domingo, maio 20, 2007

A Sopa 06/44

Slow food way of life.

O Slow Food Movement é uma organização eco-gastronômica internacional sem fins lucrativos, fundada em 1989, para servir de contraponto as fast foods e fast lifes, ao desaparecimento das tradições gastronômicas de cada lugar e para valorizar o interesse na comida que comemos, de onde vem, como é preparada, qual o seu sabor e como nossas escolhas alimentares afetam o resto do mundo. Que devemos aproveitar os prazeres da boa mesa ao mesmo tempo em que temos o dever de nos preocupar com o de onde vem, como é cultivado e preparado o alimento.

O movimento começou na Itália (onde mais?) com Carlo Petrini, jornalista, e seu manifesto foi escrito por Folco Portinari, poeta e jornalista italiano, e tem adeptos em vários países, trabalha junto com governos e com a ONU para a criação de políticas governamentais e programas sociais que valorizem o alimento, os produtores e as culturas locais. Começou como um clube de gourmets italianos inconformados com a abertura de um McDonald’s na Piazza di Spagna, em Roma, e a partir daí não parou de crescer.

Por que falo disso?

Porque ontem, belo sábado de sol no sul do mundo, fui, com a Luciana, vulgo Luzinha, colega de consultório, minha madrinha de casamento e amiga há quase vinte anos, num evento chamado ‘Mesa de Cinema’, no Santander Cultural, no centro de Porto Alegre. Foi conversando com ela, quando voltávamos para casa, que cunhamos a expressão que serve subtítulo a essa sopa.

Explico, explico.

O evento, já em seu terceiro ano, começou na serra do Rio Grande do Sul, primeiro em São Francisco de Paula e depois em Gramado, e agora teve sua segunda edição em Porto Alegre. A idéia é a de unir cinema e gastronomia, e cada edição compõe-se de três partes: exibição de um filme, um debate sobre o mesmo e terminando com uma refeição de certa forma relacionada ao filme. A edição de ontem começou às 11h com um coquetel seguido da exibição do filme “Um Bom Ano”, do Ridley Scott e com o Russel Crowe, um debate com um enólogo e, para encerrar, um almoço sob responsabilidade do chef francês Gérard Durand.

O filme é bem interessante, agradável, tem como pano de fundo os vin de garage, aqueles vinhos de pequenas vinícolas, com pequena produção e alta qualidade, feito de maneira e com cuidados quase artesanais, a expressão máxima da uva, segundo os entendidos. Tendo esse pano de fundo, o filme trata de uma aspiração que muitos têm, e que talvez seja mais forte em lugares muito industrializados, em que a rotina do dia-a-dia é muito corrida, não há tempo para quase nada, férias, finais de semana ou mesmo refeições tranqüilas, que é a de largar tudo e voltar a uma vida mais simples, quase poderia dizer uma volta ao campo.

Há um tempo penso no assunto, na questão da vida mais simples, que talvez a busca da sabedoria estivesse nisso, na volta do homem ao contato com a terra, com a natureza. Que a sabedoria estaria na agricultura para a subsistência, e que todo o resto seria supérfluo. O filme circula por aí, pelo contraste entre a vida corrida do sempre querer mais e a busca por aquilo que é realmente importante.

Após o filme – que recomendo - e o debate, fomos ao almoço, com pratos que nos remetiam a Provence, região francesa que – segundo o chef Gérard - tem alma, e regado por um belo vinho.

Ficamos lá das 11 às 17h. Tudo a ver com o Slow Food.

Tudo a ver com um sábado de sol.

Até.

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