Sobre a linguagem falada.
A língua falada, forma de comunicação mais informal e flexível, mais sujeita a neologismos e gírias, difere da linguagem escrita, que é posterior à essa, mais formal e, de certa forma, mais complexa, ou rebuscada. Sobre o vocabulário da língua falada, diz-se que é composto por até dez mil palavras.
Em teoria, imagino.
Porque o que vemos (vejo) por aí no contato com as pessoas parece ser bem menos que isso, mas claro que pode ser má vontade minha. Mas eu não queria falar exatamente disso. Notei, e não é novo isso, evidentemente, que praticamente podemos dizer a idade de alguém a partir do seu discurso, da forma e do conteúdo de sua fala. E associamos (associo) muitas vezes uma forma de falar com pessoas específicas.
Tá ligado?
Esse é um termo muito usado por pessoas de determinada faixa etária, acho que entre vinte e vinte e vinte e cinco anos de idade, mais ou menos. Não consigo não lembrar do Gabriel, meu sobrinho e afilhado “emprestado”. Toda vez que ouço alguém falando e terminando as afirmações com um “tá ligado”, lembro dele. Foi assim quando conversamos com o Ian Garbinatto, o Cara do Metal, no Qual é o Tom. Passei o tempo todo da conversa pensando que estava conversando com ele.
E foi assim ontem, quando comecei a atender um paciente de vinte dois anos, que usava a expressão com frequência. Após as perguntas iniciais, ele disse que ia começar a contar sua história, de secreções e sofrimento. Respondi a ele que, o que era a vida, afinal, que não uma série infindável de sofrimento e secreções interrompida por intervalos fugazes de felicidade e prazer?
A conexão foi imediata.
Terminou a consulta dizendo que tinha sido muito legal consultar comigo. Foi um bom jeito de começar o dia de consultas.
Tudo correu bem até entrar no consultório a louca antivacinas.
Mas isso é história para outro dia.
Até.
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