Sobre o Pensar e o Fazer
Entre os defeitos que sempre reconheci como meus, e abstraindo aqueles aos quais é necessário um olhar externo e isento para serem reconhecidos, preciso falar de dois: a (pouca ou falta de) disciplina e a dificuldade em superar a inércia e executar planos e projetos.
Quando falo que o tema disciplina (no sentido de constância, persistência, perseverança) sempre foi um problema, nesse momento falo em termos de passado, porque arduamente venho conseguindo vencer essa dificuldade ao longo dos últimos anos, com avanços e recuos estratégicos, como amiúde acontece em diferentes batalhas. E posso citar alguns exemplos recentes ou nem tão recentes assim, e me refiro aqui inicialmente a questões profissionais, por exemplo.
A medicina exige constante estudo e atualização, como todos sabem, e estabelecer uma rotina disciplinada de leituras e estudos de temas médicos e científicos ainda hoje é desafiador, porque requer dedicar um tempo em meio à corrida da vida diária, em meio às diferentes atividades que requerem minha atenção todos os dias, para parar e ler um artigo médico, revisar algum tema de interesse. Já usei diferentes estratégias para alcançar esse objetivo, e essas estratégias vão mudando ao longo do tempo. E é a mesma coisa com outros tipos de leituras.
Só que o desafio, a dificuldade é ainda maior. Arranjar um tempo, por menor que seja, para ler literatura tem sido difícil, e as redes sociais têm grande parte dessa culpa. Sim, a culpa é minha, que me deixo levar e perco um tempo demasiado grande nelas. Provavelmente esteja aí o meu maior desafio atualmente, mas é um dos objetivos traçados: reduzir um pouco o tempo online perdido em redes sociais. Tenho tido “vitórias” quando o assunto é disciplina, contudo, e falo com relação à atividade física.
Durante muito tempo, quis e não consegui “encaixar” um período do meu dia, ou da minha semana, para a realização de atividades físicas, e me frustrava com isso. Sempre soube da importância, sempre gostei, mas não conseguia começar e – quando começava – não tinha a disciplina de seguir. Tudo dificultava, e o período em que atuava em diversas frentes, com viagens semanais, inclusive, tornavam virtualmente impossível dedicar algum tempo a isso. Até que encerrei algumas dessas atividades (e outras foram encerradas antes do que eu imaginava) e tive maior tempo disponível para mim. Foi quando comecei a pedalar, há cinco anos, aos poucos, evidentemente.
Durante seis meses pedalando, mas limitado pela meteorologia, pelo clima no Sul do Mundo, sabendo que precisava mais, procurei uma academia para fazer também atividades de musculação, até que encontrei. Seis meses fazendo academia, três vezes por semana, junto com o pedalar, e inicia a pandemia de coronavírus. Todos em casa, inicialmente tudo fechado. Foi quando descobri o meu lado disciplinado: mesmo em casa, permaneci fazendo os treinos diários enviados pelos professores da academia por WhatsApp, e segui assim após reabrir a academia, inicialmente clandestinamente e após regularmente. Foi na atividade física que me conheci definitivamente disciplinado e persistente, e isso gerou a confiança de expandir isso para outros “setores” da vida, como o trabalho e a música.
Disciplina é liberdade.
Mas eu falava de defeitos meus, e outro grande defeito, ou dificuldade, que tenho é que sou alguém que tenho a tendência a ter grandes ideias, grandes planos e uma certa dificuldade de pô-los em prática. Já tive sacadas geniais que nunca avançaram por uma certa falta de iniciativa, de esperar o momento ideal, de achar que teria que estar tudo pronto e perfeito para começar. Vencer essa inércia, de sair do plano para a ação, o maior desafio.
Porém, como no caso da disciplina, que venho modesta, humilde e arduamente superando, a dificuldade em passar dos planos para as ações começa a ser encarada de frente, e os frutos devem surgir em breve, eu espero.
Novidades no horizonte.
Até.