domingo, fevereiro 03, 2008

A Sopa 07/26

A Viagem (11)

Recapitulando o dia anterior, havíamos saído de Annecy, passado rapidamente por Albertville, passeado (com lanche) por Chamonix, via passagem de Gran San Bernardo cruzado os Alpes da França para a Itália e terminado o dia em Aosta, a “Roma dos Alpes”. Lá, após a janta, paramos para um sorvete às onze da noite e acabamos conhecendo o casal dono do estabelecimento, ele italiano e ela brasileira. A dica, então, foi que no dia seguinte – se tivéssemos tempo – visitássemos Cervinia, estação de esqui no pé do Monte Cervino (Matterhorn), local de grande beleza segundo eles.

Após uma ótima noite de sono no Hotel du Cheval Blanc, acordamos mais ou menos cedo, tomamos café da manhã (incluído no valor da diária) e saímos para passear pela cidade.

Antes de mais nada, eu precisava fazer câmbio, afinal os dólares americanos não serviriam para muita coisa por ali. Saímos do hotel e paramos em frente ao Arco de Augusto, bem na entrada da parte histórica da cidade. Bem ali, numa esquina, havia um banco onde poderia fazer câmbio (descobrira isso quando precisara fazer a mesma coisa em 2002, durante nossa passagem pela cidade). Enquanto o grupo ficou tirando fotos e iniciando o passeio, entrei na agência e fui para a fila. Segunda-feira pela manhã, o banco recém abrira, e eu certamente era o único “não local” ali naquela hora. Idosos entravam, saudavam os presentes, alguns funcionários recém iniciavam sua jornada de trabalho, e eu na fila. Tudo super-tranqüilo.

Chegou minha vez, solicitei câmbio ao caixa e perguntei a cotação, que nos dias de hoje não é nada boa de dólar americano para euro. Pediu meu passaporte para fazer cópia da minha identificação, procedimento padrão, e, ao olhá-lo, disse “Brasile!”, e perguntou de que parte do “Brasile” eu era. Ao dizer Porto Alegre, lembrei da vez em que cheguei em um hotel numa cidadezinha no interior da Itália, por volta da onze e meia da noite, e o dono do mesmo – que não falava inglês – ao saber que eu era brasileiro e de Porto Alegre, me abraçou dizendo “Falcão, Falcão”. Lembrei da história e por um instante pensei que poderia acontecer algo parecido, mas ele respondeu apenas que ele era – diferente de mim – de São Paulo. O caixa do banco de Aosta era brasileiro! O que é o mundo, pensei…

Após fazer câmbio, me juntei ao grupo de fomos visitar a cidade. Antes de chegarmos à prefeitura (aqui chamada de Hotel de Ville, influência da vizinha França e do período em que Aosta pertenceu à casa de Savóia) e, por conseguinte, ao Tourist Information, vistamos alguns dos locais que eu e a Jacque lembrávamos, como as escavações do Fórum, e a Porta Pretória. Já com o guia em mãos, visitamos alguns outros pontos de interesse. É uma bela cidade, e uma das coisas que mais me agradam é a localização, cercada de montanhas com neve eterna, a possibilidade de rapidamente estar nas estações de esqui e, apesar de pequena, estar bem próxima a cidades como Turim, Milão, Genebra, etc.

Como tínhamos planejado estar até o final do dia no litoral, de volta à França ou quase lá, ao discutirmos nosso próximo destino fui contra a ida até o Cervinia. Voto vencido, rapidamente percebi que teria sido um erro enorme não visitar esse local.

Saímos de Aosta e, seguindo as indicações do nosso mapa e das indicações nas placas, em pouco tempo começamos a subir a montanha. O trajeto, nesta época sem neve, é composto por um mosaico de cores típicas de outono. É uma longa subida até chegarmos na pequena Breuil-Cervinia, estação de esqui do lado italiano do Monte Cervino (ou Matterhorn, “pico mãe”). Do lado suiço dele, está a estação de esquide Zermatt.

Fora de temporada, evidentemente, a cidade estava deserta e a maior parte dos estabelecimentos fechados. Fotografamos muito a paisagem com o pico da montanha logo acima da cidade, com neve (e a tentação de chegar até lá). Depois, fomos almoçar no (provavelmente) único bar/café aberto, onde comemos deliciosos sanduíches feitos na hora. De volta ao carro, poucos quilômetros de volta, paramos ao ver a indicação de Lago Blu.

Uns poucos metros afastado da estrada, meio escondido atrás de árvores, estava o dito lago, num dos poucos períodos do ano em que está descongelado, com uma coloração verde-esmeralda que contraria o seu nome mas que, com a montanha ao fundo, compõe um daqueles cenários que não parecem reais de tão belos e majestosos: a grama verde, o lago verde, as árvores com o tom dourado do outono, a montanha com a pedra cina intercalada com as partes branca da neve, tudo isso emoldurado por um um céu de um azul profundo.

Não tem como não ficar enfeitiçado. Difícil de descrever, impossível de esquecer. Uma imagem que ficará gravada na retina até o fim dos nossos dias. Não seria a última contudo.

Ainda tínhamos que seguir para o sul, em direção ao Mediterrâneo.

Foi o que fizemos a seguir.

Até.

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