Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
quarta-feira, janeiro 31, 2007
terça-feira, janeiro 30, 2007
segunda-feira, janeiro 29, 2007
domingo, janeiro 28, 2007
A Sopa 06/28
Só não há perdão para o chato.
Estava ouvindo ontem as notícias na tevê e me dei conta de um fato: os chatos não morrem. Ou pelo menos não se noticia isso. Já repararam? Sempre que se noticia a morte de alguém, por acidente, doença ou qualquer que seja a causa, e entrevistam um familiar ou mesmo um conhecido sobre a pessoa que se foi, a descrição é sempre a mesma: era uma pessoa cheia de vida, tinha um futuro brilhante pela frente, etc.
E isso me preocupa: quem morre são sempre os bons, aqueles com as melhores chances de um futuro brilhante. Os chatos, os de vida medíocre, os pequenos, esses continuam. Esses são imunes às mortes prematuras, às vidas interrompidas. Nunca se verá alguém dizendo sobre um morto: “Não, ele não tinha grandes ambições, queria apenas ser um burocrata, pagar seus impostos em dia, e não chamar muita atenção sobre si”.
Tudo porque a morte redime a todos.
Aquele que morreu, por não estar mais aqui para provar em contrário, poderia vir a ser qualquer coisa: astronauta, presidente da república, prêmio Nobel da Paz. E ele se torna aquilo que desejamos que ele tivesse sido.
(claro que isso acontece mais freqüentemente quando quem morre é jovem, mas não só)
Eu não.
Eu quero ser em vida alguém que, quando as pessoas lembrem de mim, digam ‘O Marcelo, como ele é cheio de vida, cheio de planos’. Que seja uma referência quando o assunto for animação, vibração capacidade de congregar, reunir. Que eu não me torne alguém assim apenas depois da vida.
Porque o que me interessa é o agora, o hoje.
Talvez esteja aí a gênese de todas as minhas invenções e eventos. A Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo, as Quarta-feiras Filosóficas, esse blog. Sem falar nas criadas num passado um pouco mais distante. Todas formas de reunir as pessoas, de estar junto, de festejar.
Porque ser lembrado como alguém cheio de vida quando não se tem mais uma não me interessa.
(um texto antigo nesse período de férias de verão...)
Até.
Estava ouvindo ontem as notícias na tevê e me dei conta de um fato: os chatos não morrem. Ou pelo menos não se noticia isso. Já repararam? Sempre que se noticia a morte de alguém, por acidente, doença ou qualquer que seja a causa, e entrevistam um familiar ou mesmo um conhecido sobre a pessoa que se foi, a descrição é sempre a mesma: era uma pessoa cheia de vida, tinha um futuro brilhante pela frente, etc.
E isso me preocupa: quem morre são sempre os bons, aqueles com as melhores chances de um futuro brilhante. Os chatos, os de vida medíocre, os pequenos, esses continuam. Esses são imunes às mortes prematuras, às vidas interrompidas. Nunca se verá alguém dizendo sobre um morto: “Não, ele não tinha grandes ambições, queria apenas ser um burocrata, pagar seus impostos em dia, e não chamar muita atenção sobre si”.
Tudo porque a morte redime a todos.
Aquele que morreu, por não estar mais aqui para provar em contrário, poderia vir a ser qualquer coisa: astronauta, presidente da república, prêmio Nobel da Paz. E ele se torna aquilo que desejamos que ele tivesse sido.
(claro que isso acontece mais freqüentemente quando quem morre é jovem, mas não só)
Eu não.
Eu quero ser em vida alguém que, quando as pessoas lembrem de mim, digam ‘O Marcelo, como ele é cheio de vida, cheio de planos’. Que seja uma referência quando o assunto for animação, vibração capacidade de congregar, reunir. Que eu não me torne alguém assim apenas depois da vida.
Porque o que me interessa é o agora, o hoje.
Talvez esteja aí a gênese de todas as minhas invenções e eventos. A Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo, as Quarta-feiras Filosóficas, esse blog. Sem falar nas criadas num passado um pouco mais distante. Todas formas de reunir as pessoas, de estar junto, de festejar.
Porque ser lembrado como alguém cheio de vida quando não se tem mais uma não me interessa.
(um texto antigo nesse período de férias de verão...)
Até.
sábado, janeiro 27, 2007
quinta-feira, janeiro 25, 2007
80 Anos
Hoje, Tom Jobim faria 80 anos.
Lembro de quando morreu, em dezembro de 1994. Estava há poucas semanas da minha formatura em medicina e passávamos - um grupo de amigos - uns dias na praia. Atlântida, RS. Já haviam terminado as provas, eu já havia sido aprovado no concurso para médico-residente de pneumologia no hospital da pucrs.
Tanto tempo, tantas histórias.
Pouco mais de doze anos se passaram, e a vida vai bem, obrigado.
Eu, você, nós dois
Aqui neste terraço à beira-mar
O sol já vai caindo e o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem que ir embora
A tarde cai
Em cores se desfaz,
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz
Lá em baixo se acendeu...
Você e eu
Eu, você, nós dois
Sozinhos neste bar à meia-luz
E uma grande lua saiu do mar
Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar
E veio aquele beijo
Aquele beijo
Aquele beijo
Até.
Lembro de quando morreu, em dezembro de 1994. Estava há poucas semanas da minha formatura em medicina e passávamos - um grupo de amigos - uns dias na praia. Atlântida, RS. Já haviam terminado as provas, eu já havia sido aprovado no concurso para médico-residente de pneumologia no hospital da pucrs.
Tanto tempo, tantas histórias.
Pouco mais de doze anos se passaram, e a vida vai bem, obrigado.
Eu, você, nós dois
Aqui neste terraço à beira-mar
O sol já vai caindo e o seu olhar
Parece acompanhar a cor do mar
Você tem que ir embora
A tarde cai
Em cores se desfaz,
Escureceu
O sol caiu no mar
E aquela luz
Lá em baixo se acendeu...
Você e eu
Eu, você, nós dois
Sozinhos neste bar à meia-luz
E uma grande lua saiu do mar
Parece que este bar já vai fechar
E há sempre uma canção
Para contar
Aquela velha história
De um desejo
Que todas as canções
Têm pra contar
E veio aquele beijo
Aquele beijo
Aquele beijo
Até.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
Fai La Tua Parte
Se sei preoccupato per i cambiamenti climatici degli ultimi anni, se ti senti impotente davanti alle prospettive ambientali e hai l'impressione che la fanteria non verrà ad aiutarci; se ti piacerebbe fare qualcosa, ma non sai come iniziare o non hai la certezza che le tue azioni saranno utili, ma sei disposto a fare qualcosa di importante, adotta il tuo pianeta. E' semplice:
Fai la tua parte
Salva la tua vita.
Questa è una campagna volontaria, pubblica e internazionale.
Non ha sponsor ne proprietari; è tanto mia quanto tua e inizia ora. Non aspettare inviti o intimidazioni. Sei tu chi decide.
Scopri cosa puoi fare per aiutare il pianeta. Chiudi il rubinetto quando ti lavi i denti o ti fai la barba; lascia la macchina in garage e usa i mezzi pubblici; spegni il climatizzatore un’ora prima; non comprare prodotti di un’azienda che inquina; compra, invece del tonno sott’olio, il pesce fresco; non mischiare rifiuti organici e inorganici e controlla se il sistema di riciclaggio della tua città funziona; svolgi attività all’aria aperta con i tuoi alunni; scopri come sostituire i contenitori usati dalla tua azienda con altri in materiali riciclati e biodegradabili; divulga questa campagna attraverso il giornale, la radio o la TV dove lavori e informa periodicamente circa i risultati; accendi solo la metà delle luci del tuo ufficio e della tua casa; crea un programma anti inquinamento. Infine, c’è sempre qualcos’altro da fare.
Invita la tua associazione, la tua comunità, i tuoi amici a scoprire come possiamo salvare la Terra con piccole o grandi azioni, facendo il possibile. Partecipa, incentiva, divulga, ma non aspettare niente e nessuno.
Fai la tua parte.
