Muito, mas muito engraçado.
Até.
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sábado, setembro 30, 2006
sexta-feira, setembro 29, 2006
No domingo
Tirado do blog do Pedro Doria.
Para inglês ver
"Uma vitória convincente no Primeiro Turno poderia dar a Lula um mandato com alguma legitimidade, mas um mandato para quê? O programa publicado pelo PT e seus dois aliados eleitorais inexpressivos é um compêndio de promessas difusas que refletem os instintos à esquerda do partido e sua relutância para se comprometer com qualquer coisa arriscada antes da eleição. Lula parece compreender que algo será cobrado dele num segundo mandato, especialmente se o ambiente econômico internacional estiver menos clemente.
O que está contendo a economia brasileira são impostos e juros altos que são uma conseqüência dos gastos altos e inflexíveis do governo. Alguns políticos, como o ministro do planejamento Paulo Bernardo, dizem que o governo pretende enfrentar o problema após a eleição. Isto quer dizer, entre outras coisas: aumentar a flexibilidade do gasto federal, dos quais 90% são pré-fixads; quebrar a relação entre pensão pública e salário mínimo; e adotar um plano de longo termo para reduzir gastos públicos como percentual do PIB. Lula quer um plano nacional para ‘desenvolvimento sustentável’, o que sugere que ele pode estar disposto a reformas políticas não palatáveis."
É assim que a Economist nos vê.
Para inglês ver
"Uma vitória convincente no Primeiro Turno poderia dar a Lula um mandato com alguma legitimidade, mas um mandato para quê? O programa publicado pelo PT e seus dois aliados eleitorais inexpressivos é um compêndio de promessas difusas que refletem os instintos à esquerda do partido e sua relutância para se comprometer com qualquer coisa arriscada antes da eleição. Lula parece compreender que algo será cobrado dele num segundo mandato, especialmente se o ambiente econômico internacional estiver menos clemente.
O que está contendo a economia brasileira são impostos e juros altos que são uma conseqüência dos gastos altos e inflexíveis do governo. Alguns políticos, como o ministro do planejamento Paulo Bernardo, dizem que o governo pretende enfrentar o problema após a eleição. Isto quer dizer, entre outras coisas: aumentar a flexibilidade do gasto federal, dos quais 90% são pré-fixads; quebrar a relação entre pensão pública e salário mínimo; e adotar um plano de longo termo para reduzir gastos públicos como percentual do PIB. Lula quer um plano nacional para ‘desenvolvimento sustentável’, o que sugere que ele pode estar disposto a reformas políticas não palatáveis."
É assim que a Economist nos vê.
Dificuldades
Técnicas. Estão impedindo maiores escritos e fotos por aqui. Serão resolvidas. Em breve. Quem sabe amanhã.
Até
Até
quarta-feira, setembro 27, 2006
terça-feira, setembro 26, 2006
Oráculo
segunda-feira, setembro 25, 2006
A Sopa 06/10
Buenos Aires.
Conhecida como a mais européia das capitais latino-americanas, a “Paris do sul”, Buenos Aires havia perdido muito do seu encanto durante a grave crise econômica do início da década. A pobreza - fruto de anos de ilusão de uma política econômica que determinava a paridade da moeda argentina (austral, peso) com o dólar americano - havia tomado conta das ruas, e pedintes mendigavam em locais onde antes só se via a alta sociedade portenha.
O Brasil passou por problemas semelhantes, mas a falsa paridade do real com o dólar só durou até ter garantido a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso é passado, claro, e águas passadas não movem moinhos. Eu falava de Buenos Aires, e dizia que Buenos Aires havia perdido seu viço, sua aura européia, quando da crise que teve seus momentos mais intensos a partir de dezembro de 2001. Mas tal qual a mítica Fênix, ave que renascia de suas próprias cinzas, Buenos Aires ressucitou.
Ressucitou e vive de novo, com seus cafés cheios, como o lendário Café Tortoni, onde Jorge Luís Borges passava muitas de suas tardes, onde o tango e o jazz são ouvidos todos (ou quase todos) os dias. O Puerto Madero é uma jóia brilhando todas as noites, com seus restaurantes onde é servida a melhor carne do mundo (e isso dito por um gaúcho, o que não é pouco). Buenos Aires voltou a ser uma dama elegante que devemos cortejar com o que temos de melhor, pois pode ser uma amante inesquecível.
