Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
terça-feira, novembro 30, 2010
sábado, novembro 27, 2010
terça-feira, novembro 23, 2010
domingo, novembro 21, 2010
Porto Alegre, Novembro, Ano 2010
Não importa que Deus
Jogue pesadas moedas do céu
Vire sacolas de lixo
Pelo caminho
Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
Sob o luar do oriente
Fica na tua
Não importam vitórias
Grandes derrotas, bilhões de fuzis
Aço e perfume dos mísseis
Nos teus sapatos
Os chineses e os negros
Lotam navios e decoram canções
Fumam haxixe na esquina
Fica na tua
Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!
Não importa que Lennon
Arme no inferno a polícia civil
Mostre as orelhas de burro
Aos peruanos
Garibaldi delira
Puxa no campo um provável navio
Grita no mar farroupilha
Fica na tua
Não importa que os vikings
Queimem as fábricas do cone sul
Virem barris de bebidas
No rio da prata
Boitatá nos espera
Na encruzilhada da noite sem luz
Com sua fome encantada
Fica na tua
Poetas loucos de cara
Maldito loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!
Se um dia qualquer
Tudo pulsar num imenso vazio
Coisas saindo do nada
Indo pro nada
Se mais nada existir
Mesmo o que sempre chamamos real
E isso pra ti for tão claro
Que nem percebas
Se um dia qualquer
Ter lucidez for o mesmo que andar
E não notares que andas
O tempo inteiro
É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
Se ele não vem, não importa
Fica na tua
Videntes loucos de cara
Discrentes loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Latinos, deuses, gênios, santos, podres
Ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
Bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!
(Loucos de Cara, Vítor Ramil)
Jogue pesadas moedas do céu
Vire sacolas de lixo
Pelo caminho
Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
Sob o luar do oriente
Fica na tua
Não importam vitórias
Grandes derrotas, bilhões de fuzis
Aço e perfume dos mísseis
Nos teus sapatos
Os chineses e os negros
Lotam navios e decoram canções
Fumam haxixe na esquina
Fica na tua
Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!
Não importa que Lennon
Arme no inferno a polícia civil
Mostre as orelhas de burro
Aos peruanos
Garibaldi delira
Puxa no campo um provável navio
Grita no mar farroupilha
Fica na tua
Não importa que os vikings
Queimem as fábricas do cone sul
Virem barris de bebidas
No rio da prata
Boitatá nos espera
Na encruzilhada da noite sem luz
Com sua fome encantada
Fica na tua
Poetas loucos de cara
Maldito loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!
Se um dia qualquer
Tudo pulsar num imenso vazio
Coisas saindo do nada
Indo pro nada
Se mais nada existir
Mesmo o que sempre chamamos real
E isso pra ti for tão claro
Que nem percebas
Se um dia qualquer
Ter lucidez for o mesmo que andar
E não notares que andas
O tempo inteiro
É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
Se ele não vem, não importa
Fica na tua
Videntes loucos de cara
Discrentes loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Latinos, deuses, gênios, santos, podres
Ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
Bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!
Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!
(Loucos de Cara, Vítor Ramil)
sábado, novembro 20, 2010
sábado, novembro 13, 2010
terça-feira, novembro 09, 2010
segunda-feira, novembro 08, 2010
Ainda não sei
Eu sou meio lento, me perdoem.
Faço essa pequena confissão apenas para dizer que pode levar anos para que eu consiga assimilar o que aconteceu ontem à noite no estádio Beira-Rio, aqui mesmo em Porto Alegre. E eu estava lá.
Paul McCartney tocou em Porto Alegre. Todos sabem, quem pôde estar lá, esteve.
A ficha ainda não caiu.
Pode parecer meio bobo, mas nunca imaginei que veria Eleanor Rigby, ou Blackbird, Let it be, The Long and Winding Road, Hey Jude, Day Tripper, Yesterday, Jet, etc, sendo tocadas ao vivo pelo cara que as compôs. Pelo Paul! A sensação de irrealidade que se abateu em mim durante o show, como se eu estivesse num mundo paralelo onde um Beatle está tocando na minha cidade, perto da minha casa, tem explicação por aí.
Foi semelhante - não posso dizer em que proporção - ao que ocorreu uns anos atrás em um show do Chico Buarque, quando ele tocou "Quem te viu, quem te vê". Fiquei meio fora do ar, abobalhado.
Voltando ao show de ontem, a vida toda eu escutei as músicas do cara, até tocamos algumas na época da Banda da Sopa, então ver o cara ali, ele mesmo, tocando, foi uma experiência, assim, que não consigo descrever. Talvez um dia eu consiga.
