domingo, março 14, 2010

A Sopa 09/31

Vivo um momento de transição.

Nada muito sério, nem grave, a ponto de preocupar aqueles que eventualmente se desviam de suas rotinas para pensar em como anda esse que vos escreve e torcer para que tudo, a vida, corra bem. Aliás, é uma categoria interessante, essa, das pessoas que pensam e, mais, torcem por nós.

Não são muitas, claro.

Porque não é fácil. Além de requerer um esforço extra, a atividade de querer bem alguém, no sentido de desejar o sucesso (independente do significado que essa palavra tenha para cada um), a felicidade de alguém que não nós mesmos, requer uma boa dose de desprendimento, de inocência, cada vez menos comum por aí. Ficar feliz com a felicidade alheia é um exercício de inocência e pureza de alma, artigo de luxo nos dias atuais. Não que as pessoas sejam ou estejam piores hoje em dia do que foram no passado. As pessoas são assim, desde sempre.

O que acontece, e isso é uma experiência totalmente individual, única, é que, aqui e ali, acontece de conhecermos pessoas que com o passar do tempo passam a sinceramente torcer por nós, a ver nossas conquistas como conquistas também delas. Ficam sinceramente felizes por nós e junto a nós. E não existe nada mais valioso que isso, ter pessoas próximas para as quais torcemos e festejamos seus sucessos como nossos, e que o contrário (nosso sucesso, sua felicidade) também seja verdadeiro.

São quem chamamos de amigos. Os de verdade.

São poucos todos sabem, e lembro ter lido (ou ouvido) a respeito da vida: quanto mais velhos ficamos, menores são os tamanhos de nossos bolos de aniversário, porque é cada vez menor nosso círculo de amizades, de pessoas celebrando junto a nós. Vamos ficando cada vez mais seletivos, cada vez temos menos gente em quem confiar de verdade, para quem podemos falar tudo o que queremos e mesmo o que devemos.

Eu fico tranqüilo em saber que tenho amigos (poucos) assim, mesmo que alguns circunstancialmente morem longe, geograficamente falando. Já me enganei com relação a quem eu acreditava ser desse tipo e não era, mas isso também é parte do processo.

Mas eu falava que vivo um momento de transição.

É verdade.

Que coisa, não?

Até.

Um comentário:

Allan Robert P. J. disse...

É isso. Vamos nos descobrindo e descobrindo os outros aos poucos. Passamos a selecionar mais, cada vez mais e eu acho isso positivo. Porquê o que nos resta é somente o que realmente nos interessa, mesmo que algumas perdas sejam sentidas. Não importa o tamanho do bolo, mas a qualidade de quem recebe as fatias. :)

Abração