Nem tudo são flores, contudo. Ainda há pobreza, ainda vemos crianças e adultos pedindo esmolas nas ruas, mas não há sombra de dúvida de que a cidade está se refazendo, se transformando. Luta para recuperar o seu status e sua aura européia, e parece que está conseguindo. E nós, brasileiros, a invadimos.
É do falo que em breve.
Até.
Conhecida como a mais européia das capitais latino-americanas, a “Paris do sul”, Buenos Aires havia perdido muito do seu encanto durante a grave crise econômica do início da década. A pobreza - fruto de anos de ilusão de uma política econômica que determinava a paridade da moeda argentina (austral, peso) com o dólar americano - havia tomado conta das ruas, e pedintes mendigavam em locais onde antes só se via a alta sociedade portenha.
O Brasil passou por problemas semelhantes, mas a falsa paridade do real com o dólar só durou até ter garantido a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso é passado, claro, e águas passadas não movem moinhos. Eu falava de Buenos Aires, e dizia que Buenos Aires havia perdido seu viço, sua aura européia, quando da crise que teve seus momentos mais intensos a partir de dezembro de 2001. Mas tal qual a mítica Fênix, ave que renascia de suas próprias cinzas, Buenos Aires ressucitou.
Ressucitou e vive de novo, com seus cafés cheios, como o lendário Café Tortoni, onde Jorge Luís Borges passava muitas de suas tardes, onde o tango e o jazz são ouvidos todos (ou quase todos) os dias. O Puerto Madero é uma jóia brilhando todas as noites, com seus restaurantes onde é servida a melhor carne do mundo (e isso dito por um gaúcho, o que não é pouco). Buenos Aires voltou a ser uma dama elegante que devemos cortejar com o que temos de melhor, pois pode ser uma amante inesquecível.
Nem tudo são flores, contudo. Ainda há pobreza, ainda vemos crianças e adultos pedindo esmolas nas ruas, mas não há sombra de dúvida de que a cidade está se refazendo, se transformando. Luta para recuperar o seu status e sua aura européia, e parece que está conseguindo. E nós, brasileiros, a invadimos.
É do falo que em breve.
Até.
sexta-feira, setembro 22, 2006
quinta-feira, setembro 21, 2006
No destino
Os Perdidos já estao em seu destino. Assim que der, coloco fotos.
Uma dica: nao é na América do Norte.
Até.
PS - Esse lance do dossiê contra o Serra e o envolvimento do PT: isso é coisa de quadrilha, de máfia. Têm que prender esses caras e acho que nao seria exagero impugnar a candidatura do Lula. Loucura, loucura.ç
Até.
Uma dica: nao é na América do Norte.
Até.
PS - Esse lance do dossiê contra o Serra e o envolvimento do PT: isso é coisa de quadrilha, de máfia. Têm que prender esses caras e acho que nao seria exagero impugnar a candidatura do Lula. Loucura, loucura.ç
Até.
segunda-feira, setembro 18, 2006
domingo, setembro 17, 2006
A Sopa 06/09
Domingo à noite.
Final de semana agitado, de múltiplos compromissos. De trabalho e sociais. Chego a essa hora do dia e ainda tenho atividades a cumprir, desde escrever essa sopa de todos os domingos até terminar uns projetos para entregar amanhã. Não me queixo, contudo.
Assim como tenho essas atividades todas a cumprir até o final desse domingo que caminha para seus estertores, assuntos exigem de mim reflexão e silêncio. Com esses, lamentavelmente, tenho estado em débito, envolto que estou num turbilhão de atividades que mostram-se mais urgentes na lista de prioridades com que organizo-me mentalmente. Não sem culpa, ficam para depois, afinal o dia só tem vinte e quatro horas e – não mais morando sozinho – retomo ao meu antigo ritmo de sono de antes.
