Agosto.
Por razões conhecidas, houve um momento da minha vida em que acreditei que o mês de agosto realmente era um mês “com maus fluidos”: foi numa noite de onze para doze de agosto de mil novecentos e noventa que estive envolvido (fui vítima) de um acidente de trânsito que me fez ficar doze dias em coma numa UTI e vinte e cinco dias ao todo no hospital. Tremenda má sorte, pode-se pensar, mas discordo, o que não vem ao caso no momento. O fato é que por um tempo acreditei que o mês em questão tinha sua parcela de culpa no processo.
Bobagem, da mesma forma que é bobagem acreditar que os anos terminados em número par são melhores que os outros, mas confesso que também já acreditei nisso. Mas isso também não é importante no momento. Quero falar da crença de que agosto – o chamado mês do cachorro louco – é de alguma forma pior do que os outros meses. Pura crendice, óbvio, mas assim são as pessoas, procuram explicações no além para o que não entendem. Somos assim, paciência.
Até que um dia, por circunstâncias alheias à nossa vontade, a Jacque e eu optamos por nos casar em agosto. Acontece que por questão de calendário de férias nossas e de colegas de trabalho, só poderíamos nos casar na primeira semana de setembro ou antes disso. O primeira sábado de setembro era dia sete, feriado nacional, e não era possível casar nessa data (ou a igreja já estava lotada, não lembro).
O fato é que decidimos nos casar no final de semana anterior, no dia 31/08, e quando fui conversar com o padre sobre a data escolhida, ele comentou que ninguém casava em agosto – tinham medo, parece – ao que respondi que trinta e um à noite já era praticamente setembro, não tinha problema. Casamos, num sábado cinzento e de muita chuva na hora da festa. Começava aí a ruir a minha implicância com agosto.
Que acabou completamente no dia vinte desse mês do ano passado, quando às 6h30 da manhã, quarta-feira, nasceu a Marina, minha filha com a Jacque.
O mundo estava completo, e agosto se tornou um dos mais belos meses do ano.
Até.
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