(Ano 19, Número 01)
O Ponto.
Já escrevi sobre isso, em algum momento do passado.
Da busca ancestral, milenar, heroica até, daquele momento de perfeição num dos momentos mais sublimes da experiência humana: o churrasco. Milhares de anos se passaram, vidas foram perdidas, guerra travadas, muitas fogueiras foram acesas e brasas pereceram, tudo em busca desse, podemos dizer sem medo de errar, nirvana culinário. Do ápice da evolução humana.
O Ponto.
E escrevo assim, em letras maiúsculas, por sinal de respeito e reverência. Porque devemos nos curvar e homenagear aqueles que dedicaram suas vidas em busca d’O Ponto, aquele exato estágio em que a carne se faz canção, e o churrasco vira poesia. Em que nos deparamos com a beleza da criação em seu estado mais perfeito.
O problema é que as pessoas confundem tudo.
Chegam e saem dizendo “Prefiro carne mal passada”, ou “Só como bem passada”. Uma heresia, claro, mas elas não sabem o que dizem. Elas pensam que gostam desse ou daquele jeito quando na verdade querem a carne n’O Ponto. Pecam por não saber, o que talvez pudesse atenuar a culpa, mas isso ainda é questão de debate. Alguns consideram isso como imperdoável.
O que penso, como me posiciono, perante essa questão?
Não é importante, no momento.
Importante, de verdade, é informar, trazer conhecimento para todos.
O Ponto é definitivo, não passível de discussão.
Mas, e sempre tem um mas na vida, existem nuances, mitos e filosofia envolvidos nessa discussão.
O Ponto muda conforme mudam as pessoas, conforme muda o mundo. O Ponto é como o rio de Heráclito, que nunca cruzamos duas vezes, pois já não é o mesmo rio e não somos os mesmos de antes.
Fazer churrasco não é um ato banal, comum. É um ritual, em que o churrasqueiro se coloca na posição de sacerdote. Enquanto faz o churrasco, ele entra em conexão, em sintonia, com o Universo. Naquele momento, ele é como um Mestre Jedi, e essa conexão é a Força. Quanto mais conectado com o Universo, com a Força, melhor é o churrasco e mais perfeito é O Ponto. O Ponto é a Força.
Chega um momento em que o Mestre pode fazer churrasco de olhos fechados, deixando apenas a energia do Universo fluir através dele. Ele como um meio de ligação com o infinito.
Churrasco é coisa séria.
Até.
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