Aliás, acho que não tem a ver com estar morando sozinho ou não: acredito que haja uma relação direta com o colchão em que voltei a dormir. Não quero compará-lo com o que eu dormia em Toronto, afinal de contas não existe o menor termo de comparação… eu já havia me dado conta, há um bom tempo, que eu só percbia como era ruim dormir no sofá-cama em que eu dormia nas vezes em que dormia numa cama de verdade. Aconteceu cada vez que voltei para casa durante o tempo de exílio e também quando eu ficava em algum hotel. A diferença era tanta que eu ficava sinceramente admirado. Ainda assim, gostava de lá, da rotina de morar sozinho. Foi uma experiência boa, apesar de eu ter sempre tido em mente que, sei lá, se eu tivesse um infarto enquanto dormia, eu morreria lá e só me descobririam morto alguns dias depois quando o cheiro do meu cadáver se tornasse insuportável…
Tergiverso, tergiverso.
Pretendia falar sobre a estupidez do voto nulo, ou de por que acho que o Lula não deveria ser reeleito, ou ainda de que a solução para o Brasil é um pouco de intolerância, mas é domingo de noite e ainda tenho muito o que fazer, além do fato que preciso de mais tempo para refletir sobre esses assuntos e idéias.
Fica para outro dia.
Até.
Final de semana agitado, de múltiplos compromissos. De trabalho e sociais. Chego a essa hora do dia e ainda tenho atividades a cumprir, desde escrever essa sopa de todos os domingos até terminar uns projetos para entregar amanhã. Não me queixo, contudo.
Assim como tenho essas atividades todas a cumprir até o final desse domingo que caminha para seus estertores, assuntos exigem de mim reflexão e silêncio. Com esses, lamentavelmente, tenho estado em débito, envolto que estou num turbilhão de atividades que mostram-se mais urgentes na lista de prioridades com que organizo-me mentalmente. Não sem culpa, ficam para depois, afinal o dia só tem vinte e quatro horas e – não mais morando sozinho – retomo ao meu antigo ritmo de sono de antes.
Aliás, acho que não tem a ver com estar morando sozinho ou não: acredito que haja uma relação direta com o colchão em que voltei a dormir. Não quero compará-lo com o que eu dormia em Toronto, afinal de contas não existe o menor termo de comparação… eu já havia me dado conta, há um bom tempo, que eu só percbia como era ruim dormir no sofá-cama em que eu dormia nas vezes em que dormia numa cama de verdade. Aconteceu cada vez que voltei para casa durante o tempo de exílio e também quando eu ficava em algum hotel. A diferença era tanta que eu ficava sinceramente admirado. Ainda assim, gostava de lá, da rotina de morar sozinho. Foi uma experiência boa, apesar de eu ter sempre tido em mente que, sei lá, se eu tivesse um infarto enquanto dormia, eu morreria lá e só me descobririam morto alguns dias depois quando o cheiro do meu cadáver se tornasse insuportável…
Tergiverso, tergiverso.
Pretendia falar sobre a estupidez do voto nulo, ou de por que acho que o Lula não deveria ser reeleito, ou ainda de que a solução para o Brasil é um pouco de intolerância, mas é domingo de noite e ainda tenho muito o que fazer, além do fato que preciso de mais tempo para refletir sobre esses assuntos e idéias.
Fica para outro dia.
Até.
quinta-feira, setembro 14, 2006
Voto Nulo
Estava pensando naquelas pessoas que acham que estão protestando ao votar nulo.
O que elas estão fazendo, na verdade, é assinar um atestado de estupidez.
Nem assinando elas estão, provavelmente porque não sabem escrever. Ou ler. Ou pensar.
Outra hora falo mais sobre isso.
Até.
O que elas estão fazendo, na verdade, é assinar um atestado de estupidez.
Nem assinando elas estão, provavelmente porque não sabem escrever. Ou ler. Ou pensar.
Outra hora falo mais sobre isso.
Até.
quarta-feira, setembro 13, 2006
O Que Mata
É a impunidade. E a estupidez.
Desde o surgimento dos controles eletrônicos de velocidade, chamados por aqui de pardais, vozes influentes (colunistas de jornal, deputados, etc) têm se levantado em revolta contra o que sempre chamaram de “indústria da multa”. O argumento principal dessas pessoas é que aquilo está lá apenas para multar, e que a melhor saída é a educação.
