Eu tenho culpa, eu sei.
Mas isso não é importante. A situação para a qual quero chamar a sua atenção, leitor, é outra: estou sendo tolhido em minha cidadania. Não vão me deixar votar nas eleições desse ano. Cancelaram meu título de eleitor!
Poderia dizer que fizeram isso com medo que minhas opiniões influenciassem uma grande parcela do eleitorado e – desta forma – eu mudasse o rumo do pleito eleitoral. Mas acho que a explicação real deve ser dita: eu estava em débito com a justiça. Eleitoral, claro. Como estava no Canadá, deixei de votar para prefeito em 2004 e quando estive no Brasil, em dezembro do mesmo ano, não fui justificar minha ausência; e o mesmo se repetiu com o plebiscito do ano passado. Três eleições sem votar (cada turno conta como uma) e sem justificar, cancelam o título.
Simples explicação, fácil resolução. Multa de R$ 10,34 e devo voltar ao Tribunal depois das eleições para regularizar meu título. Tudo tranqüilo, pensei, além disso não vou precisar votar. Oba. Vamos para a praia no dia das eleições, não há necessidade de preocupação com nada.
Só um pouquinho... não vou votar?! Puta que o pariu, não vou votar! Estou sendo posto à margem do processo, estou sendo privado de exercer minha cidadania de forma completa. Pago meus impostos, estou em dia com minhas obrigações de contribuinte, e não posso escolher os meus representantes? Ruim, muito ruim (mesmo que muitos discordem...).
Tenho que aproveitar, então, para “transformar o limão em limonada”. Vou poder pensar e refletir sobre a situação do país, dar palpites – mesmo que para os meus poucos leitores – que não vão mudar a vida de ninguém, mas podem fazer pensar também. Essa vai ser a minha parte, olhar de fora, com uma visão de perspectiva das coisas. Como quando, ainda em Toronto, jantando com alguns colegas médicos que estavam na cidade para um curso, acabamos por discutir política.
Argumento vai, argumento vem – e sei que já falei disso aqui – e um imbecil disse que eu não sabia do que estava falando porque não estava morando no Brasil. Entre dar um soco nele e responder educadamente, preferi a segunda opção – apesar de tudo, sou um cara civilizado – e disse que eu, exatamente por estar olhando tudo de fora, sabia de Brasil MUITO mais que ele, que estava vivendo as coisas no dia-a-dia.
Agora estou aqui, no “olho do furacão”, mas ainda com um olhar de estrangeiro sobre a situação geral, e vou tentar aqui propor umas idéias pata discutirmos juntos.
Prontos?
Eu estou.
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário