Minha primeira vez.
Pois é, minha primeira vez foi em Paris, não faz muito tempo, e – como costumam ser muitas primeiras vezes – não foi uma experiência fantástica, apesar de eu saber que não irei esquecê-la. O interessante é que eu estava sozinho.
Falo do GPS.
O Global Positioning System é um sistema de navegação por satélite. Surgido em 1995, usado na aviação e navegação, tem aparelhos portáteis que cada vez mais usados por motoristas, em cidades e em estradas. Até hoje, nunca tinha utilizado em viagens, mais por preguiça do que qualquer outra coisa. Estranhamente, ainda sou fã dos mapas, e o Atlas Rodoviário da Michelin nunca havia me deixado na mão. Mas chega um momento em que temos de nos render ao futuro.
E havia chegado a minha vez.
Quando planejamos a viagem de férias que terminou há um a semana, desde o início nem cogitamos a possibilidade de não levar a Marina junto conosco, o que significava que a viagem seria um pouco diferente de outras, porque viajar com criança, e criança pequena, tem suas peculiaridades. Por isso, pensamos que seria bom termos conosco um GPS, para facilitar a navegação, nos indicando caminhos e também para nos ajudar com hotéis (endereços e tal). E, decididos pelo GPS, conseguimos um emprestado com um tio da Jacque e da Karina (que também foi junto) A Karina, não o tio...
Os primeiros dias da viagem foram passados em Paris, onde apenas caminhamos sem muito compromisso ou pressa, e sem a preocupação de visitar pontos turísticos. Paramos em muitas pracinhas, conhecemos alguns locais que ainda não conhecíamos, jantamos bem e tomamos ótimos vinhos a preços melhores ainda. O GPS seria utilizado a partir do momento em que pegássemos o carro. E isso ocorreu numa quarta-feira pela manhã.
Acordamos cedo, organizamos as coisas, tomamos café da manhã na boulangerie nossa de cada dia e nos dividimos: as meninas ficaram terminando as últimas arrumações e passeando com a Marina e eu fui buscar o carro na agência da AVIS. O endereço, rue Bixio, próximo ao Hotel des Invalides.
Há alguns anos atrás, já havia alugado um carro e retirado na mesma agência em que iria agora. Logo, tinha uma idéia de onde ficava o local. Vaga, mas idéia. De metrô, com uma única baldeação, fui até a estação que considerava a mais próxima de onde deveria ir. Ao sair da estação, com a tecnologia ao meu lado, liguei o GPS para que me guiasse até o endereço.
Não funcionou.
O pequeno aparelho tentava, tentava, tentava e não conseguia captar o sinal do satélite. Droga. Recorri ao mapa de Paris: não encontrei. Lembrando que quem tem boca vai à Roma, e apesar de querer ir apenas até a locadora de veículos, pedi informação a uma senhora que passava. Em francês perfeito, uma obviedade para uma senhora francesa, me deu a direção que, por não falar francês perfeito, entendi vagamente. Avançando na direção indicada, mas não muito certo disso, resolvi pedir informação a um cidadão que saía de um edifício: procurou seu iPhone e, como não encontrou, não podia me ajudar.
Prossegui e avistei dois policiais parados em uma esquina. Quem mais se não oficiais da lei para me ajudar? Ao me aproximar e perguntar a informação que precisava (“Rue Bixio, si vous plait?”), percebi que estava em meio a uma prisão por tráfico de drogas: havia um homem algemado que era revistado por uma policial e mais um à paisana. Observando a cena, a policial retirou do bolso do preso um saco cheio de comprimidos (“balas”). Em meio a tudo isso, o oficial me indicou a direção.
Que era exatamente oposta ao local do meu destino, fui descobrir isso logo depois, ao entrar em um café e perguntar mais uma vez. Após essa última informação, encontrei o meu destino.
O carro, um Citroen C4.
Ao entrar nele e ligar, o GPS funcionou. Não precisava, mas pedi e ele me levou rápida e facilmente ao hotel, onde as meninas me esperavam para seguirmos viagem em direção ao nosso primeiro destino fora de Paris.
Bruges, um desvio belga antes de desembarcarmos na Normandia.
Até.
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