, aproveitando cada instante antes de nos separarmos ao menos até dezembro, quando ela vem para passar o final de ano comigo. Nosso último momento foi quando ela embarcou na van que a levaria para o hotel em que ficaria para um curso. Nos despedimos, ela embarcou, e a última visão que tive dela foi seu vulto, através do vidro escurecido, abanando para mim, que abanava para ela.
Ali começou a cair a ficha. Senti o meu coração apertar, ficar pequeno dentro do peito, um vazio enorme tomou conta de mim, e me arrependi. Me senti um idiota por ficar longe da mulher que é tudo para mim, sem a qual nada mais importa. Mas não tinha mais volta… Embarquei no avião para o vôo que me manteria por meses longe da mulher que amo já com um enorme sentimento de culpa, que me acompanhou boa parte da noite, em que dormi sob o efeito de Dormonid...
Aterrisamos (o avião, comigo nele) em Toronto pouco depois das 6:00am. Um dia plúmbeo, com cara de poucos amigos. A passagem pela alfândega e pela imigração foi tranqüila, os funcionários todos muito atenciosos e educados. O que demorou foram as malas. Por um problema qualquer, sua chegada ao terminou atrasou uns quarenta minutos, aproximadamente. Mas chegaram inteiras as duas imensas malas que eu trouxe para esta longa estada.
Saindo do aeroporto, peguei um táxi.
Começava ali a minha história no Canadá.
Até semana que vem.
sábado, agosto 19, 2006
quinta-feira, agosto 17, 2006
Viver para contar
Confesso que, quando no começo do ano o Inter contratou o Abel Braga como treinador, eu levei medo. Homem de pouca fé, eu tinha minhas razões, afinal eu ainda tinha viva na memória a lembrança de 1989, quando o Inter, precisando apenas de um empate contra o Olímpia na semifinal da Libertadores da América, jogando no Beira-Rio, perdeu o jogo no tempo normal e depois no pênaltis, meses depois de ter perdido a final do campeonato brasileiro para o Bahia, tendo perdido o primeiro jogo em Salvador e – novamente no Beira-Rio – precisando fazer apenas um gol para ser campeão, empatou em zero e viu o adversário ser campeão. O comandante? Abel Braga.
Mas não restava nada a não ser desejar sucesso ao treinador, que pegava um time montado pelo agora técnico do São Paulo, Muricy Ramalho. Começamos bem, mas perdemos o Campeonato Gaúcho para o co-irmão, que tinha um time visivelmente mais fraco, em dois empates, em zero no Olímpico e em um gol no Beira-Rio. Não foi bom, admito.
Lá de Toronto, acompanhava os jogos, na medida do possível, ouvindo pelo rádio via internet. Iniciou o campenato brasileiro enquanto avançávamos na Libertadores. Chegou a Copa de Mundo, os campeonatos pararam para assistir a copa, e voltei ao Brasil. Em Porto Alegre, com o final da copa, o Inter jogou sua passagem para as semifinais da Libertadores da América com a LDU, base da seleção equatoriana. Havíamos perdido o primeiro jogo, ainda antes da copa, por dois a um. Assisti a vitória do Inter pela tevê.
Sou sócio do Inter desde 1999, quando foi montado um grande time cuja estrela principal era o Dunga, atual técnico da seleção brasileira. Com esse time, chegamos à semifinal da Copa do Brasil, contra o Juventude de Caxias do Sul, primeiro jogo lá, empate em zero e segundo jogo no Beira-Rio. Naqueles dias, dos dois jogos, eu não estava em Porto Alegre, e acompanhava via internet (e telefone). Na noite segundo do jogo (ia ser barbada, jogando em casa, etc) eu estava justamente voando de volta ao Brasil. Ao chegar em Guarulhos, enquanto esperava o vôo de conexão para Porto Alegre, corri para ver um jornal do dia. Na capa, Juventude 4 X 0 Inter…
Mas dizia que sou sócio desde 1999. Quando fui para Toronto, achei que não era justo eu ficar pagando mensalidade durante o tempo que não estava aqui, e suspendi minha associação. Quando voltei, estupidamente, achei que pareceria “oportunismo” me reassociar agora que o Inter estava quase na final da Libertadores. Besteira, já que quando o time estava por baixo eu sempre me mantive em dia com as mensalidades. Mas assim fiz. E me arrependi, claro.
Antes do primeiro jogo, em São Paulo, o Paulo – meu cunhado – me ligou perguntando se eu queria ir no jogo, pois ele tinha a chance de conseguir ingressos através de um colega de trabalho. Claro que sim, respondi. Eu tinha que ir no jogo final.
O jogo no Morumbi foi como todos sabem. Ganhamos de 2 x 1 com sobras. O resultado “saiu barato” para os paulistas, que certamente entraram em campo se considerando campeões. Arrogância tricolor, me disseram conhecidos. Faltava o último jogo, no Beira-Rio, e precisávamos apenas de um empate. O São Paulo, um grande time, tentando o tetracampeonato da América, mas com um retrospecto ruim contra o Inter. E nós, precisando de um empate, tentando superar a Síndrome da Tragédia, cultivada por episódios como os que eu citei acima. Não poderia ser mais tensa a decisão.
Com um número de associados acima de 44.000, todos com acesso livre ao estádio, o número de ingressos à venda era pequeno, e filas começaram a se formar três dias antes de iniciarem a venda dos mesmos. Tanto foi assim, que decidiram antecipá-las porque o número de pessoas na fila superava em muito o número de ingressos disponíveis. Loucura total. Cambistas vendiam ingressos com ágio de 800%! Ninguém queria perder a grande final.
Aquilo que era um ingresso certo, tornou-se dúvida. Que só seria desfeita momentos antes do jogo, porque o contato não os garantia e só saberia a poucas horas do início. Incerteza e ansiedade. O dia do jogo se aproximava e nenhuma informação nova. A única certeza é de que eu não poderia perder o jogo. Hora de acionar o plano B. Alguns telefonemas para tentar descobrir algum amigo de amigo que fosse sócio e por alguma razão não pudesse ir e me emprestasse sua carteira de sócio.
