(Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Trigésimo Quarto Dia)
Domingo.
Espero o almoço chegar por tele entrega, pois resolvemos não cozinhar hoje e ainda auxiliamos os estabelecimentos locais que ainda sofrem muito pela pandemia e as restrições causadas por ela. Aliás, continuo com a convicção que a culpa do aumento dos casos não tem relação com o funcionamento do comércio ou de restaurantes. Esses, virtualmente todos, seguem rígidos protocolos de segurança.
Assim como me sinto mal ao ler/ouvir que a culpa é do “povo”.
O “povo”, como dizem, em sua maioria, está respeitando e seguindo as orientações das autoridades sanitárias. Claro que isso é “na medida do possível”. Nem todos podemos ficar em casa, em home office, apenas fazendo compras online. A pandemia, para muitos, e me incluo entre esses muitos, não existe em termos de poder ficar em casa e está tudo bem, estamos nos protegendo, fazendo a nossa parte. Temos que ir à luta atrás do nosso ganha pão, cada um no seu quadrado, com sua ocupação.
Mas dizia que não é legal culpar essa entidade, “o povo”, pela evolução da pandemia do Brasil. Como eu disse, a esmagadora maioria está fazendo tudo certo dentro de suas possibilidades.
O problema é que existem os idiotas.
Idiotas, estúpidos, sem noção. Que fazem festa de aniversário para cem pessoas em um lugar fechado em plena bandeira preta no RS. Assim como são imbecis os cem convidados que vão ao dito aniversário, como ocorrido aqui em Porto Alegre na semana passada. E isso não tem relação com classe social, afinal a estupidez não tem fronteiras e nem distinção de classe. É democrática.
Irrita a todos, os que podem ficar em casa se cuidando e os que são obrigados a sair de casa, mas que se cuidam e cuidam de outros. Mostra uma falta de sensibilidade e humanidade grandes. E mostra – não canso de dizer – estupidez, idiotia.
Estamos há mais de ano vivendo esse mundo diferente, estamos cansados, sentimos falta de encontros e abraços, e esses gestos de poucos atrapalham e tem o potencial de alongar essa espera pela vida que queremos de volta.
Até.
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