domingo, abril 03, 2022

A Sopa

Das ironias da vida. 

Semana passada, aqui mesmo nessa Sopa de todo domingo, eu disse que havia me tornado um atleta nos últimos três anos, treinando sete dias por semana, entre musculação e bicicleta. Havia, naquele mesmo final de semana, pedalado cerca de quarenta e cinco quilômetros por dia, sábado e domingo.

 

Pois bem.

 

Voltando um pouco no tempo, durante as férias de verão e nossa viagem de carro ao Uruguai, tive diversos (quase todos, na verdade) dias de dor cervical, com irradiação para o ombro esquerdo. Medicado com relaxante muscular, dormia bem. Foi assim toda a viagem, e mais um pouco na volta. Depois, fiquei sem dor. Vida normal, porém...

 

Ao fazer meus treinos na academia, notei – olhando o espelho durante a execução de alguns exercícios – que algo não estava exatamente como deveria. Eu fazia movimentos com o ombro direito que antes não fazia. Mais, eu havia perdido força no braço esquerdo, especificamente nos músculos deltoide e bíceps. Algo estava errado.

 

Não era AVC, claramente, mas algo estava acontecendo. Não tinha alteração de sensibilidade, de coordenação motora. Apenas a perda de força. Consultei, fui examinado e fiz uma ressonância de ombro e coluna cervical: ombro normal, mas uma hérnia de disco cervical, em região de C4-C5, responsáveis pelos meus sintomas. Aparentemente aguda, já que os sintomas foram mais ou menos súbitos.

 

Estou proibido de fazer exercícios por enquanto, exceto os de reforço da musculatura cervical e desde que feitos em isometria. Sem carga. Além disso, tenho que usar um colar cervical durante a maior parte do dia, podendo tirar à noite para dormir. De atleta, uma semana atrás, virei paciente de ortopedista, neurocirurgião e fisioterapeuta.

 

Como eu costumo dizer, paciência. Não há nada que eu possa fazer agora exceto seguir as orientações médicas e da minha fisioterapeuta. Como me sinto? Tranquilo, na verdade. Esse é o momento para deixar de lado as minhas metas de atividade física e fazer o tratamento, por hora conservador, sem cirurgia. Se preciso, ali na frente, operar, iremos em frente.

 

É do jogo.

 

Nada disso, porém, tira a felicidade pessoal, minha, intransferível, pelo meu anoversário de cinquenta anos, daqui a dois dias. Nem o imposto de renda, que vou fazer logo depois de terminar de escrever essa Sopa que você, estimado leitos está lendo agora, nesse domingo de chuva.

 

Até. 

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