Aproxima-se o final do ano.
Como sempre, a tentação de fazer retrospectivas do que passou pipoca por todos os lugares, por todas as gentes. Listas dos melhores e dos piores do ano surgem em revistas, jornais, sites da internet. Estamos quase fechando para balanço, nos preparando para começar do zero no próximo dia primeiro. Antes de iniciarem-se os feriados, contudo, a vida segue, mesmo que queiramos apenas pesar os prós e contras de 2008.
Aqui na província de São Pedro, no sul do mundo, um dos assuntos que tem tomado espaço nas notícias é sobre a morte do vice-presidente do conselho de medicina do Rio Grande do Sul assassinado por uma dupla que estava numa moto, com cinco tiros, quando saia de um restaurante aqui perto de casa. Vice-Presidente que havia sido presidente por muito tempo e que foi um dos pivôs de acaloradas discussões eleitorais no último ano. Como presidente, comprou brigas com outros médicos, governos municipais, estaduais e até nacionais por conta da defesa dos médicos.
Após o ocorrido, iniciou-se a investigação através da devassa de sua vida pública e privada, e sua reputação parece ir-se água abaixo à medida que vasculham sua intimidade. Fala-se muita coisa à boca pequena, descobrem-se vícios e desvios de conduta em sua vida pessoal, e isso se torna público (afinal, os jornais necessitam de manchetes). Uma das linhas de investigação leva ao fato de ser um jogador compulsivo, com grandes dívidas de jogo. Testemunhas relataram que a vítima “se transformava” quando jogava. Isso entre outros “vícios”.
Não sei se ele era ou não viciado em jogos, ou que fazia na sua vida intima, mas sei que ninguém tem nada com isso. A informação se ele era isso ou aquilo, ou não, só diz respeito à sua família. O que ele faz(ia) em sua vida privada não diz respeito a ninguém mais além dele.
Porém...
À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta, diz o ditado popular. O que me assusta nesse caso é ver trazidos à tona fatos que podem manchar a reputação de quem foi – durante muito tempo – a maior autoridade médica do estado. Casos de violações do código de ética médica, infrações profissionais, tudo é julgado pelo órgão de que foi corregedor e presidente. Sem julgamentos de valor, até porque não tenho (acho que ninguém tem) informações para tal, certamente é muito complicada a possibilidade de que quem era o responsável por zelar pelas condutas ético-profissionais dos médicos ter sido um jogador compulsivo e pode ter sido morto por causa de dívidas de jogo (uma das linhas de investigação).
Prato cheio para os advogados.
Até.
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