Carnavalescas.
Nem todas as histórias de carnaval acontecem no carnaval. Vocês sabem, o carnaval – muito mais que uma festa numa data do calendário – é praticamente um estado de espírito. Assim, de tempos em tempos, somos informados a respeito de acontecimentos que definitivamente são carnavalescos, independente da época do ano.
Como o bando de assaltantes que invadiu uma agência bancária para roubar um caixa eletrônico – tipo de delito que só consigo imaginar no Brasil – com pequeno guindaste e um caminhão para transportá-lo e o que eles acabaram levando era um terminal que só fornecia extratos! Aconteceu no mês de janeiro, mas todos sabemos que é um evento que deveria acontecer no carnaval.
Ou então uma evento trágico, mas que – no fundo – é carnavalesco. No interior de São Paulo, quatro jovens foram atropelados por um trem. Chocante, horrível, concordo. Detalhe: enquanto dormiam. Parece que os amigos estavam dormindo nos trilhos do trem. Dormindo! Cá entre nós: quem é que dorme nos trilhos do trem? Só posso imaginar num carnaval, e mesmo assim fazendo um esforço…
Essa última história, que não chegou aos noticiários por extremamente pessoal, aconteceu ontem com esse que vos escreve. Estava eu a tomar café na manhã do sábado de carnaval, lendo o jornal de ontem com as notícias de anteontem, quando escuto um forte ruído de algo batendo e, segundos após, ouço o barulho de algo batendo numa superfície metálica. Olho para a janela da cozinha, que está semi-aberta e com a cortina balançando, e dou por falta da cuia de chimarrão. Ato contínuo, vou à sacada para descobrir a mesma – com o suporte metálico que a sustentava de pé – caídos sobre o teto de zinco do vizinho do 2º andar (moro no 7º).
A minha cuia de chimarrão “atirou-se” de dentro da cozinha para o vazio, e cometeu o suicídio, concluo. Ou foi um tornado que a levou para Oz. Sinto que devo chamá-la postumamente de Dorothy.
Só no carnaval, só no carnaval…
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Sinais.
Meses atrás, tive uma visão e decidi que tinha uma missão a partir de agora: o meu desafio era chegar ao fim do mundo. Ushuaia, o extremo meridional do mundo, o sul do sul. De Kombi.
Até há bem pouco, aqueles a quem eu contava essa história riam meio de lado, céticos. Davam de ombros, imaginando que era mais um delírio da minha mente megalomaníaca. Em silêncio, humilde, aceitava tudo sabendo que eles não sabiam o que diziam, e esperando um sinal. Até essa semana.
Entramos, a Jacque e eu, numa livraria e demos de cara com o livro “Fé em Deus e Pé na Tábua – Decobrindo a Essência da Vida em uma Kombi”. Estava ali. O sinal.
Agora sei que estou certo.
Até.