Talvez em virtude disso, não estou certo, foi que surgiram placas avisando que haveria, em determinado trecho de uma rodovia, por exemplo, os tais controladores. Todo início de mês, nos jornais, é publicada uma lista de pontos em que fiscais do trânsito estarão controlando a velocidade em cada dia do dito mês. Avançando no afrouxamento da lei, na liberalização de tudo, em breve deverão estar sinalizados os locais onde estão os tais pardais. A mensagem é clara: corra, mas diminua para logo ali na frente que tem controle.
Enquanto isso, a cada fevereiro ou feriado, comemoramos os mortos nas estradas.
Dentro da cidade, o trânsito é terra de ninguém.
Não se respeita o sinal vermelho, estaciona-se onde se bem entende, conversões proibidas são feitas sem o menor pudor ou constrangimento, o pedestre rezar por sua vida ao atravessar uma rua. Ninguém – ou quase ninguém - é inocente.
Sem dúvida, somos muito mal educados.
A resposta para o problema, certamente, está em educação. Os futuros motoristas devem ser “doutrinados” com relação ao respeito à vida, a sua, a dos passageiros e a de todos os outros a sua volta, pedestres ou motorizados. Só que esse é um trabalho para dez, vinte anos. As mortes ocorrem agora, hoje, nesse momento. Para estancar essa sangria (sangue jovem, principalmente, que mancha nossas ruas e avenidas num fluxo contínuo de vidas perdidas), a saída é uma só: uma ação firme e rigorosa de todos, estado e sociedade civil. Esta última deve – como já faz, aliás – insistir nas campanhas de conscientização no trânsito, tentando reduzir essa macabra associação entre o álcool e a direção.
Ao estado, por outro lado, cabe cumprir o seu papel, omisso que é em aspectos vitais da vida social, como segurança, saúde e educação. O estado deve fazer cumprir as leis, e punir com rigor quem descumpri-la. Multa elevada é um dos caminhos. Não pode haver tolerância: o mínimo desrespeito deve ser punido. A dita “indústria multa” é slogan eleitoreiro, afinal – no caso dos controladores eletrônicos de velocidade – só é multado quem ultrapassa o limite permitido por lei naquele trecho.
Sejamos sérios, por favor.
Até.
Desde o surgimento dos controles eletrônicos de velocidade, chamados por aqui de pardais, vozes influentes (colunistas de jornal, deputados, etc) têm se levantado em revolta contra o que sempre chamaram de “indústria da multa”. O argumento principal dessas pessoas é que aquilo está lá apenas para multar, e que a melhor saída é a educação.
Talvez em virtude disso, não estou certo, foi que surgiram placas avisando que haveria, em determinado trecho de uma rodovia, por exemplo, os tais controladores. Todo início de mês, nos jornais, é publicada uma lista de pontos em que fiscais do trânsito estarão controlando a velocidade em cada dia do dito mês. Avançando no afrouxamento da lei, na liberalização de tudo, em breve deverão estar sinalizados os locais onde estão os tais pardais. A mensagem é clara: corra, mas diminua para logo ali na frente que tem controle.
Enquanto isso, a cada fevereiro ou feriado, comemoramos os mortos nas estradas.
Dentro da cidade, o trânsito é terra de ninguém.
Não se respeita o sinal vermelho, estaciona-se onde se bem entende, conversões proibidas são feitas sem o menor pudor ou constrangimento, o pedestre rezar por sua vida ao atravessar uma rua. Ninguém – ou quase ninguém - é inocente.
Sem dúvida, somos muito mal educados.
A resposta para o problema, certamente, está em educação. Os futuros motoristas devem ser “doutrinados” com relação ao respeito à vida, a sua, a dos passageiros e a de todos os outros a sua volta, pedestres ou motorizados. Só que esse é um trabalho para dez, vinte anos. As mortes ocorrem agora, hoje, nesse momento. Para estancar essa sangria (sangue jovem, principalmente, que mancha nossas ruas e avenidas num fluxo contínuo de vidas perdidas), a saída é uma só: uma ação firme e rigorosa de todos, estado e sociedade civil. Esta última deve – como já faz, aliás – insistir nas campanhas de conscientização no trânsito, tentando reduzir essa macabra associação entre o álcool e a direção.
