segunda-feira, maio 17, 2021

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Sexagésimo Terceiro Dia)

 

Foi um bom final de semana.

 

Por isso essa Sopa, que usualmente é dominical, está saindo quentinha (como o clima manda) apenas hoje, segunda-feira. Porque foi um fim de semana de noites com jeito de inverno e pudemos ficar em casa, e aproveitar juntos, a Marina, a Jacque e eu. 

 

A semana começara desafiadora.

 

Em pleno início de noite de segunda-feira, enquanto eu aguardava na fila do caixa no supermercado, logo atrás de uma aluna minha que passava suas compras do dia, imagino, e que no final da compra incluiu uma pacote de maços de cigarro, sem olhar para trás onde eu estava, talvez por vergonha, talvez porque eu não tenha nada a ver com o que ela faz ou não fora do ambiente acadêmico, no que tem total razão, enquanto eu aguardava a minha vez, tranquilo, ensimesmado pensando na vida, fui interrompido por um discurso forte que não ouvi bem até a senhora que estava atrás de mim, do alto dos seus aproximados mais de setenta ou menos, afirmou peremptoriamente:

 

“Eu não vou me vacinar”.

 

Discretamente, olhei em sua direção.

 

Usava a máscara com o nariz para fora, e concordava com o cidadão da fila ao lado, que discursava sobre a pandemia e dizia que se ficasse doente ficaria em casa, porque no hospital “vão te matar”, e que o presidente tinha razão. Pensei por um instante em responder a ela, ou a ele, dizer que estavam errados, mas de que ia adiantar?

 

Há situações na vida em que simplesmente não vale à pena se incomodar, e – nessas horas – o silencia é a melhor opção. Se depois de um ano as pessoas ainda pensam assim, bom, não vai ser um estranho numa fila do supermercado que vai convencê-las do contrário.

 

Uma semana depois, hoje pela manhã, atendi uma paciente antiga, que trabalha numa instituição que atende pessoas em risco social, na linha de frente, assistente social, que veio me pedir um atestado para fazer a vacina. Não tinha nenhuma situação médica que justificasse a sua inclusão no grupo prioritário, por mais que eu tenha certeza de que ela deveria ser vacinada o quanto antes. Por outro lado, não poderia eu atestar uma condição inexistente. Ela disse que entendia a situação, mas foi triste vê-la com os olhos cheios de lágrimas.

 

Mas eu falava do final de semana.

 

Foi quieto, calmo.

 

Sábado à noite cozinhei, a sopa que minha avó fazia, e cuja receita minha mãe me ensinou. Preparei enquanto ouvíamos música e conversávamos na cozinha. Depois, ficamos assistindo vídeos de música no You Tube, a Marina a Jacque e eu. Domingo, em casa novamente. Como se lá fora o mundo estivesse em silêncio, e nada pudesse nos perturbar.

 

Por mais domingos assim, mas sem pandemia.

 

Até.

Um comentário:

Simon Durochefort disse...

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