PS – Questo testo può essere copiato, tradotto, stampato e divulgato con qualsiasi mezzo, senza autorizzazione, salvo per scopi commerciali.
Cortesia do Allan.
terça-feira, janeiro 23, 2007
Já dizia o Google
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Túnel do Tempo
Lembram da Boneca Morta? Não? Veja aqui.
Pois é, "ganhou vida" num streetcar em Toronto...
Photo by Princess Scarlett from Torontoist Flickr Pool.
Até.
Pois é, "ganhou vida" num streetcar em Toronto...
Photo by Princess Scarlett from Torontoist Flickr Pool.
Até.
É Hoje!
Na verdade, foi hoje.
O dia mais deprimente do ano.
Não, não o meu, mas o de todo o hemisfério norte (até já falei disso um ano desses...). Através de uma fórmula, que incluiu fatores meteorológicos, dívidas, o tempo desde o Natal, motivações e resoluções de ano-novo, cientistas determinaram que essa segunda-feira é, efetivamente, o dia mais deprimente do ano, a "Blue Monday".
Aqui no sul do mundo, trabalho e o futebol do final da segunda-feira.
Ainda bem que é só no norte.
Até.
O dia mais deprimente do ano.
Não, não o meu, mas o de todo o hemisfério norte (até já falei disso um ano desses...). Através de uma fórmula, que incluiu fatores meteorológicos, dívidas, o tempo desde o Natal, motivações e resoluções de ano-novo, cientistas determinaram que essa segunda-feira é, efetivamente, o dia mais deprimente do ano, a "Blue Monday".
Aqui no sul do mundo, trabalho e o futebol do final da segunda-feira.
Ainda bem que é só no norte.
Até.
domingo, janeiro 21, 2007
A Sopa 06/27
Ainda no litoral norte do Rio Grande do Sul.
Ontem choveu o dia todo.
Manhã de leituras, siesta depois do almoço seguida de filme em DVD, café preto, chimarrão e ainda visita dos amigos Pedro e Maria José. À noite, já sem chuva, fomos comer um peixe e ver o movimento na rua central de Tramandaí.
Hoje, domingo, o céu está plúmbeo e a temperatura agradável.
Confissão: gosto muito mais de verão hoje em dia, depois de dois invernos canadenses, mas finais de semana como esse, que termina hoje, são MUITO bons também.
#
No ritmo de férias de verão no hemisfério sul, um texto antigo, publicado há exatos quatro anos atrás.
Muito mais do que ser, hoje em dia é importante parecer ser. São tempos de uma grande influência da televisão, que até parece estar diminuindo (ou será que são as pessoas com quem convivo?). Não podemos deixar a tirania das aparências dominar nossas vidas. Devemos marcar posição, é isso.
As pessoas precisam saber claramente quem somos e quais são nossas opiniões nos mais variados assuntos do mundo que nos cerca. À direita, à esquerda, em frente ou para baixo, temos que ter uma clara opção. Isso vai tornar tudo mais seguro e claro, voltaremos a saber em que chão estamos pisando. E temos que ter atitude perante o mundo. Posição e atitude, as chaves para o sucesso no novo milênio. Parênteses. Milênio é aquele garoto que nasceu no primeiro minuto de 2001, filho da Milene e do Ênio. Fecho parênteses e paro de escrever bobagens.
Eu, por exemplo, parei para refletir há um tempo atrás e estabeleci minhas posições ideológicas, que devem ficar claras para todos. São as bases nas quais estão assentados todos os meus atos. Dessa forma, as pessoas vão sempre saber como reagirei frente à determinada situação. Porque sou coerente, normalmente. Após esse concílio, que não foi em Trento, tracei algumas diretrizes que regem a minha conduta perante a vida.
A melhor sobremesa. Foi uma das escolhas mais difíceis, frente a uma gama enorme de opções fantásticas, mas cheguei lá: a melhor sobremesa do mundo é o sagu. E ponto final. Mais bonita canção em língua portuguesa: Oceano, do Djavan. Sim, eu sei que existem bilhões de canções maravilhosas, que deveria ser uma das do Chico Buarque e etc, mas é essa, lamento. Tinha que definir uma, e assim o fiz.