Ao estado, por outro lado, cabe cumprir o seu papel, omisso que é em aspectos vitais da vida social, como segurança, saúde e educação. O estado deve fazer cumprir as leis, e punir com rigor quem descumpri-la. Multa elevada é um dos caminhos. Não pode haver tolerância: o mínimo desrespeito deve ser punido. A dita “indústria multa” é slogan eleitoreiro, afinal – no caso dos controladores eletrônicos de velocidade – só é multado quem ultrapassa o limite permitido por lei naquele trecho.
Sejamos sérios, por favor.
Até.
terça-feira, setembro 12, 2006
Trânsito
Achei que valia a pena deixar "na vitrine" mais tempo o texto que fala sobre o trânsito e impunidade.
Até.
Até.
segunda-feira, setembro 11, 2006
Perdidos
Depois de cinco meses, voltei a atualizar o Perdidos na Espace.
A viagem que estou narrando (junto com a Jacque) agora é de 2002, chamada "Alpes e Lagos". O por quê, meio óbvio, está explicado no texto e roteiro. As anteriores a essa, de maio/1999 e dezembro/2000, estão nos arquivos, de outubro/2004 a março/2005 e de março a outubro de 2005, respectivamente.
Confiram lá, tá bem legal (eu, ao menos, acho).
Até.
A viagem que estou narrando (junto com a Jacque) agora é de 2002, chamada "Alpes e Lagos". O por quê, meio óbvio, está explicado no texto e roteiro. As anteriores a essa, de maio/1999 e dezembro/2000, estão nos arquivos, de outubro/2004 a março/2005 e de março a outubro de 2005, respectivamente.
Confiram lá, tá bem legal (eu, ao menos, acho).
Até.
domingo, setembro 10, 2006
A Sopa 06/08
Quinta-feira, final de tarde.
Terminam – para mim, ao menos – as atividades científicas do dia no Simpósio Sul Americano de Clínica Médica, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Pego o carro e vou em direção ao hotel.
Em todo o trajeto que percorre uma das avenidas principais daquilo que eu imagino seja a cidade alta, a mesma que passa em frente ao Museu do Imigrante e ao Dall’Onder Grande Hotel e que obriga a entrar à direita em frente a um grande praça que tem uma edificação que lembra um barril de vinho, mas que na verdade é uma igreja, em todo o trajeto o trânsito é lento, e na calçada, junto aos carros e motos estacionados, estão dezenas – centenas, imagino – de jovens ouvindo música e conversando. Namorados, amigos, turmas inteiras se reúnem ali para conversar, tomar chimarrão.
Ainda nesta mesma avenida, um bar em uma esquina, com mesas na rua, lotado, e pessoas esperando de pé por uma mesa. Alguns ouvem música alto com o porta-malas do carro aberto. Alguns, não muitos, que fique claro. Ao mesmo tempo, quem não está parado, está circulando de carro. É um espaço de convivência social. E eu parecia um alienígena passando por ali, num feriado, de terno e gravata. Mas não é disso quero falar. Não pude deixar de comparar com o que eu já vivi e com o que é a vida hoje em grandes cidades.
Lembrei, em primeiro lugar, dos verões no litoral de minha adolescência. Era assim, tínhamos a rua, as calçadas – e, na orla, o calçadão – como locais de convívio social, ponto de encontro. Circulávamos durante o dia pelos calçadões e, à noite, ficávamos, quando não entrávamos em nenhum lugar, nos muros, de onde acompanhávamos o movimento com interesse e dividíamos histórias. Às vezes saíamos correndo do muro para um dos carros para responder à provocação de algum bobalhão que passava acelerando alto e queimando pneu, afinal todos éramos bobalhões, adolescentes típicos, mas essas são outras histórias para uma outra sopa. Mas eu falava de outros tempos, já perceberam.
Ao circular e testemunhar essa dinâmica social, me dei conta que isso ainda ocorre, como ocorria há quase vinte anos, mas talvez esteja restrito às cidades menores, onde ainda é possível a existência dessas grandes turmas. Em cidades grandes, capitais, esse tipo de convívio social já não é possível, por razões óbvias. Talvez hoje em dia não fosse possível o surgimento de uma turma do muro, como foi a nossa lá do final dos anos oitenta, quando passávamos noites em claro conversando em frente de casa, sentados no muro. Hoje matam para roubar um par de tênis.