Falo, então, com um grande amigo de muito anos que oferece a sua carteira de sócio, porque achava que não iria chegar a tempo no estádio: estaria trabalhando numa cidade vizinha até às 20h, e os portões fechariam às 21h. Não teria tempo de entrar no estádio. “Se não posso ir, pelo menos alguém vai no meu lugar”, diz ele. Reluto em aceitar a oferta, pois não acho justo. Digo que aceito só em último caso, caso não consiga o ingresso.
Dia do jogo. Tensão no ar. Ruas tomadas por bandeiras, pessoas passam com a camisa do time. A sensação de ‘chegou a hora’ misturada pelo temor da ‘Síndrome da Tragédia’. Pela manhã, situação do ingresso ainda indefinida. Trabalho, mas o foco já está às margens do Rio Guaiba. Começo da tarde, vou para casa aguardar. Hora limite para acionar o plano B. Dezesseis horas, faltam seis horas para iniciar o jogo, e nada do telefonema salvador. Hora da ação.
Saio de casa e, no caminho, deixo uma mensagem para o meu cunhado: ‘Plano B em andamento, qualquer alteração me avise que aborto a missão’. Nenhuma resposta. Pego a BR116 para a cidade vizinha e aí para o Hospital de Pronto Socorro local, onde está o amigo está de plantão e com a carteira de sócio. Chego no local, nos abraçamos e penso em perguntar se ele sabe o significado desse gesto dele. Não o faço: ele sabe. Nos despedimos e rumo de volta à capital dos gaúchos. Nesse meio tempo, converso com o meu cunhado e marcamos o local de encontro para irmos ao estádio. Pego um táxi até o local marcado, distante ainda do estádio. Somos três que vamos juntos. Chove uma garoa fina. Compramos capas de chuvas plásticas, basicamente um saco de lixo com corte para os braços e para a cabeça .
Chegamos três horas antes do início do jogo, e levo duas até entrar no estádio. Arquibancada superior, no lado oposto ao placar eletrônico. Nesse momento, já me perdi dos dois companheiros iniciais e estou junto com um amigo que veio de São Paulo apenas para o jogo e que vai voltar na manhã seguinte e um colega do hospital, colega esse que momentos antes de os times entrarem em campo pede para eu guardar o seu lugar, diz que vai ao banheiro e nunca mais o vemos. Não sei se passou mal e foi para casa, se nos desencontramos ou se encontrou algum outro amigo. Ainda agora não tenho notícias dele.
Começa o jogo, nervoso.
O São Paulo inicia melhor, pressiona. Aos poucos, o Inter equilibra o jogo e passa a ser melhor, até que Rogério Ceni (para quem cantávamos, antes do jogo, “ado, ado, ado, o Rogério é colorado”) solta a bola e Fernandão faz um a zero. Festa. Cantamos muito, minha voz já está nas última. Termina o primeiro tempo e somo campeões. “Faltam quarenta e cinco minutos para a América”, comento.
Começa o segundo tempo e o São Paulo empata. Tensão novamente, até que Tinga coloca o Inter na frente de novo. Festa, loucura. Na comemoração, Tinga leva o segundo cartão amarelo e é expulso. O ânimos arrefecem. Muricy Ramalho coloca atacantes, os paulistas pressionam até o novo empate: 2 x 2. Se fizer mais um gol, vai para prorrogação. Abel Braga coloca zagueiros. O lance agora é segurar. Chutão pra tudo o que é lado. Falta pouco, mas a pressão paulista é intensa. A única coisa que faço é fazer sinal e gritar ‘Acabou, acabou!”. O momento é tão tenso que antes do juiz apitar o final ninguém consegue gritar o tradional ‘É campeão’ nem mesmo o ‘ai, ai, aiai, tá chegando a hora’. Nada. Todos olhamos para o relógio esperando o final do jogo, alguns ainda temem a Síndrome da Tragédia, Abel Braga olha para cima e se pergunta ‘Por que tanto sofrimento, meu Deus?”.
Acaba o jogo. A América é vermelha.
O mundo sabe disso.
Festa, festa e festa.
“Ô Barcelona, pode esperar,
A tua hora vai chegar!”
Até.
Mas não restava nada a não ser desejar sucesso ao treinador, que pegava um time montado pelo agora técnico do São Paulo, Muricy Ramalho. Começamos bem, mas perdemos o Campeonato Gaúcho para o co-irmão, que tinha um time visivelmente mais fraco, em dois empates, em zero no Olímpico e em um gol no Beira-Rio. Não foi bom, admito.
Lá de Toronto, acompanhava os jogos, na medida do possível, ouvindo pelo rádio via internet. Iniciou o campenato brasileiro enquanto avançávamos na Libertadores. Chegou a Copa de Mundo, os campeonatos pararam para assistir a copa, e voltei ao Brasil. Em Porto Alegre, com o final da copa, o Inter jogou sua passagem para as semifinais da Libertadores da América com a LDU, base da seleção equatoriana. Havíamos perdido o primeiro jogo, ainda antes da copa, por dois a um. Assisti a vitória do Inter pela tevê.
Sou sócio do Inter desde 1999, quando foi montado um grande time cuja estrela principal era o Dunga, atual técnico da seleção brasileira. Com esse time, chegamos à semifinal da Copa do Brasil, contra o Juventude de Caxias do Sul, primeiro jogo lá, empate em zero e segundo jogo no Beira-Rio. Naqueles dias, dos dois jogos, eu não estava em Porto Alegre, e acompanhava via internet (e telefone). Na noite segundo do jogo (ia ser barbada, jogando em casa, etc) eu estava justamente voando de volta ao Brasil. Ao chegar em Guarulhos, enquanto esperava o vôo de conexão para Porto Alegre, corri para ver um jornal do dia. Na capa, Juventude 4 X 0 Inter…
Mas dizia que sou sócio desde 1999. Quando fui para Toronto, achei que não era justo eu ficar pagando mensalidade durante o tempo que não estava aqui, e suspendi minha associação. Quando voltei, estupidamente, achei que pareceria “oportunismo” me reassociar agora que o Inter estava quase na final da Libertadores. Besteira, já que quando o time estava por baixo eu sempre me mantive em dia com as mensalidades. Mas assim fiz. E me arrependi, claro.
Antes do primeiro jogo, em São Paulo, o Paulo – meu cunhado – me ligou perguntando se eu queria ir no jogo, pois ele tinha a chance de conseguir ingressos através de um colega de trabalho. Claro que sim, respondi. Eu tinha que ir no jogo final.
O jogo no Morumbi foi como todos sabem. Ganhamos de 2 x 1 com sobras. O resultado “saiu barato” para os paulistas, que certamente entraram em campo se considerando campeões. Arrogância tricolor, me disseram conhecidos. Faltava o último jogo, no Beira-Rio, e precisávamos apenas de um empate. O São Paulo, um grande time, tentando o tetracampeonato da América, mas com um retrospecto ruim contra o Inter. E nós, precisando de um empate, tentando superar a Síndrome da Tragédia, cultivada por episódios como os que eu citei acima. Não poderia ser mais tensa a decisão.
Com um número de associados acima de 44.000, todos com acesso livre ao estádio, o número de ingressos à venda era pequeno, e filas começaram a se formar três dias antes de iniciarem a venda dos mesmos. Tanto foi assim, que decidiram antecipá-las porque o número de pessoas na fila superava em muito o número de ingressos disponíveis. Loucura total. Cambistas vendiam ingressos com ágio de 800%! Ninguém queria perder a grande final.
Aquilo que era um ingresso certo, tornou-se dúvida. Que só seria desfeita momentos antes do jogo, porque o contato não os garantia e só saberia a poucas horas do início. Incerteza e ansiedade. O dia do jogo se aproximava e nenhuma informação nova. A única certeza é de que eu não poderia perder o jogo. Hora de acionar o plano B. Alguns telefonemas para tentar descobrir algum amigo de amigo que fosse sócio e por alguma razão não pudesse ir e me emprestasse sua carteira de sócio.
Falo, então, com um grande amigo de muito anos que oferece a sua carteira de sócio, porque achava que não iria chegar a tempo no estádio: estaria trabalhando numa cidade vizinha até às 20h, e os portões fechariam às 21h. Não teria tempo de entrar no estádio. “Se não posso ir, pelo menos alguém vai no meu lugar”, diz ele. Reluto em aceitar a oferta, pois não acho justo. Digo que aceito só em último caso, caso não consiga o ingresso.
Dia do jogo. Tensão no ar. Ruas tomadas por bandeiras, pessoas passam com a camisa do time. A sensação de ‘chegou a hora’ misturada pelo temor da ‘Síndrome da Tragédia’. Pela manhã, situação do ingresso ainda indefinida. Trabalho, mas o foco já está às margens do Rio Guaiba. Começo da tarde, vou para casa aguardar. Hora limite para acionar o plano B. Dezesseis horas, faltam seis horas para iniciar o jogo, e nada do telefonema salvador. Hora da ação.
Saio de casa e, no caminho, deixo uma mensagem para o meu cunhado: ‘Plano B em andamento, qualquer alteração me avise que aborto a missão’. Nenhuma resposta. Pego a BR116 para a cidade vizinha e aí para o Hospital de Pronto Socorro local, onde está o amigo está de plantão e com a carteira de sócio. Chego no local, nos abraçamos e penso em perguntar se ele sabe o significado desse gesto dele. Não o faço: ele sabe. Nos despedimos e rumo de volta à capital dos gaúchos. Nesse meio tempo, converso com o meu cunhado e marcamos o local de encontro para irmos ao estádio. Pego um táxi até o local marcado, distante ainda do estádio. Somos três que vamos juntos. Chove uma garoa fina. Compramos capas de chuvas plásticas, basicamente um saco de lixo com corte para os braços e para a cabeça .
Chegamos três horas antes do início do jogo, e levo duas até entrar no estádio. Arquibancada superior, no lado oposto ao placar eletrônico. Nesse momento, já me perdi dos dois companheiros iniciais e estou junto com um amigo que veio de São Paulo apenas para o jogo e que vai voltar na manhã seguinte e um colega do hospital, colega esse que momentos antes de os times entrarem em campo pede para eu guardar o seu lugar, diz que vai ao banheiro e nunca mais o vemos. Não sei se passou mal e foi para casa, se nos desencontramos ou se encontrou algum outro amigo. Ainda agora não tenho notícias dele.
Começa o jogo, nervoso.
O São Paulo inicia melhor, pressiona. Aos poucos, o Inter equilibra o jogo e passa a ser melhor, até que Rogério Ceni (para quem cantávamos, antes do jogo, “ado, ado, ado, o Rogério é colorado”) solta a bola e Fernandão faz um a zero. Festa. Cantamos muito, minha voz já está nas última. Termina o primeiro tempo e somo campeões. “Faltam quarenta e cinco minutos para a América”, comento.
Começa o segundo tempo e o São Paulo empata. Tensão novamente, até que Tinga coloca o Inter na frente de novo. Festa, loucura. Na comemoração, Tinga leva o segundo cartão amarelo e é expulso. O ânimos arrefecem. Muricy Ramalho coloca atacantes, os paulistas pressionam até o novo empate: 2 x 2. Se fizer mais um gol, vai para prorrogação. Abel Braga coloca zagueiros. O lance agora é segurar. Chutão pra tudo o que é lado. Falta pouco, mas a pressão paulista é intensa. A única coisa que faço é fazer sinal e gritar ‘Acabou, acabou!”. O momento é tão tenso que antes do juiz apitar o final ninguém consegue gritar o tradional ‘É campeão’ nem mesmo o ‘ai, ai, aiai, tá chegando a hora’. Nada. Todos olhamos para o relógio esperando o final do jogo, alguns ainda temem a Síndrome da Tragédia, Abel Braga olha para cima e se pergunta ‘Por que tanto sofrimento, meu Deus?”.
Acaba o jogo. A América é vermelha.
O mundo sabe disso.
Festa, festa e festa.
“Ô Barcelona, pode esperar,
A tua hora vai chegar!”
Até.
Inter, grande e justo campeão
Por Juca Kfouri
O futebol é um jogo maravilhoso.
E crudelíssimo.
Com seis minutos de um jogo tenso como era óbvio que seria, o São Paulo preocupou o Beira-Rio tingido de vermelho.
Danilo exigiu uma grandiosa defesa de Clemer num chute de fora da área e Lugano perdeu um gol feito, embaixo da trave.
O Inter, que parecia outra vez muito nervoso como no jogo diante do Libertad, tratou logo de equilibrar a partida, com lances perigosos nas bolas cruzadas, porém menos agudos que os dos paulistas.
A torcida colorada ajudava com seu comovente estímulo, mas, também, atrapalhava com o fumacê de seus sinalizadores, que obrigou a paralisação do jogo.
E foi num momento de relativa calmaria que Rogério Ceni, o mito, falhou dramaticamente, ao soltar uma bola cruzada e fácil, molhada, é verdade, para Fernandão fazer 1 a 0 e o Gigante da Beira-Rio explodir como uma bomba atômica.
O goleiro essencial dos dois tris e da campanha tricolor até aqui, falhara, como um ser humano qualquer.
O título inédito era cada vez mais palpável.
E o tetra precisaria de, pelo menos, dois gols.
Daí em diante, o Inter tomou mais conta da partida.
Rafael Sóbis não dava sossego na frente e Bolivar brilhava atrás, mas ele, e mais três colorados, tomaram cartão amarelo do ótimo árbitro argentino Horácio Elizondo, que apitou a abertura e a final da Copa da Alemanha, situação preocupante para o time gaúcho no segundo tempo.
Principalmente porque, aos 5 minutos, em posição legal, Fabão, como Edcarlos no primeiro jogo, fez o time paulista renascer, ao empatar o jogo que era bem controlado pelo Inter no reinício.
Fazia 410 minutos que o Inter não tomava um gol em casa na Libertadores.
Um calafrio percorreu as arquibancadas do Beira-Rio, geladas pelo tempo frio em Porto Alegre e quentes pela temperatura do jogo.
Danilo deu lugar a Lenílson e Richarlyson a Thiago.
O São Paulo avisava: tudo ou nada.
Mas, aos 20 minutos, um sonho virou realidade e outro acabou.
Rogério fez milagre na cabeçada de Fernandão, mas a bola sobrou para Tinga, símbolo deste Inter forte, fazer 2 a 1, seu primeiro, e merecido, gol na Libertadores.
Primeiro, único e extraordinariamente fundamental.
Por excesso de Elizondo e bobeada de Tinga, que levantou a camisa para mostrar uma mensagem religiosa, o gaúcho, que já tinha cartão amarelo, acabou expulso, seu último ato com a camisa vermelha, pois vai para o futebol alemão encantar os europeus.
Sai Edcarlos, entra Alex Dias.
Quem acredita em São Paulo, acredita em milagres.
Abel Braga tira Alex, bota Michel, aos 34.
O São Paulo pressiona, cai de pé, mas cai, como tem sido habitual no confronto direto entre os dois times, os melhores do país, os melhores das Américas.
Porque, como no tênis, parece que o jogo tricolor não encaixa com o colorado.
Melhor para os gaúchos, que não têm nada com isso.
Sóbis sai, entra Ediglê.
Faltavam só oito minutos para a América ficar vermelha de norte a sul.
Aos 39, Júnior chuta, Clemer também falha, menos que Rogério, mas falha, e Lenílson empata.
O Inter não podia tomar mais um.
A prorrogação, 10 contra 11, e sem ataque, seria um inferno.
Que jogo!
Que times!
Ah, Dunga colorado, se a Seleção jogasse assim na Copa.
Tomara que jogue daqui em diante.
Bola para o mato, bola para o rio, que o São Paulo não dá trégua, como um torniquete.
Dramático, fabuloso, épico!
Porque Clemer faz defesa fabulosa na cabeçada de Alex Dias, aos 44.
Na verdade, ninguém merecia perder. E até houve empate.
Mas o Inter ganhou.
E com justiça.
Porque foi campeão no Morumbi.
Para fazer a festa na sua casa.
Que venha o Barcelona, do gremista Ronaldinho.
Mais tarde escrevo sobre como foi o jogo, para quem esteve no estádio.
Até.
O futebol é um jogo maravilhoso.
E crudelíssimo.
Com seis minutos de um jogo tenso como era óbvio que seria, o São Paulo preocupou o Beira-Rio tingido de vermelho.
Danilo exigiu uma grandiosa defesa de Clemer num chute de fora da área e Lugano perdeu um gol feito, embaixo da trave.
O Inter, que parecia outra vez muito nervoso como no jogo diante do Libertad, tratou logo de equilibrar a partida, com lances perigosos nas bolas cruzadas, porém menos agudos que os dos paulistas.
A torcida colorada ajudava com seu comovente estímulo, mas, também, atrapalhava com o fumacê de seus sinalizadores, que obrigou a paralisação do jogo.
E foi num momento de relativa calmaria que Rogério Ceni, o mito, falhou dramaticamente, ao soltar uma bola cruzada e fácil, molhada, é verdade, para Fernandão fazer 1 a 0 e o Gigante da Beira-Rio explodir como uma bomba atômica.
O goleiro essencial dos dois tris e da campanha tricolor até aqui, falhara, como um ser humano qualquer.
O título inédito era cada vez mais palpável.
E o tetra precisaria de, pelo menos, dois gols.
Daí em diante, o Inter tomou mais conta da partida.
Rafael Sóbis não dava sossego na frente e Bolivar brilhava atrás, mas ele, e mais três colorados, tomaram cartão amarelo do ótimo árbitro argentino Horácio Elizondo, que apitou a abertura e a final da Copa da Alemanha, situação preocupante para o time gaúcho no segundo tempo.
Principalmente porque, aos 5 minutos, em posição legal, Fabão, como Edcarlos no primeiro jogo, fez o time paulista renascer, ao empatar o jogo que era bem controlado pelo Inter no reinício.
Fazia 410 minutos que o Inter não tomava um gol em casa na Libertadores.
Um calafrio percorreu as arquibancadas do Beira-Rio, geladas pelo tempo frio em Porto Alegre e quentes pela temperatura do jogo.
Danilo deu lugar a Lenílson e Richarlyson a Thiago.
O São Paulo avisava: tudo ou nada.
Mas, aos 20 minutos, um sonho virou realidade e outro acabou.
Rogério fez milagre na cabeçada de Fernandão, mas a bola sobrou para Tinga, símbolo deste Inter forte, fazer 2 a 1, seu primeiro, e merecido, gol na Libertadores.
Primeiro, único e extraordinariamente fundamental.
Por excesso de Elizondo e bobeada de Tinga, que levantou a camisa para mostrar uma mensagem religiosa, o gaúcho, que já tinha cartão amarelo, acabou expulso, seu último ato com a camisa vermelha, pois vai para o futebol alemão encantar os europeus.
Sai Edcarlos, entra Alex Dias.
Quem acredita em São Paulo, acredita em milagres.
Abel Braga tira Alex, bota Michel, aos 34.
O São Paulo pressiona, cai de pé, mas cai, como tem sido habitual no confronto direto entre os dois times, os melhores do país, os melhores das Américas.
Porque, como no tênis, parece que o jogo tricolor não encaixa com o colorado.
Melhor para os gaúchos, que não têm nada com isso.
Sóbis sai, entra Ediglê.
Faltavam só oito minutos para a América ficar vermelha de norte a sul.
Aos 39, Júnior chuta, Clemer também falha, menos que Rogério, mas falha, e Lenílson empata.
O Inter não podia tomar mais um.
A prorrogação, 10 contra 11, e sem ataque, seria um inferno.
Que jogo!
Que times!
Ah, Dunga colorado, se a Seleção jogasse assim na Copa.
Tomara que jogue daqui em diante.
Bola para o mato, bola para o rio, que o São Paulo não dá trégua, como um torniquete.
Dramático, fabuloso, épico!
Porque Clemer faz defesa fabulosa na cabeçada de Alex Dias, aos 44.
Na verdade, ninguém merecia perder. E até houve empate.
Mas o Inter ganhou.
E com justiça.
Porque foi campeão no Morumbi.
Para fazer a festa na sua casa.
Que venha o Barcelona, do gremista Ronaldinho.
Mais tarde escrevo sobre como foi o jogo, para quem esteve no estádio.
Até.
domingo, agosto 13, 2006
A Sopa 06/04
Muitos assuntos, muitas preocupações.
Os dias parecem ainda mais repletos de fatos que merecem nossa atenção e reflexão, não? Claro que sim. E não só no plano local, a cidade em que voltei a viver, mas também no plano regional, nacional e internacional. Só que, no fundo, continua tudo igual, ao mesmo tempo em que tudo é bem diferente. É aquela impressão de que tudo está perdido, não tem mais volta, que toma conta das pessoas vez que outra. E, nesse contexto, não há como não ficar ansioso.
Eu não fico, claro, mas não estamos falando de mim. Veja só o possível atentado que foi abortado pelo serviço secreto inglês, e que explodiria dez aviões a caminho dos Estados Unidos. Loucura total. Não só isso: se procurarmos bem, vamos encontrar pessoas justificando a idéia de alguma forma. E que fique bem claro: nenhuma forma de terrorismo se justifica, nunca. E não diferencio o terrorismo de grupos – como os que realizaram os atentados de 11 de setembro – com o de estados, que “pecam” por ação, como os Estados Unidos invadindo o Afeganistão e o Iraque (assunto já batido?) ou Israel fazendo o mesmo no Líbano, ou pecam por omissão, o que acontece com o Brasil, que por conta de politicagem está perdendo a guerra (e o controle do estado) para facções criminosas, como no estado de São Paulo.
E são tempos loucos, absurdos, porque parece que só se combate loucura com loucura, como no caso da avó (ou tia, ou mãe, não importa) que teve que tomar o leite da mamadeira do neto (ou sobrinho ou filho) para provar que não estava transportando explosivos líquidos. Ridículo? Certamente, até acontecer alguma coisa. Como podem ver, as atualidades estão se impondo sobre nós e impedindo a abstração, o culto do idílico. Não há como viver em fantasia com a realidade batendo em nossa porta o tempo todo.
De todos os assuntos, contudo, um tem exigido foco e atenção constantes, o tempo todo. Sanguessugas, corrupção, eleições, guerras, crime organizado, Superman Returns, nada disso é páreo para o assunto do momento.
A Taça Libertadores da América.
São Paulo e Internacional estão decidindo o campeonato da América em duas partidas, uma na semana que passou e outra na próxima quarta-feira. A primeira foi no Morumbi e a segunda será no Beira-Rio. Na primeira, contra uma convicção generalizada de boa parte do país, que por desconhecimento ou soberba dava como certa a vitória – até com facilidade – do time paulista, o Inter, jogando na casa do adversário, fez 2X1, jogando muito melhor.
No próximo jogo, portanto, o Inter será campeão até com um empate. Os ingressos já estão esgotados desde ontem. Há um clima de tensão no ar, em Porto Alegre. Nada está definido. Ninguém ganha jogo de véspera.
Sexta-feira passada, enquanto aguardávamos o começo de uma reunião, conversava com um conhecido, que dizia que o Inter já era campeão, ao que respondi: não é campeão, nada. O jogo vai ser muito difícil. Só vamos cantar vitória ao 42 minutos do segundo tempo e se o Inter estiver ganhando de dois a zero. Antes disso, só tensão.
