domingo, dezembro 16, 2007

A Sopa 07/20

A Viagem (8)

O terceiro dia de viagem – o segundo em solo europeu – iniciou em Annecy, onde tivéramos a noite conturbada pelo “problema” do barulho da tevê a partir das 5h30, mas que resultou numa diária cortesia no hotel Íbis Centreville, o que foi certamente uma boa “recepção” na França. Seguimos a partir daí.

Desde que iniciamos o planejamento da viagem, e excetuando-se Paris, nosso principal objetivo, o destino principal era a região da Provence e a Côte d’Azur. Annecy, próxima aos Alpes, era um tipo de bônus, que inicialmente seria uma parada na volta para Paris, e não o primeiro destino. Mudamos a ordem das coisas por uma sugestão de um colega, e certamente valeu a pena. O grande desafio, contudo, é resolver a equação “tempo de viagem X locais a serem visitados”. Havíamos decidido chegar no sábado de manhã em Paris e terminar a segunda-feira seguinte já no litoral. O primeiro dia, então, foi para chegar e ir até perto dos Alpes, para circular um pouco por ali antes de rumar para o sul.

Acordamos, fomos tomar café numa boulangerie, croissants e pan au chocolat, e passear um pouco pela cidade, já que havíamos chegado na noite anterior. Visitamos o centro antigo, e fomos para a beira do lago Annecy. O dia amanhecera nublado, e a temperatura estava cerca de 16ºC, agradável, não fria nem quente. Há todo um caminho a ser percorrido na beira do lago, onde as pessoas fazem suas caminhadas, passeiam com seus cachorros, andam de bicicleta, etc. O outono mostrava sua cores num cenário extremamente fotogênico.

Após passearmos pela cidade, voltamos ao hotel, fizemos o checkout e, após manobrar cuidadosamente a van, saímos em direção ao nosso próximo destino. Que foi decidido já com o carro em movimento. Como disse uma máxima, “se não sabes onde queres chegar, nenhum vento será favorável”, estávamos saindo da cidade pelo caminho por onde entráramos e discutindo (debatendo, não brigando...) nossa primeira parada. Resolvemos que seria Albertville, nos departamento de Savóia, nos Alpes Franceses, sede dos jogos Olímpicos de Inverno de 1992, na direção oposta a que estávamos indo. Retorno, e seguimos – nossa preferência – por uma rota indicada como cênica no nosso mapa rodoviário da Michelin, velho parceiro de viagens.

Falando em mapas, acho que já disse isso: sou fã incondicional da tecnologia, acho GPS uma coisa fantástica, mas confesso que ainda não me rendi a esse dispositivo. Acho muito mais legal olhar mapa, mudar direção, errar, até, do que ter uma máquina dizendo “dobre à esquerda, entre na saída A8 em 200m”, etc. Mas estou certo de que em breve vou ter um (ou ao menos alugar em viagens).

Como dizia, fomos à Albertville, deserta em pleno domingo de manhã fora de estação, sem neve. Circulamos por uma cidade vazia e decidimos subir por uma estrada para termos uma vista de cima da cidade. Parada relâmpago, óbvio, porque tínhamos dois objetivos claro naquele dia: primeiro, Chamonix, famosa estação de esqui aos pés do Mont Blanc, e terminaríamos o dia em Aosta, na Itália, do outro lado da montanha mais alta da Europa. Seria nossa escapada italiana em meio à viagem à França.

Devido à curta distância entre Albertville e Chamonix, chegamos rapidamente a esta, onde estacionamos o carro num estacionamento público e pudemos caminhar por suas ruas tranqüilas sob a proteção da montanha, majestosa com seu pico com neve eterna (até quando?). Em Chamonix, um desejo: subir a montanha.

Apesar de eu achar que nos tomaria muito tempo, o grupo decidiu que valia à pena subir a montanha, afinal não é todo dia que se pode subir no Mont Blanc. E certamente é uma experiência indescritível, mas que eu já havia tido em 1999, na primeira vez que estive lá. Por isso, que – de início – votei contra, mas, vencido, concordei com satisfação. Porém...

Quando chegamos na bilheteria do teleférico do Aiguille du Midi, que sobe a 3842m, a última viagem do dia já havia ocorrido e – se quiséssemos mesmo subir – só no dia seguinte. Lamentamos, mas não podíamos, agora sim, perder esse tempo, afinal nosso objetivo era o sul, o mar.

Antes de seguir viagem, paramos num restaurante, cerca de 17h, e fizemos um lanche: a maioria comeu crepes e a Zeca tomou uma sopa de cebola. O sol ainda brilhava, o céu era azul, a temperatura agradável e o nosso destino estava do outro lado da montanha, em outro país.

Aosta.

Até.

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