Tempos tristes, esses.
Ou é só porque estou ficando velho.
Até.
Terminam – para mim, ao menos – as atividades científicas do dia no Simpósio Sul Americano de Clínica Médica, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Pego o carro e vou em direção ao hotel.
Em todo o trajeto que percorre uma das avenidas principais daquilo que eu imagino seja a cidade alta, a mesma que passa em frente ao Museu do Imigrante e ao Dall’Onder Grande Hotel e que obriga a entrar à direita em frente a um grande praça que tem uma edificação que lembra um barril de vinho, mas que na verdade é uma igreja, em todo o trajeto o trânsito é lento, e na calçada, junto aos carros e motos estacionados, estão dezenas – centenas, imagino – de jovens ouvindo música e conversando. Namorados, amigos, turmas inteiras se reúnem ali para conversar, tomar chimarrão.
Ainda nesta mesma avenida, um bar em uma esquina, com mesas na rua, lotado, e pessoas esperando de pé por uma mesa. Alguns ouvem música alto com o porta-malas do carro aberto. Alguns, não muitos, que fique claro. Ao mesmo tempo, quem não está parado, está circulando de carro. É um espaço de convivência social. E eu parecia um alienígena passando por ali, num feriado, de terno e gravata. Mas não é disso quero falar. Não pude deixar de comparar com o que eu já vivi e com o que é a vida hoje em grandes cidades.
Lembrei, em primeiro lugar, dos verões no litoral de minha adolescência. Era assim, tínhamos a rua, as calçadas – e, na orla, o calçadão – como locais de convívio social, ponto de encontro. Circulávamos durante o dia pelos calçadões e, à noite, ficávamos, quando não entrávamos em nenhum lugar, nos muros, de onde acompanhávamos o movimento com interesse e dividíamos histórias. Às vezes saíamos correndo do muro para um dos carros para responder à provocação de algum bobalhão que passava acelerando alto e queimando pneu, afinal todos éramos bobalhões, adolescentes típicos, mas essas são outras histórias para uma outra sopa. Mas eu falava de outros tempos, já perceberam.
Ao circular e testemunhar essa dinâmica social, me dei conta que isso ainda ocorre, como ocorria há quase vinte anos, mas talvez esteja restrito às cidades menores, onde ainda é possível a existência dessas grandes turmas. Em cidades grandes, capitais, esse tipo de convívio social já não é possível, por razões óbvias. Talvez hoje em dia não fosse possível o surgimento de uma turma do muro, como foi a nossa lá do final dos anos oitenta, quando passávamos noites em claro conversando em frente de casa, sentados no muro. Hoje matam para roubar um par de tênis.
Tempos tristes, esses.
Ou é só porque estou ficando velho.
Até.
sexta-feira, setembro 08, 2006
quinta-feira, setembro 07, 2006
quarta-feira, setembro 06, 2006
Seis de Setembro
Kaká
Conheci a Karina num elevador. Era o elevador do edifício onde moram os seus pais, e eu estava indo jantar na casa deles.
Entramos os dois no elevador e, entre o térreo e o nono andar, ela perguntou se eu era o Marcelo. Olhando bem para ela, não tive dúvidas: era a irmã da Jacque, a quem eu namorava há pouco mais de um mês. Era a primeira vez que eu ia jantar na casa dos meus futuros sogros, e também iriam no jantar a Karina e o Paulo, seu marido. Isso foi há pouco mais de dez anos, e parece que eu os conheço desde sempre.
Logo depois de nos conhecermos, passei a frequentar também a casa deles, e – além de sairmos freqüentemente – passávamos muito tempo lá com eles. Foi no apartamento deles onde planejamos a nossa primeira viagem juntos, em junho de 1995, quinze dias em que passamos uma semana na Flórida (nos parques da Disney) e depois fomos para Nova York, Washington e arredores. No final dos quinze dias, eu voltei (porque minhas férias terminavam) e eles foram (vieram, no caso) visitar o Canadá, sem conhecer Toronto, contudo.