Arroz de leite: não existe. É um erro que tem se perpetuado ao longo de gerações, desde que um débil mental misturou arroz e leite e disse que era bom. É o típico caso de mentira dita mil vezes que vira verdade, segundo a cartilha de Goebbels, oficial nazista da informação. Não sei se tão grave quanto o arroz de leite é o caso do leite de soja. Por favor! Leite de soja não existe. Acordem! Imaginem o fazendeiro, de manhã cedo, ordenhando uma plantinha e coletando o leite numa vasilha. Convenhamos...
É o que digo, posições perante os fatos. O que fazer numa encruzilhada, quando não se sabe qual caminho seguir? Vá à esquerda. Funciona sempre? Não, mas o importante é ter posição e atitude. Pena de morte? Contra. Pirâmides e correntes: distância. O que fazer com pedófilos e estupradores? Olho por olho, dente por dente. Simples. Feijão? Preto, os outros são apenas vagens.
Nada disso significa simplificação ou evitar a reflexão ou o debate filosófico. Pelo contrário, tendo resolvido estes pequenos dilemas diários que normalmente tomam tempo das pessoas, sobra mais chance de captar no ar a filosofia que está por aí, etérea, e trazê-la para o mundo dos vivos.
Até.
Ontem choveu o dia todo.
Manhã de leituras, siesta depois do almoço seguida de filme em DVD, café preto, chimarrão e ainda visita dos amigos Pedro e Maria José. À noite, já sem chuva, fomos comer um peixe e ver o movimento na rua central de Tramandaí.
Hoje, domingo, o céu está plúmbeo e a temperatura agradável.
Confissão: gosto muito mais de verão hoje em dia, depois de dois invernos canadenses, mas finais de semana como esse, que termina hoje, são MUITO bons também.
#
No ritmo de férias de verão no hemisfério sul, um texto antigo, publicado há exatos quatro anos atrás.
Muito mais do que ser, hoje em dia é importante parecer ser. São tempos de uma grande influência da televisão, que até parece estar diminuindo (ou será que são as pessoas com quem convivo?). Não podemos deixar a tirania das aparências dominar nossas vidas. Devemos marcar posição, é isso.
As pessoas precisam saber claramente quem somos e quais são nossas opiniões nos mais variados assuntos do mundo que nos cerca. À direita, à esquerda, em frente ou para baixo, temos que ter uma clara opção. Isso vai tornar tudo mais seguro e claro, voltaremos a saber em que chão estamos pisando. E temos que ter atitude perante o mundo. Posição e atitude, as chaves para o sucesso no novo milênio. Parênteses. Milênio é aquele garoto que nasceu no primeiro minuto de 2001, filho da Milene e do Ênio. Fecho parênteses e paro de escrever bobagens.
Eu, por exemplo, parei para refletir há um tempo atrás e estabeleci minhas posições ideológicas, que devem ficar claras para todos. São as bases nas quais estão assentados todos os meus atos. Dessa forma, as pessoas vão sempre saber como reagirei frente à determinada situação. Porque sou coerente, normalmente. Após esse concílio, que não foi em Trento, tracei algumas diretrizes que regem a minha conduta perante a vida.
A melhor sobremesa. Foi uma das escolhas mais difíceis, frente a uma gama enorme de opções fantásticas, mas cheguei lá: a melhor sobremesa do mundo é o sagu. E ponto final. Mais bonita canção em língua portuguesa: Oceano, do Djavan. Sim, eu sei que existem bilhões de canções maravilhosas, que deveria ser uma das do Chico Buarque e etc, mas é essa, lamento. Tinha que definir uma, e assim o fiz.
Arroz de leite: não existe. É um erro que tem se perpetuado ao longo de gerações, desde que um débil mental misturou arroz e leite e disse que era bom. É o típico caso de mentira dita mil vezes que vira verdade, segundo a cartilha de Goebbels, oficial nazista da informação. Não sei se tão grave quanto o arroz de leite é o caso do leite de soja. Por favor! Leite de soja não existe. Acordem! Imaginem o fazendeiro, de manhã cedo, ordenhando uma plantinha e coletando o leite numa vasilha. Convenhamos...