Até quarta-feira, portanto, não me pergunte sobre mais nada. E, caso o Inter seja campeão, favor me recolher em algum canto da cidade. Como me reconhecer? Eu vou ser o cara alto e careca vestindo uma camisa do Inter e nada mais.
Putz, será que isso foi uma promessa?
Até.
Os dias parecem ainda mais repletos de fatos que merecem nossa atenção e reflexão, não? Claro que sim. E não só no plano local, a cidade em que voltei a viver, mas também no plano regional, nacional e internacional. Só que, no fundo, continua tudo igual, ao mesmo tempo em que tudo é bem diferente. É aquela impressão de que tudo está perdido, não tem mais volta, que toma conta das pessoas vez que outra. E, nesse contexto, não há como não ficar ansioso.
Eu não fico, claro, mas não estamos falando de mim. Veja só o possível atentado que foi abortado pelo serviço secreto inglês, e que explodiria dez aviões a caminho dos Estados Unidos. Loucura total. Não só isso: se procurarmos bem, vamos encontrar pessoas justificando a idéia de alguma forma. E que fique bem claro: nenhuma forma de terrorismo se justifica, nunca. E não diferencio o terrorismo de grupos – como os que realizaram os atentados de 11 de setembro – com o de estados, que “pecam” por ação, como os Estados Unidos invadindo o Afeganistão e o Iraque (assunto já batido?) ou Israel fazendo o mesmo no Líbano, ou pecam por omissão, o que acontece com o Brasil, que por conta de politicagem está perdendo a guerra (e o controle do estado) para facções criminosas, como no estado de São Paulo.
E são tempos loucos, absurdos, porque parece que só se combate loucura com loucura, como no caso da avó (ou tia, ou mãe, não importa) que teve que tomar o leite da mamadeira do neto (ou sobrinho ou filho) para provar que não estava transportando explosivos líquidos. Ridículo? Certamente, até acontecer alguma coisa. Como podem ver, as atualidades estão se impondo sobre nós e impedindo a abstração, o culto do idílico. Não há como viver em fantasia com a realidade batendo em nossa porta o tempo todo.
De todos os assuntos, contudo, um tem exigido foco e atenção constantes, o tempo todo. Sanguessugas, corrupção, eleições, guerras, crime organizado, Superman Returns, nada disso é páreo para o assunto do momento.
A Taça Libertadores da América.
São Paulo e Internacional estão decidindo o campeonato da América em duas partidas, uma na semana que passou e outra na próxima quarta-feira. A primeira foi no Morumbi e a segunda será no Beira-Rio. Na primeira, contra uma convicção generalizada de boa parte do país, que por desconhecimento ou soberba dava como certa a vitória – até com facilidade – do time paulista, o Inter, jogando na casa do adversário, fez 2X1, jogando muito melhor.
No próximo jogo, portanto, o Inter será campeão até com um empate. Os ingressos já estão esgotados desde ontem. Há um clima de tensão no ar, em Porto Alegre. Nada está definido. Ninguém ganha jogo de véspera.
Sexta-feira passada, enquanto aguardávamos o começo de uma reunião, conversava com um conhecido, que dizia que o Inter já era campeão, ao que respondi: não é campeão, nada. O jogo vai ser muito difícil. Só vamos cantar vitória ao 42 minutos do segundo tempo e se o Inter estiver ganhando de dois a zero. Antes disso, só tensão.
Até quarta-feira, portanto, não me pergunte sobre mais nada. E, caso o Inter seja campeão, favor me recolher em algum canto da cidade. Como me reconhecer? Eu vou ser o cara alto e careca vestindo uma camisa do Inter e nada mais.
Putz, será que isso foi uma promessa?
Até.
sábado, agosto 12, 2006
sexta-feira, agosto 11, 2006
PicturaPixel
Está no ar o número 2 da eletronic photomagazine PicturaPixel. É uma revista eletrônica dedicada à fotografia.
Vale a visita, e muito.
Até.
Vale a visita, e muito.
Até.
quinta-feira, agosto 10, 2006
O melhor
quarta-feira, agosto 09, 2006
Ando em círculos
Ando em círculos: corro, corro, e estou sempre ao redor dos mesmos assuntos e interesses. Pareço um eterno saudosista, e talvez até o seja, mas não acho isto tão ruim. Provavelmente não seja da forma que alguém possa estar imaginando.
Saudosista, sim, mas não com o sentido de estar preso ao passado: me considero mais próximo a alguém que não quer esquecer do que a alguém que quer voltar a situações já vividas. Concordo que seria uma grande tentação poder refazer algumas coisas que fiz de errado há muito tempo, tomar algumas decisões ou atitudes de maneira mais adequada, digamos assim. Mas a certeza de que, na hipótese de voltar no tempo e fazer algumas coisas de maneira diferente, eu não estaria onde estou e nem como estou, me faz aceitar tranquilamente a idéia de que – no final das contas – o caminho que trilhei foi muito bom.
Voltando à idéia de saudosismo, prefiro me considerar alguém que tem a missão de preservar a memória daquilo que vivi, como experiência individual e coletiva, também com o intuito de me preservar de cometer os mesmos erros sempre, destino a que está condenado alguém – uma nação, se quiserem – que não tem memória. Talvez seja esse o maior defeito que pode existir: não aprender com as próprias – e também dos outros – experiências.
Sei lá.
Até
Saudosista, sim, mas não com o sentido de estar preso ao passado: me considero mais próximo a alguém que não quer esquecer do que a alguém que quer voltar a situações já vividas. Concordo que seria uma grande tentação poder refazer algumas coisas que fiz de errado há muito tempo, tomar algumas decisões ou atitudes de maneira mais adequada, digamos assim. Mas a certeza de que, na hipótese de voltar no tempo e fazer algumas coisas de maneira diferente, eu não estaria onde estou e nem como estou, me faz aceitar tranquilamente a idéia de que – no final das contas – o caminho que trilhei foi muito bom.