No ano seguinte, logo após anunciarmos que íamos casar, a Kaká engravidou e nos convidaram, a Jacque e eu, para sermos padrinhos do bebê que recém haviam descoberto estar esperando, que nasceu em dezembro de 96, a minha muito amada afilhada Roberta.
E essa relação de amizade, companheirismo, parceria mesmo, vem desde lá. Por isso, entre as saudades que mais sinto por estar aqui, longe do sul, é também da Karina que, além de ser tudo o que falei, e ser mãe da Roberta e do Gabriel, é mãe de quase uma centena de pequenos mais, todos os alunos da Projeto Vida, a escola que é a sua cara.
Tudo isso, já falei pra ela antes, mas hoje reforço porque é seu aniversário.
Muitas felicidades e MUITOS anos de vida.
(texto publicado originalmente em 06/09/2005)
Até.
Conheci a Karina num elevador. Era o elevador do edifício onde moram os seus pais, e eu estava indo jantar na casa deles.
Entramos os dois no elevador e, entre o térreo e o nono andar, ela perguntou se eu era o Marcelo. Olhando bem para ela, não tive dúvidas: era a irmã da Jacque, a quem eu namorava há pouco mais de um mês. Era a primeira vez que eu ia jantar na casa dos meus futuros sogros, e também iriam no jantar a Karina e o Paulo, seu marido. Isso foi há pouco mais de dez anos, e parece que eu os conheço desde sempre.
Logo depois de nos conhecermos, passei a frequentar também a casa deles, e – além de sairmos freqüentemente – passávamos muito tempo lá com eles. Foi no apartamento deles onde planejamos a nossa primeira viagem juntos, em junho de 1995, quinze dias em que passamos uma semana na Flórida (nos parques da Disney) e depois fomos para Nova York, Washington e arredores. No final dos quinze dias, eu voltei (porque minhas férias terminavam) e eles foram (vieram, no caso) visitar o Canadá, sem conhecer Toronto, contudo.
No ano seguinte, logo após anunciarmos que íamos casar, a Kaká engravidou e nos convidaram, a Jacque e eu, para sermos padrinhos do bebê que recém haviam descoberto estar esperando, que nasceu em dezembro de 96, a minha muito amada afilhada Roberta.
E essa relação de amizade, companheirismo, parceria mesmo, vem desde lá. Por isso, entre as saudades que mais sinto por estar aqui, longe do sul, é também da Karina que, além de ser tudo o que falei, e ser mãe da Roberta e do Gabriel, é mãe de quase uma centena de pequenos mais, todos os alunos da Projeto Vida, a escola que é a sua cara.
Tudo isso, já falei pra ela antes, mas hoje reforço porque é seu aniversário.
Muitas felicidades e MUITOS anos de vida.
(texto publicado originalmente em 06/09/2005)
Até.
domingo, setembro 03, 2006
A Sopa 06/07
O Tempo.
Assim, com maiúsculas, respeito e admiração. É desta forma que me relaciono com a sua passagem, uma das inexorabilidades da vida assim como a morte. Mais, poderia dizer que o tempo é exatamente isso, a lenta e inevitável aproximação da morte.
Um forma de pensar, nada mais. Sem conseqüências práticas ou dramas. Alguém disse que começamos a morrer quando nascemos. Pode até ser verdade, mas é questão de que prisma que usamos para olhar o mundo. Não é o mesmo que o meu, certamente: prefiro olhar o mundo, a vida, com um conjunto de histórias para contar. É o que me define: contar histórias e agregar pessoas.
Pensava tudo isso porque na quinta que passou, 31/08, completei dez anos de casado. Vocês sabem, essas datas “redondas” são bons motivos para reflexões e reavaliações (como se eu não fizesse isso a todo o momento). Então, aproveitei um momento sozinho, em silêncio, para pensar como estava a vida e quem eu era.
O interessante é que, olhando para trás, revendo quem eu era há dez anos e quem sou hoje, vi que as mudanças não foram tão intensas quanto em outros momentos. Óbvia constatação, afinal já não era mais adolescente, e as mudanças, apesar de ocorrerem continuamente, não são – em geral – tão drásticas depois dessa fase de construção que é nossa tenra juventude. A grande constatação foi essa: há dez anos, eu já era quem eu sou hoje, e tudo o que vem acontecendo desde então é apenas aperfeiçoamento disso.
