(Crônicas de uma Pandemia, Ano Dois, Quinquagésimo Quinto Dia)
Uma Sopa de muitos anos atrás, atualizada.
O aniversário do meu pai (80 anos hoje!), em nove de maio, volta e meia cai junto com o ‘Dias das Mães’, como foi há vinte e um anos atrás.
Corria o ano de 1999, início do segundo mandato do FHC, poucos meses após a desvalorização do real perante o dólar – que foi de cerca de R$ 1,20 para algo em torno de R$ 2,00 (!) – justamente “momentos” antes da primeira viagem dos Perdidos na Espace para a Europa. A mudança cambial aconteceu justamente quando nos preparávamos para viajar, o que gerou estresse e discussões intermináveis a respeito de alternativas.
O dólar acabou baixando para patamares mais adequados para a época, e foi num dia 09 de maio, aniversário do meu pai e Dia das Mães, que embarcamos de Porto Alegre rumo à Guarulhos e depois à Bruxelas, nossa porta de entrada no velho mundo. Foi a minha primeira viagem à Europa.
Até ali, a minha experiência internacional – iniciada nas minhas primeiras férias como médico-residente, em maio de 1995 – resumia-se a uma ida aos Estados Unidos (Flórida, parques da Disney, Nova York, Filadélfia, Atlantic City e Washington) e duas idas à Buenos Aires, sendo que a primeira como lua-de-mel.
Como já contei diversas vezes, fomos em grupo: a Jacque e eu, a Karina e o Paulo (cunhados) mais a Roberta (minha afilhada, de dois anos e meio) e o Caio e a Aline (grandes amigos). Alugamos uma van, a Renault Espace (daí o nome, Perdidos na Espace) e quase cinco mil quilômetros em aproximadamente vinte e poucos dias, por Bélgica, Holanda, Alemanha, Suiça e França.
Pois é, vinte e um anos passaram, e penso o quanto o mundo mudou neste tempo (e que agora estamos há mais de ano em plena pandemia, sem nem poder planejar viagens enquanto seguimos lutando por nossa sobrevivência...). O quanto nossas vidas mudaram, que caminhos tomamos, por onde andamos hoje.
Não houve reunião do grupo para marcar a data (por óbvias razões), como em outras vezes, mas também porque já não somos um grupo e qualquer reunião que se fizesse estaria incompleta. Porque alguns seguimos rumos diferentes que nos afastaram, afinal a vida faz dessas.
Paciência...
Penso em quem eu era há vinte e um anos. Olho para trás. Olho os caminhos que percorri e fico tranquilo. Tem sido bom. A vida tem sido boa. Ainda não cheguei até onde quero ir (será?), até porque vou descobrindo por onde devo ir enquanto ando. Falta muito para chegar?
Não importa. O que importa – mesmo – é o caminho.
E quem anda contigo.
Até.
Um comentário:
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