Quando a ficha cair.
Até.
Faço essa pequena confissão apenas para dizer que pode levar anos para que eu consiga assimilar o que aconteceu ontem à noite no estádio Beira-Rio, aqui mesmo em Porto Alegre. E eu estava lá.
Paul McCartney tocou em Porto Alegre. Todos sabem, quem pôde estar lá, esteve.
A ficha ainda não caiu.
Pode parecer meio bobo, mas nunca imaginei que veria Eleanor Rigby, ou Blackbird, Let it be, The Long and Winding Road, Hey Jude, Day Tripper, Yesterday, Jet, etc, sendo tocadas ao vivo pelo cara que as compôs. Pelo Paul! A sensação de irrealidade que se abateu em mim durante o show, como se eu estivesse num mundo paralelo onde um Beatle está tocando na minha cidade, perto da minha casa, tem explicação por aí.
Foi semelhante - não posso dizer em que proporção - ao que ocorreu uns anos atrás em um show do Chico Buarque, quando ele tocou "Quem te viu, quem te vê". Fiquei meio fora do ar, abobalhado.
Voltando ao show de ontem, a vida toda eu escutei as músicas do cara, até tocamos algumas na época da Banda da Sopa, então ver o cara ali, ele mesmo, tocando, foi uma experiência, assim, que não consigo descrever. Talvez um dia eu consiga.
Quando a ficha cair.
Até.
sábado, novembro 06, 2010
quinta-feira, novembro 04, 2010
quarta-feira, novembro 03, 2010
Ainda sobre as eleições
Excesso de internet me deixa enjoado.
Isso acontece, de tempos em tempos, principalmente quando passo muito tempo lendo o que as pessoas escrevem nas redes sociais. Há um tempo, era o Orkut, do qual volta e meia eu tinha que “me desligar”, evitar ler o que escreviam em certas comunidades, para não me irritar demais. Pela simples intolerância das pessoas.
Hoje em dia, é o Facebook que me causa esse efeito, que fica exacerbado principalmente em período pós-eleitoral, quando vêm à tona as mais diversas formas de preconceito, incapacidade de convivência com o contraditório, dificuldade de aceitar uma maioria que pensa diferente, e a boa e velha baixa auto-estima brasileira.
Eu não votei na Dilma para presidente.
Tinha minhas razões para achar que o Serra era melhor candidato, e votei nele, não contra ela. Essa é um ponto importante: eu votei em quem eu achava o melhor, não para evitar que um partido ou uma pessoa se elegesse. Como em 2002 eu havia votado no Lula com convicção, agora achava que era hora da alternância no poder, e que o Serra era um candidato mais pronto para o cargo. Não foi o que achou a maioria. Ponto.
Acabou aqui a discussão.
A partir de agora, toda a minha torcida é para que a Dilma – que não é uma pessoa despreparada, longe disso – faça o melhor governo possível, e que daqui a quatro anos queiramos reelegê-la. Continuarei minha vida, trabalharei como sempre, continuarei crítico com relação ao que não concordo e apoiarei o que acho certo. Simples, tranqüilo.
Por outro lado...
Segunda-feira pela manhã, ao chegar ao hospital, fui até a Associação dos Médicos (do qual sou parte da diretoria) e lá, em dia de pouco movimento devido ao meio feriadão, estavam alguns poucos colegas. Enquanto checava e-mails no computador, ouvia a conversa, e um mais alterado dizia que logo a revista Veja ia ser fechada pelo governo, e o colunista Diogo Mainardi seria assassinado. Lembrei da eleição de 1989, quando diziam que, se o Lula fosse eleito, haveria a reforma urbana e famílias de sem teto invadiriam nossas casas e seria o caos. Só pude pensar que, mesmo depois de mais de vinte anos, as pessoas não aprendem.
O mesmo ocorre na internet, onde desde domingo têm pipocado, e tenho lido no Facebook, devido aos contatos mais diversos que tenho, inúmeras manifestações escatológicas (com o sentido de final de mundo) com relação à eleição do último domingo. Desde chamando o Brasil de país de merda (porque “não pensam como eu”, pelo visto) até gente ameaçando emigrar para outros países sem problemas, como – por exemplo – a Itália (que elege apenas pessoas honestas e com uma reputação ilibada, como o Berlusconi) ou a França (que não tem manifestações públicas ou greves ou conflitos).
Já disse outras vezes, e repito: somos um país muito jovem, e ainda estamos aprendendo a viver em sociedade, ainda atrás de justiça social e muito mais. Uma parcela dos que gritam mais alto é por medo de perderem privilégios. Ninguém gosta de perder nada, aliás (exceto peso, mas esse não é o caso), compreensível. Tenho certeza que não vai ser o fim do mundo, como não foi com a eleição do Lula.
Quanto ao governo Lula, não se pode negar que, apesar dos diversos problemas apresentados (alianças não muito recomendáveis, a ética indo por água abaixo em muitos momentos, mensalão, etc), foi um governo muito bom para muita gente, que saiu da miséria e passou a ter uma vida mais digna. Foi isso que reelegeu o governo, agora representado pela Dilma.
De novo: eu não votei na Dilma.
Mas espero que o governo da primeira mulher Presidente do Brasil seja lembrado pelo seu enorme sucesso. Torço mesmo.
Até.
Isso acontece, de tempos em tempos, principalmente quando passo muito tempo lendo o que as pessoas escrevem nas redes sociais. Há um tempo, era o Orkut, do qual volta e meia eu tinha que “me desligar”, evitar ler o que escreviam em certas comunidades, para não me irritar demais. Pela simples intolerância das pessoas.
Hoje em dia, é o Facebook que me causa esse efeito, que fica exacerbado principalmente em período pós-eleitoral, quando vêm à tona as mais diversas formas de preconceito, incapacidade de convivência com o contraditório, dificuldade de aceitar uma maioria que pensa diferente, e a boa e velha baixa auto-estima brasileira.
Eu não votei na Dilma para presidente.
Tinha minhas razões para achar que o Serra era melhor candidato, e votei nele, não contra ela. Essa é um ponto importante: eu votei em quem eu achava o melhor, não para evitar que um partido ou uma pessoa se elegesse. Como em 2002 eu havia votado no Lula com convicção, agora achava que era hora da alternância no poder, e que o Serra era um candidato mais pronto para o cargo. Não foi o que achou a maioria. Ponto.
Acabou aqui a discussão.
A partir de agora, toda a minha torcida é para que a Dilma – que não é uma pessoa despreparada, longe disso – faça o melhor governo possível, e que daqui a quatro anos queiramos reelegê-la. Continuarei minha vida, trabalharei como sempre, continuarei crítico com relação ao que não concordo e apoiarei o que acho certo. Simples, tranqüilo.
Por outro lado...
Segunda-feira pela manhã, ao chegar ao hospital, fui até a Associação dos Médicos (do qual sou parte da diretoria) e lá, em dia de pouco movimento devido ao meio feriadão, estavam alguns poucos colegas. Enquanto checava e-mails no computador, ouvia a conversa, e um mais alterado dizia que logo a revista Veja ia ser fechada pelo governo, e o colunista Diogo Mainardi seria assassinado. Lembrei da eleição de 1989, quando diziam que, se o Lula fosse eleito, haveria a reforma urbana e famílias de sem teto invadiriam nossas casas e seria o caos. Só pude pensar que, mesmo depois de mais de vinte anos, as pessoas não aprendem.
O mesmo ocorre na internet, onde desde domingo têm pipocado, e tenho lido no Facebook, devido aos contatos mais diversos que tenho, inúmeras manifestações escatológicas (com o sentido de final de mundo) com relação à eleição do último domingo. Desde chamando o Brasil de país de merda (porque “não pensam como eu”, pelo visto) até gente ameaçando emigrar para outros países sem problemas, como – por exemplo – a Itália (que elege apenas pessoas honestas e com uma reputação ilibada, como o Berlusconi) ou a França (que não tem manifestações públicas ou greves ou conflitos).
Já disse outras vezes, e repito: somos um país muito jovem, e ainda estamos aprendendo a viver em sociedade, ainda atrás de justiça social e muito mais. Uma parcela dos que gritam mais alto é por medo de perderem privilégios. Ninguém gosta de perder nada, aliás (exceto peso, mas esse não é o caso), compreensível. Tenho certeza que não vai ser o fim do mundo, como não foi com a eleição do Lula.
Quanto ao governo Lula, não se pode negar que, apesar dos diversos problemas apresentados (alianças não muito recomendáveis, a ética indo por água abaixo em muitos momentos, mensalão, etc), foi um governo muito bom para muita gente, que saiu da miséria e passou a ter uma vida mais digna. Foi isso que reelegeu o governo, agora representado pela Dilma.
De novo: eu não votei na Dilma.
Mas espero que o governo da primeira mulher Presidente do Brasil seja lembrado pelo seu enorme sucesso. Torço mesmo.
Até.
terça-feira, novembro 02, 2010
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