Como eu disse quando me perguntaram o que tinha representado a estada no Canadá para mim, disse – insisto nisso – que só o tempo poderá me dar uma idéia clara de tudo, mas que eu já sabia que tinha melhorado minhas virtudes e piorado meus defeitos, e tomara que isso seja uma coisa boa.
Até.
Assim, com maiúsculas, respeito e admiração. É desta forma que me relaciono com a sua passagem, uma das inexorabilidades da vida assim como a morte. Mais, poderia dizer que o tempo é exatamente isso, a lenta e inevitável aproximação da morte.
Um forma de pensar, nada mais. Sem conseqüências práticas ou dramas. Alguém disse que começamos a morrer quando nascemos. Pode até ser verdade, mas é questão de que prisma que usamos para olhar o mundo. Não é o mesmo que o meu, certamente: prefiro olhar o mundo, a vida, com um conjunto de histórias para contar. É o que me define: contar histórias e agregar pessoas.
Pensava tudo isso porque na quinta que passou, 31/08, completei dez anos de casado. Vocês sabem, essas datas “redondas” são bons motivos para reflexões e reavaliações (como se eu não fizesse isso a todo o momento). Então, aproveitei um momento sozinho, em silêncio, para pensar como estava a vida e quem eu era.
O interessante é que, olhando para trás, revendo quem eu era há dez anos e quem sou hoje, vi que as mudanças não foram tão intensas quanto em outros momentos. Óbvia constatação, afinal já não era mais adolescente, e as mudanças, apesar de ocorrerem continuamente, não são – em geral – tão drásticas depois dessa fase de construção que é nossa tenra juventude. A grande constatação foi essa: há dez anos, eu já era quem eu sou hoje, e tudo o que vem acontecendo desde então é apenas aperfeiçoamento disso.
Como eu disse quando me perguntaram o que tinha representado a estada no Canadá para mim, disse – insisto nisso – que só o tempo poderá me dar uma idéia clara de tudo, mas que eu já sabia que tinha melhorado minhas virtudes e piorado meus defeitos, e tomara que isso seja uma coisa boa.
Até.
sábado, setembro 02, 2006
Sarney e a Liberdade de Expressão (2)
O Sarney conseguiu tirar o blog da Alcinéa do ar.
Mas ela hospedou o blog no exterior.
A história repercute no exterior. Veja aqui.
Bom sábado a todos.
Até.
Mas ela hospedou o blog no exterior.
A história repercute no exterior. Veja aqui.
Bom sábado a todos.
Até.
sexta-feira, setembro 01, 2006
Sarney e a Liberdade de Expressão
A Sopa no Exílio se solidariza com a jornalista e blogueira Alcinéa Cavalcante que, entre outras atividades, é correspondente do Estadão em Macapá.
Tudo começou quando a jornalista fotografou e publicou em seu blog o muro acima, crime certamente hediondo. Sarney reagiu entrando na justiça pedindo a retirada do post. O TRE negou. Os advogados de Sarney insistem. Até agora, só conseguiram reunir centenas - talvez hoje já sejam milhares - de blogs na campanha virtual "Xô, Sarney", que desafia o coronel republicando o muro. Confiram toda história aqui.
PS - Espero que o Milton não fique chateado pelo fato de eu ter aderido à campanha de solidariedade à Alcinéa utilizando-me do post que ele publicou em seu blog... não foi por mal, juro.
Tudo começou quando a jornalista fotografou e publicou em seu blog o muro acima, crime certamente hediondo. Sarney reagiu entrando na justiça pedindo a retirada do post. O TRE negou. Os advogados de Sarney insistem. Até agora, só conseguiram reunir centenas - talvez hoje já sejam milhares - de blogs na campanha virtual "Xô, Sarney", que desafia o coronel republicando o muro. Confiram toda história aqui.
PS - Espero que o Milton não fique chateado pelo fato de eu ter aderido à campanha de solidariedade à Alcinéa utilizando-me do post que ele publicou em seu blog... não foi por mal, juro.
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