Voltando à idéia de saudosismo, prefiro me considerar alguém que tem a missão de preservar a memória daquilo que vivi, como experiência individual e coletiva, também com o intuito de me preservar de cometer os mesmos erros sempre, destino a que está condenado alguém – uma nação, se quiserem – que não tem memória. Talvez seja esse o maior defeito que pode existir: não aprender com as próprias – e também dos outros – experiências.
Sei lá.
Até
terça-feira, agosto 08, 2006
Nostalgia
Lendo o jornal - papel impresso, nada virtual - de todos os dias, me deparei com a seguinte frase, parte de uma crônica que falava dos bondes de Buenos Aires:
"Uma das desvantagens da idade madura é a de ter saudade do que já não somos".
Mais ou menos.
Vou pensar sobre isso.
Até.
"Uma das desvantagens da idade madura é a de ter saudade do que já não somos".
Mais ou menos.
Vou pensar sobre isso.
Até.
domingo, agosto 06, 2006
A Sopa 06/03
Eu tenho culpa, eu sei.
Mas isso não é importante. A situação para a qual quero chamar a sua atenção, leitor, é outra: estou sendo tolhido em minha cidadania. Não vão me deixar votar nas eleições desse ano. Cancelaram meu título de eleitor!
Poderia dizer que fizeram isso com medo que minhas opiniões influenciassem uma grande parcela do eleitorado e – desta forma – eu mudasse o rumo do pleito eleitoral. Mas acho que a explicação real deve ser dita: eu estava em débito com a justiça. Eleitoral, claro. Como estava no Canadá, deixei de votar para prefeito em 2004 e quando estive no Brasil, em dezembro do mesmo ano, não fui justificar minha ausência; e o mesmo se repetiu com o plebiscito do ano passado. Três eleições sem votar (cada turno conta como uma) e sem justificar, cancelam o título.
Simples explicação, fácil resolução. Multa de R$ 10,34 e devo voltar ao Tribunal depois das eleições para regularizar meu título. Tudo tranqüilo, pensei, além disso não vou precisar votar. Oba. Vamos para a praia no dia das eleições, não há necessidade de preocupação com nada.
Só um pouquinho... não vou votar?! Puta que o pariu, não vou votar! Estou sendo posto à margem do processo, estou sendo privado de exercer minha cidadania de forma completa. Pago meus impostos, estou em dia com minhas obrigações de contribuinte, e não posso escolher os meus representantes? Ruim, muito ruim (mesmo que muitos discordem...).
Tenho que aproveitar, então, para “transformar o limão em limonada”. Vou poder pensar e refletir sobre a situação do país, dar palpites – mesmo que para os meus poucos leitores – que não vão mudar a vida de ninguém, mas podem fazer pensar também. Essa vai ser a minha parte, olhar de fora, com uma visão de perspectiva das coisas. Como quando, ainda em Toronto, jantando com alguns colegas médicos que estavam na cidade para um curso, acabamos por discutir política.
Argumento vai, argumento vem – e sei que já falei disso aqui – e um imbecil disse que eu não sabia do que estava falando porque não estava morando no Brasil. Entre dar um soco nele e responder educadamente, preferi a segunda opção – apesar de tudo, sou um cara civilizado – e disse que eu, exatamente por estar olhando tudo de fora, sabia de Brasil MUITO mais que ele, que estava vivendo as coisas no dia-a-dia.
Agora estou aqui, no “olho do furacão”, mas ainda com um olhar de estrangeiro sobre a situação geral, e vou tentar aqui propor umas idéias pata discutirmos juntos.
Prontos?
Eu estou.
Até.
Mas isso não é importante. A situação para a qual quero chamar a sua atenção, leitor, é outra: estou sendo tolhido em minha cidadania. Não vão me deixar votar nas eleições desse ano. Cancelaram meu título de eleitor!
Poderia dizer que fizeram isso com medo que minhas opiniões influenciassem uma grande parcela do eleitorado e – desta forma – eu mudasse o rumo do pleito eleitoral. Mas acho que a explicação real deve ser dita: eu estava em débito com a justiça. Eleitoral, claro. Como estava no Canadá, deixei de votar para prefeito em 2004 e quando estive no Brasil, em dezembro do mesmo ano, não fui justificar minha ausência; e o mesmo se repetiu com o plebiscito do ano passado. Três eleições sem votar (cada turno conta como uma) e sem justificar, cancelam o título.
Simples explicação, fácil resolução. Multa de R$ 10,34 e devo voltar ao Tribunal depois das eleições para regularizar meu título. Tudo tranqüilo, pensei, além disso não vou precisar votar. Oba. Vamos para a praia no dia das eleições, não há necessidade de preocupação com nada.
Só um pouquinho... não vou votar?! Puta que o pariu, não vou votar! Estou sendo posto à margem do processo, estou sendo privado de exercer minha cidadania de forma completa. Pago meus impostos, estou em dia com minhas obrigações de contribuinte, e não posso escolher os meus representantes? Ruim, muito ruim (mesmo que muitos discordem...).
Tenho que aproveitar, então, para “transformar o limão em limonada”. Vou poder pensar e refletir sobre a situação do país, dar palpites – mesmo que para os meus poucos leitores – que não vão mudar a vida de ninguém, mas podem fazer pensar também. Essa vai ser a minha parte, olhar de fora, com uma visão de perspectiva das coisas. Como quando, ainda em Toronto, jantando com alguns colegas médicos que estavam na cidade para um curso, acabamos por discutir política.
Argumento vai, argumento vem – e sei que já falei disso aqui – e um imbecil disse que eu não sabia do que estava falando porque não estava morando no Brasil. Entre dar um soco nele e responder educadamente, preferi a segunda opção – apesar de tudo, sou um cara civilizado – e disse que eu, exatamente por estar olhando tudo de fora, sabia de Brasil MUITO mais que ele, que estava vivendo as coisas no dia-a-dia.
Agora estou aqui, no “olho do furacão”, mas ainda com um olhar de estrangeiro sobre a situação geral, e vou tentar aqui propor umas idéias pata discutirmos juntos.
