domingo, agosto 23, 2009

A Sopa 09/04

Sempre gostei muito dos versos “... e a rotina crescia como planta, e engolia metade do caminho...” da música ‘Perdidos no Espaço’, do primeiro disco da Legião Urbana, por dizerem algo – em minha opinião – extremamente verdadeiro. Mais ou menos o mesmo que constatar que, ao fazer o mesmo roteiro todos os dias, deixamos de perceber o que há no caminho a espera do destino final. Pode parecer confuso, mas é simples. Ao fazer as mesmas coisas todos os dias – a rotina – passamos a fazê-las mecanicamente, sem pensar. É o lado “ruim” da rotina. Não é o único, contudo. A rotina, em seu lado positivo, traz consigo uma sensação de segurança, de estabilidade.

Foi o que descobri nos meus primeiros dias no Canadá.

Cheguei a Toronto, para um período que seria de um a três anos, em agosto de 2004. Até que tudo se estabelecesse, local para morar, conta no banco, burocracias para receber a licença médica, o trabalho em si, foram cerca de vinte dias. Os dez primeiros foram os piores justamente pela falta de uma rotina, de saber o que, onde e como fazer.

Tudo saiu bem, posso dizer ao olhar para trás e lembrar como foram aqueles dias, e saber que deixei grandes amigos lá que vão me fazer visitar o Canadá de tempos em tempos é um prova disso. A vida aqui mudou por causa do período que passei lá. E eu mudei, obviamente.

Mas eu dizia que cheguei em Toronto numa cinzenta manhã de agosto de 2004. E era dia vinte. Ali um novo mundo descortinou-se para mim, a partir do que fiz e do que (de quem) me tornei após esse período no norte do mundo. Da mesma forma que foi num vinte de agosto, só que há um ano, que outro mundo abriu-se para mim: o nascimento da Marina, minha filha, fez a vida tornar-se mais doce e deu uma motivação e uma força imensas para tocar a vida e encarar as coisas.

Sabia que iam ser boas ambas as experiências, mas não tinha como medir a extensão de seus efeitos, o que ainda me surpreende.

A passagem dos cinco anos desde que fui para o Canadá quase passou em branco, em meio à correria dos últimos dias, em termos de trabalho e de todo o resto. Mas lembrei em tempo, e pude lembrar mesmo que rapidamente de algumas histórias de bons momentos passados, e a conclusão de que, uma vez mais, a vida é isso, histórias para contar.

Até.

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