É o que digo, posições perante os fatos. O que fazer numa encruzilhada, quando não se sabe qual caminho seguir? Vá à esquerda. Funciona sempre? Não, mas o importante é ter posição e atitude. Pena de morte? Contra. Pirâmides e correntes: distância. O que fazer com pedófilos e estupradores? Olho por olho, dente por dente. Simples. Feijão? Preto, os outros são apenas vagens.
Nada disso significa simplificação ou evitar a reflexão ou o debate filosófico. Pelo contrário, tendo resolvido estes pequenos dilemas diários que normalmente tomam tempo das pessoas, sobra mais chance de captar no ar a filosofia que está por aí, etérea, e trazê-la para o mundo dos vivos.
Até.
sábado, janeiro 20, 2007
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Correndo
Para finalizar os assuntos de trabalho e dar uma passada na praia.
Vai chover. Evidentemente.
Até.
Vai chover. Evidentemente.
Até.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Apenas um amador
Eu sempre pensei que eu fosse um narcisista profissional.
Você sabe, um egocêntrico por profissão, uma pessoa conhecida por todos como alguém que sinceramente pensa que o mundo gira em torno de si. Alguém que não pode ver um espelho que tem que parar para conferir o penteado, a forma física, o porte. Que merecesse ser tratado por Senhor Narcisista.
Melhor: alguém que, quando falasse de si, o fizesse na terceira pessoa. Quem apontou essa característica (mesmo não identificando o portador dela como um narcisista profissional) foi o Henrique, numa das nossas conversas em algum pub aqui de Toronto. E eu fiz associação: falar de si na terceira pessoa é o cúmulo do narcisismo. Era o que eu achava.
Mas sou um amador.
Cheguei ontem, por acaso, no website de uma pessoa que estudou na mesma faculdade que eu, e de quem não tinha notícias há provavelmente dez anos. Fui ler, e concluí que – em termos de egocentrismo e narcisismo – não sou nada. Foi um golpe na minha auto-estima. Eu descobri que não sou o maior megalomaníaco do mundo…
A primeira característica que salta aos olhos ao ler o site é que ele se refere a si mesmo em terceira pessoa, o tempo todo. De cara, vi que ele era dos bons. Mas ele foi adiante: o site tem uma biografia dele, romantizada, além de seus projetos profissionais futuros. Ali, públicos. E notícias. Notícias sobre ele, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa. E não é um blog, que fique bem claro.
Confesso que fiquei com inveja. Nem eu consigo ser tão megalomaníaco.
Mas ele tem o meu total apoio.
Se ele está feliz assim, quem sou para julgar?
Até.
Você sabe, um egocêntrico por profissão, uma pessoa conhecida por todos como alguém que sinceramente pensa que o mundo gira em torno de si. Alguém que não pode ver um espelho que tem que parar para conferir o penteado, a forma física, o porte. Que merecesse ser tratado por Senhor Narcisista.
Melhor: alguém que, quando falasse de si, o fizesse na terceira pessoa. Quem apontou essa característica (mesmo não identificando o portador dela como um narcisista profissional) foi o Henrique, numa das nossas conversas em algum pub aqui de Toronto. E eu fiz associação: falar de si na terceira pessoa é o cúmulo do narcisismo. Era o que eu achava.
Mas sou um amador.
Cheguei ontem, por acaso, no website de uma pessoa que estudou na mesma faculdade que eu, e de quem não tinha notícias há provavelmente dez anos. Fui ler, e concluí que – em termos de egocentrismo e narcisismo – não sou nada. Foi um golpe na minha auto-estima. Eu descobri que não sou o maior megalomaníaco do mundo…
A primeira característica que salta aos olhos ao ler o site é que ele se refere a si mesmo em terceira pessoa, o tempo todo. De cara, vi que ele era dos bons. Mas ele foi adiante: o site tem uma biografia dele, romantizada, além de seus projetos profissionais futuros. Ali, públicos. E notícias. Notícias sobre ele, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa. E não é um blog, que fique bem claro.
Confesso que fiquei com inveja. Nem eu consigo ser tão megalomaníaco.
Mas ele tem o meu total apoio.
Se ele está feliz assim, quem sou para julgar?
Até.
terça-feira, janeiro 16, 2007
Pequeno comentário no meio do dia
Porto Alegre, céu azul, 25ºC.
Toronto, nublado, -11ºC.
Agora sim, as coisas estão nos seus devidos lugares. Estava preocupado com a ausência de frio e neve no inverno de Toronto esse ano. Megalomaníaco, já pensava: será que é minha culpa, já que me mudei para o Brasil?
Aliviado, já respiro com mais calma.
Até.
Toronto, nublado, -11ºC.
Agora sim, as coisas estão nos seus devidos lugares. Estava preocupado com a ausência de frio e neve no inverno de Toronto esse ano. Megalomaníaco, já pensava: será que é minha culpa, já que me mudei para o Brasil?
Aliviado, já respiro com mais calma.
Até.
segunda-feira, janeiro 15, 2007
A Sopa 06/26
Eu sou uma farsa, só fachada.
Descobri essa característica minha, assim, por acaso. O que demonstra minha inocência no que se refere a esse assunto, inocência que é, sob certo prisma, admissão de uma ingenuidade que eu não poderia ter. Sei lá, não é bom. O que quero dizer com isso?
Que essa aparência de modernidade, de estar em dia com as últimas novidades tecnológicas, é apenas um manto para encobrir o que realmente sou: um conservador, daqueles de usar pijamas com botões e chinelos e pantufas. Sou um velho, no fim das contas.
Como descobri isso?
Ao contrário do que a literatura pede, em termos de dramaticidade, não foi uma revelação bombástica, um momento transcendental, quase religioso. Não foi assim. Foi um processo lento, gradual, até a constatação final, uma demonstração de maturidade.
Começou com o telefone celular.
Para mim, celular, como o nome diz, deveria ser apenas isso, telefone. Nada mais. Essa coisa de celular com máquina fotográfica digital, MP3 player, máquina de xerox e cafeteira, sempre me pareceu exagero. Quanto mais simples, melhor, era o que eu pensava. O mesmo para máquina fotográfica: comprei uma faz som de máquina fotográfica ao bater fotos, como se tivesse filme para ser revelado. Como tem que ser. Como não poderia mudar.
Ao constatar isso, então, me vi diante da inevitável verdade.
Eu era um velho.
Isso foi no final do ano que terminou há quinze dias atrás. Quase como uma admissão da inevitabilidade do início do fim. Eu estava acabado. Já era.
Mas como sabemos que – com exceção da morte – nada é irreversível, tomei uma atitude. Decidi que não ia me entregar assim, sem lutar. Não foi sem um enorme esforço, mas estou começando a superar esse meu conservadorismo atávico.
Já estou louco pelo iPhone...
Até.
Descobri essa característica minha, assim, por acaso. O que demonstra minha inocência no que se refere a esse assunto, inocência que é, sob certo prisma, admissão de uma ingenuidade que eu não poderia ter. Sei lá, não é bom. O que quero dizer com isso?
Que essa aparência de modernidade, de estar em dia com as últimas novidades tecnológicas, é apenas um manto para encobrir o que realmente sou: um conservador, daqueles de usar pijamas com botões e chinelos e pantufas. Sou um velho, no fim das contas.
Como descobri isso?
Ao contrário do que a literatura pede, em termos de dramaticidade, não foi uma revelação bombástica, um momento transcendental, quase religioso. Não foi assim. Foi um processo lento, gradual, até a constatação final, uma demonstração de maturidade.
Começou com o telefone celular.
Para mim, celular, como o nome diz, deveria ser apenas isso, telefone. Nada mais. Essa coisa de celular com máquina fotográfica digital, MP3 player, máquina de xerox e cafeteira, sempre me pareceu exagero. Quanto mais simples, melhor, era o que eu pensava. O mesmo para máquina fotográfica: comprei uma faz som de máquina fotográfica ao bater fotos, como se tivesse filme para ser revelado. Como tem que ser. Como não poderia mudar.
Ao constatar isso, então, me vi diante da inevitável verdade.
Eu era um velho.
Isso foi no final do ano que terminou há quinze dias atrás. Quase como uma admissão da inevitabilidade do início do fim. Eu estava acabado. Já era.
Mas como sabemos que – com exceção da morte – nada é irreversível, tomei uma atitude. Decidi que não ia me entregar assim, sem lutar. Não foi sem um enorme esforço, mas estou começando a superar esse meu conservadorismo atávico.
Já estou louco pelo iPhone...
Até.
sábado, janeiro 13, 2007
Sábado
Se você anda preocupado com as mudanças climáticas dos últimos anos, sente-se impotente diante das perspectivas ambientais e também tem a impressão de que a cavalaria não virá nos ajudar; se você gostaria de poder fazer algo mas não sabe por onde começar, não tem certeza de que as suas ações causariam efeito e está disposto a mudar algo no seu dia a dia, então, adote esta idéia.
Salve a sua vida.
Esta é uma campanha voluntária, popular e internacional. Não tem patrocinador nem proprietário; ela é tão sua quanto minha e começa agora. Não espere convite ou intimação. É você quem decide.
Descubra o que você pode fazer para ajudar a salvar o planeta. Feche a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba; deixe o carro na garagem e use mais o transporte coletivo; desligue o ar-condicionado uma hora antes; não compre produtos da empresa que polui; troque o atum em lata por peixe fresco; exija que a prefeitura da sua cidade adote um programa eficaz de reciclagem de lixo e controle se ele realmente funciona; desenvolva atividades ao ar livre com seus alunos; descubra como substituir as embalagens da sua empresa por material reciclado e biodegradável; divulgue a campanha no jornal, rádio ou tv onde você trabalha e informe os resultados periodicamente; use somente metade das lâmpadas do escritório e da sua casa; desenvolva um equipamento anti-poluente. Enfim, tem sempre alguma coisa que pode ser feita.
Convide a sua associação, a sua comunidade ou seus amigos a descobrirem como podemos salvar a Terra com pequenas ou grandes ações, cada um fazendo o que for possível. Participe, divulgue e incentive, mas não espere por ninguém.
Faça a sua parte.
Essa é uma camapanha que nasceu (está nascendo) da preocupação de muitos - como o Allan, a Lúcia Malla e a Ana Paula - com o futuro do nosso planeta que, em suma, é o nosso futuro.
Até.
Salve a sua vida.
Esta é uma campanha voluntária, popular e internacional. Não tem patrocinador nem proprietário; ela é tão sua quanto minha e começa agora. Não espere convite ou intimação. É você quem decide.
Descubra o que você pode fazer para ajudar a salvar o planeta. Feche a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba; deixe o carro na garagem e use mais o transporte coletivo; desligue o ar-condicionado uma hora antes; não compre produtos da empresa que polui; troque o atum em lata por peixe fresco; exija que a prefeitura da sua cidade adote um programa eficaz de reciclagem de lixo e controle se ele realmente funciona; desenvolva atividades ao ar livre com seus alunos; descubra como substituir as embalagens da sua empresa por material reciclado e biodegradável; divulgue a campanha no jornal, rádio ou tv onde você trabalha e informe os resultados periodicamente; use somente metade das lâmpadas do escritório e da sua casa; desenvolva um equipamento anti-poluente. Enfim, tem sempre alguma coisa que pode ser feita.
Convide a sua associação, a sua comunidade ou seus amigos a descobrirem como podemos salvar a Terra com pequenas ou grandes ações, cada um fazendo o que for possível. Participe, divulgue e incentive, mas não espere por ninguém.
Faça a sua parte.
Essa é uma camapanha que nasceu (está nascendo) da preocupação de muitos - como o Allan, a Lúcia Malla e a Ana Paula - com o futuro do nosso planeta que, em suma, é o nosso futuro.
Até.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Sobre a Cicarelli e o You Tube
Indecente não é o sexo. Indecente não é acessar o vídeo.
Indecente é a censura. Indecente e inútil.