Prontos?
Eu estou.
Até.
quinta-feira, agosto 03, 2006
À Noite
quarta-feira, agosto 02, 2006
Minha mais recente coluna no Brasil News
Como já falei mais de uma vez, sou colunista (agora correspondente internacional) do jornal Brasil News, de Toronto. Em português, é feito para as comunidades que falam a língua de Camões. Minha coluna se chama, obviamente, 'A Sopa no Exílio'.
Reproduzo abaixo a minha mais recente coluna.
A Volta
Não sei quanto a todos os outros milhares de brasileiros que, por qualquer razão, fizeram o caminho inverso ao habitual, quando se fala em Canadá, isto é, voltaram ao Brasil, mas – até aqui – tem sido um processo natural. Sem traumas ou dramas.
Certo, admito que minha situação é diferente de alguém que é obrigado a voltar ao Brasil contra sua vontade. Eu quis voltar para casa, mesmo já me sentindo em casa em Toronto depois de dois anos morando na cidade que é conhecida como a mais cosmopolita do mundo. Logo, voltar não foi um choque, um trauma. Foi a seqüência natural da minha história pessoal, afinal eu havia me mudado para Toronto em caráter transitório.
Todos diziam, contudo, que enfrentaria problemas de readaptação na volta. O Brasil estava muito pior: violência, corrupção, sujeira nas ruas, um povo mal-educado. Sempre ouvi tudo em silêncio, respeitando a opinião dos outros, mas me dando ao direito de discordar. Sim, eu sei que há violência, e que nesse momento vive-se uma acentuação dela (principalmente em São Paulo). O mesmo com relação à corrupção, mas minha impressão é que não está pior que antes, pois não sou hipócrita de pensar (e até dizer!) que antes não havia nada, ou que era em menor escala. Ou que o país está melhor que antes por causa dos últimos três anos e meio do governo atual, como tem gente por aí jurando de pés juntos.
Nem um extremo e nem outro: o Brasil continua mais ou menos igual a que era, com a diferença que se passaram dois anos desde que havia saído e, como disse o filósofo grego Heráclito, se não cruzamos duas vezes o mesmo rio, pois o rio (assim como nós) não é mais o mesmo, o país mudou nesse período. Mudanças sutis e lentas, como são as mudanças ao longo do tempo. Para melhor ou pior, podemos nos perguntar.
Depende de nós.
Até.
Reproduzo abaixo a minha mais recente coluna.
A Volta
Não sei quanto a todos os outros milhares de brasileiros que, por qualquer razão, fizeram o caminho inverso ao habitual, quando se fala em Canadá, isto é, voltaram ao Brasil, mas – até aqui – tem sido um processo natural. Sem traumas ou dramas.
Certo, admito que minha situação é diferente de alguém que é obrigado a voltar ao Brasil contra sua vontade. Eu quis voltar para casa, mesmo já me sentindo em casa em Toronto depois de dois anos morando na cidade que é conhecida como a mais cosmopolita do mundo. Logo, voltar não foi um choque, um trauma. Foi a seqüência natural da minha história pessoal, afinal eu havia me mudado para Toronto em caráter transitório.
Todos diziam, contudo, que enfrentaria problemas de readaptação na volta. O Brasil estava muito pior: violência, corrupção, sujeira nas ruas, um povo mal-educado. Sempre ouvi tudo em silêncio, respeitando a opinião dos outros, mas me dando ao direito de discordar. Sim, eu sei que há violência, e que nesse momento vive-se uma acentuação dela (principalmente em São Paulo). O mesmo com relação à corrupção, mas minha impressão é que não está pior que antes, pois não sou hipócrita de pensar (e até dizer!) que antes não havia nada, ou que era em menor escala. Ou que o país está melhor que antes por causa dos últimos três anos e meio do governo atual, como tem gente por aí jurando de pés juntos.
Nem um extremo e nem outro: o Brasil continua mais ou menos igual a que era, com a diferença que se passaram dois anos desde que havia saído e, como disse o filósofo grego Heráclito, se não cruzamos duas vezes o mesmo rio, pois o rio (assim como nós) não é mais o mesmo, o país mudou nesse período. Mudanças sutis e lentas, como são as mudanças ao longo do tempo. Para melhor ou pior, podemos nos perguntar.
Depende de nós.
Até.
terça-feira, agosto 01, 2006
Agosto
Tradicionalmente, agosto é considerado um mês ruim.
Agosto, 'mês do desgosto' ou 'mês do cachorro louco'.
Eu sempre achei isso uma bobagem, tanto é que casei, há quase dez anos no mês de agosto. Tá certo que foi dia 31 e à noite, praticamente setembro. Aliás foi isso o que eu disse para o padre quando fui marcar a igreja ele comentou que ninguém casava em agosto. De qualquer maneira, confesso que eu acreditei, durante um tempo, nos maus fluidos do mês que recém iniciou. Depois, quando a razão venceu, isso passou.
Ainda mais quando fiquei sabendo hoje, através de uma astróloga (outro dia explico), que o pior mês, esse ano e no ano que vem, devido a uma conjunção astral, vão ser os meses de setembro.
Será? O que vocês acham?
Até.
Agosto, 'mês do desgosto' ou 'mês do cachorro louco'.
Eu sempre achei isso uma bobagem, tanto é que casei, há quase dez anos no mês de agosto. Tá certo que foi dia 31 e à noite, praticamente setembro. Aliás foi isso o que eu disse para o padre quando fui marcar a igreja ele comentou que ninguém casava em agosto. De qualquer maneira, confesso que eu acreditei, durante um tempo, nos maus fluidos do mês que recém iniciou. Depois, quando a razão venceu, isso passou.
Ainda mais quando fiquei sabendo hoje, através de uma astróloga (outro dia explico), que o pior mês, esse ano e no ano que vem, devido a uma conjunção astral, vão ser os meses de setembro.
Será? O que vocês acham?
Até.
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