domingo, setembro 15, 2013

A Sopa 13/06

Não, esse não é um texto de auto-ajuda.

Podemos considerá-lo mais uma confissão, ou um desabafo.

Algum tempo atrás, formulei a tese (certamente não original, mas não importa) de que a busca pela sabedoria e - em última instância - pela felicidade, era o caminho da simplicidade. Retomar as origens do homem. O contato com a terra, poderia dizer a agricultura, como fonte de sapiência. Não me afastei de tudo e fui morar num sítio, afastado de tudo e todos, como poderia alguém imaginar como caminho lógico das minhas ideias.

O princípio, contudo, continua válido.

Lembrei disso quando, há algumas semanas, saturado por notícias, teses e comentários os mais variados -  coerentes, estúpidos, raivosos, etc - me vi (me viram) perturbado. Estava - assim como aqueles dias de inverno sem sol, úmidos, frios e de chuva do mês passado - desgostoso com o mundo. O humor havia sumido, a tolerância era pouca. Eu estava me deixando afetar pelo mundo externo de forma muito intensa. E é claro que falo da questão do governo, dos médicos, o Brasil como um todo. Aquilo me afetou muito. Eu tomava cada crítica feita ao médicos como se fosse pessoal. Era eu quem estava sendo chamado de mercenário, de playboy, de estar com medo de estrangeiros, de ser um mau caráter. Não importava o fato de continuar fazendo a minha parte como sempre fiz, muitas vezes trabalhando de graça e não reclamando, além de procurar ser um cidadão exemplar, pagar meus impostos, não sonegar, etc: por ser médico eu era da turma do mal, que tinha uma dívida com meu país e blá-blá-blá... Cansei, e decidi tomar uma atitude, lançar mão de um mecanismo de defesa muito conhecido.

A negação.

Decidir negar. Não ler, não ouvir.

Há cerca de três semanas, deliberadamente não leio nada sobre o ministério da saúde, programa mais médicos, médicos cubanos, o SUS, mercado de pessoas, etc. Nada mesmo. Quando vejo a manchete, mudo a leitura, "oculto" no facebook, não compartilho, mudo de estação no rádio, viro a página do jornal. Como falei, negação completa. Até no carro, em que passava a maior parte do tempo ouvindo notícias, agora ouço quase que exclusivamente música.

É mais ou menos como férias mentais. Desde então, ao deixar de me sentir atacado por todos os lados, tenho vivido num estado de tranquilidade bem maior, preocupado - com minhas atenções direcionadas - com questões mais objetivas e práticas. Vivendo - forçando um pouco a barra, exagerando  - num estado ignorância feliz.

A chave para a felicidade seria, também, a alienação.

Imagino que não vai durar para sempre. Logo, muito em breve provavelmente, desisto da atitude de contemplação passiva e volto ao debate, volto a defender minhas ideias, os valores nos quais acredito, com fervor - digamos assim - juvenil. Vou para a briga mesmo.

Ou não.

Pode ser que eu tenha cansado definitivamente e desistido de discutir com paredes. Talvez eu não me importe mais com nada, nem com as pesadas moedas do céu e nem com as sacolas de lixo viradas pelo caminho, pode ser que eu queira mesmo é ficar na minha, com diz a música. Só o tempo vai dizer.

Até.

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