domingo, junho 03, 2012

De um outro tempo

Após passar o dia em Montenegro/RS, cidade onde passei muitos Natais e férias na casa dos meus avós maternos, e onde ainda mora meu tio, minha tia e meu primo, vínhamos pela BR116 e decidimos entrar na cidade pela área do aeroporto. Final de tarde, muitos carros estacionados e o pessoal observando os aviões pousarem.

Confesso que foi um momento nostálgico ver aquela cena.

Primeiro, porque lembrei dos tempos em que voltávamos, aos finais de tarde de domingo, da casa dos meus avós, após termos ido para lá no sábado à noite ouvindo o programa dos Discocuecas no rádio, e lembro das noites de céu estrelado e da luz das lâmpadas fluorescentes do lado de fora da casa, e da cozinha grande com o fogão a lenha, e do café da manhã de domingo, e dos meus tios e muitas outras memórias de uma infância já distante. Voltando nos domingos à tardinha, muitas vezes ouvindo futebol no rádio do carro, e - ao passarmos pela área do aeroporto - da torcida para que as luzes da pista estivessem acesas indicando a iminência de uma aterrissagem, e para uma pequena pausa para assistir o pouso de um avião que certamente seria da Varig.

Outros tempos, outros tempos.

Ao perceber que as pessoas ainda fazem isso, parar para ver os aviões (ou ir até lá só para isso mesmo), tive a sensação de uma outra época, mais ingênua, pura até, em que as pessoas paravam para ver o movimento dos aviões talvez encantadas com aquilo que parece um milagre, aquele aparelho de toneladas conseguir sair do chão e voar, tornando o mundo um pouco menor. Como o meu irmão, sábado em Singapura, quarta-feira em Nova York e no domingo seguinte em Porto Alegre.

Lembrei de quem eu era naquele tempo e que já tenho quarenta anos.

Enquanto isso, a Marina dormia na sua cadeirinha no banco de trás.

Até.

Nenhum comentário: