domingo, maio 13, 2007

A Sopa 06/43

No dia das mães, um pouco sobre aborto.

Alguém disse, certa vez, que “política é importante demais para ser deixada para os políticos”. Pois é, e controle de natalidade, saúde da mulher e o tema do aborto em si, são importantes demais para darmos ouvido ao que falam as religiões.

E falo sério.
Nada contra as religiões e as crenças de cada um, pelo contrário.

Todos temos o direito de acreditar em quem e no quê quisermos. O direito à fé é fundamental num mundo livre. Cada um é livre para acreditar em Deus, Alá, ou no coelhinho da páscoa, não importa. Parênteses. Não estou fazendo comparações nem julgamentos. Fecha parênteses. Tem o direito de professar sua fé. E o dever de respeitar as outras, evidentemente.

O que ninguém tem o direito é o de impor suas crenças aos outros.

É aqui que entra a questão do aborto e toda a hipocrisia que ronda o debate. Já falei em texto anterior, essa é uma questão individual de cada mulher, mas também é de saúde pública, afinal milhares de meninas morrem todos os anos em clínicas clandestinas, sem nenhuma condição de higiene, simplesmente porque o estado “fecha os olhos” para o assunto. Quem falou muito bem disso foi o tantas vezes criticado (muitas vezes com razão) Presidente da República, que disse que era contra o aborto, mas que era um problema de saúde público a ser encarado.

O assunto voltou à tona esses dias em que o papa esteve pelo Brasil. Até porque a Igreja Católica é radicalmente contra o assunto, afinal sua posição é conhecida há muito tempo. Mas, como eu disse, esse assunto não deveria merecer comentário da igreja: é importante demais para ser tratado por não especialistas.

Eu sou contra o aborto, pessoalmente.

Mas sei que existem situações em que essa é a melhor alternativa para algumas mulheres, e não tenho o direito de ser contra.

Nem vocês.

Até.

Um comentário:

Maria Elisa Máximo disse...

Oi Marcelo!!! Nossa, há séculos não passo por aqui. Mas, foi bom voltar e "te encontrar". Já que faz tempo que eu não comento, deixa eu abusar então... ;-)

Concordo plenamente contigo, sobretudo na importância deste debate não ser pautado em questões religiosas. Contudo, infelizmente, às vezes a Igreja Católica parece ter mais poder do que qualquer estado totalitário.

Eu também sou contra o aborto! O que me tira do sério é que as pessoas (aquelas que vêm com ortodoxismos cristãos, principalmente), acham que apoioar a descriminalização do aborto é o mesmo que apoiar o aborto. Não é, em absoluto. Apoiar o projeto de descriminalização do aborto é, unicamente, deixar de colocar panos quentes sobre uma dura realidade: milhares de mulheres praticam o aborto no Brasil, em clínicas clandestinas e, na maioria, sob péssimas condições. Só quem tem muita grana pode ter um atendimento de qualidade e "olha lá". Afinal, a clandestinidade sempre atrapalha este "controle de qualidade". Aquelas que não tem dinheiro, não deixam de abortar por causa disso (muito pelo contrário, pois a condição financeira é um dos fatores que certamente pesam no momento de se decidir pelo aborto), e se submetem a situações periclitantes. A questão não é o quão questionáveis são as razões pelas quais se opta pelo aborto. A questão é que efetivamente se fazem abortos, muitos abortos, e está mais do que na hora do Estado olhar para isso mais "racionalmente".

Um abração!!!