Por Reinaldo Azevedo
O YouTube está fora do ar no Brasil. Uma modelo, de 27 anos, e seu namorado, de 33, ainda não aprenderam uma lição que qualquer criança de cinco anos já sabe, e o resultado é a volta da censura no Brasil. É um esculacho. É um acinte. É uma vergonha. Além de expor ao mundo a ignorância específica da Justiça brasileira. Daniela Cicarelli despontou para a fama como uma princesinha. Está à beira se tornar a bruxa das liberdades individuais. E qual é a lição que o casal ainda não aprendeu?
Há coisas que a gente pode fazer em público, e há outras que não pode. Sexo em público pode? Costuma ser vetado pela legislação, até onde sei, de todos os países. Ainda assim, se você for tomado pelo impulso irrefreável de juntar aquilo àquilo aos olhos de toda gente, deve saber que alguma conseqüência lhe pode advir. Talvez lhe renda até um processo se os presentes não estiverem dispostos a partilhar de sua, como chamarei?, incontinência venérea. Outro eventual dissabor — foi mesmo um dissabor? — é ser fotografado ou filmado e cair no mundo. Estamos na era da economia da informação. Sei bem. Cicarelli não é juíza. Converso daqui a pouco com o juiz Lincon Antônio Andrada de Moura, da 33ª Vara Cível de São Paulo. Quero antes falar mais um pouco sobre indivíduos e suas responsabilidades.
Com a devida vênia: papai e mamãe ensinam em casa que você, depois de certa idade, não sai mostrando o piu-piu por aí, não é mesmo? No caso das mocinhas, há certas regras para sentar quando começam a usar saias. Crescer corresponde a interiorizar repressões que tornam a vida em sociedade possível. Se eu fosse falar de Freud, então, Cicarelli poderia ficar assustada. Tenho vontade de ensinar à moça que a civilização nasce da repressão do desejo e se consolida com as liberdades individuais. Ela, coitadinha, fez justamente o contrário: não conseguiu reprimir um e depois tentou reprimir o outro.
Na adolescência, os hormônios nos empurram para beijos ardentes no cinema, na estação de metrô, nos corredores de shopping, no muro atrás da escola. Os adolescentes só são seres suportáveis porque um dia envelhecem. Fossem uma categoria permanente, deveriam ser trancafiados numa jaula. Mas calma lá... Cicarelli e Tato Malzoni não são dois jovenzinhos. Quem transa em público usa essa publicidade como combustível do seu desejo. O risco — eventualmente, a certeza — de ser visto é que torna a brincadeira mais interessante, certo?
Ainda sobre a questão das responsabilidades individuais: a ex-mulher de Ronaldo, o Fenômeno, transa à luz do dia no país em que seu ex-marido é um ídolo, depois de um casamento e de uma separação igualmente ruidosos, e fica entre espantada e agravada porque foi filmada? O sucesso subiu à cabeça de Cicarelli. E pode empurrá-la para o desastre.
Agora a Justiça
Decisão judicial é para ser cumprida, claro, mas só em democracias à moda da China ou do Irã, que também censuram a Internet, é proibido lamentá-la. O juiz Lincon Antônio Andrade Moura não mandou exatamente tirar o YouTube do ar. Ele apenas ordenou que se instalasse um filtro para impedir o acesso ao vídeo do casal ardente — que, não custa lembrar, contrariava as leis espanholas ao fazer sexo em público — impossível de ser instalado. Logo, na prática, determinou que milhões de brasileiros fossem punidos por causa de:
- uma parcela ínfima que acessava o material que motivou a ação judicial;
- um casal que não aprendeu as regras básicas da convivência social, a começar das leis do país onde são recebidos como turistas.
Pergunto ao dr. Lincon:
- por que eu também tenho de ser punido pelo ato — nem vou dizer “crime” — que não cometi?;
- o sr. se informou, antes de assinar a sentença, sobre a sua pertinência técnica?;
- o que o sr. acha sobre juízes que punem coletividades por conta da ação praticada por alguns indivíduos?
A notícia correu o planeta. Por conta de Daniela, Malzoni e do juiz Andrade Moura, somos hoje, como povo, um pouco mais ridículos, um pouco mais patéticos, um pouco mais bocós, um pouco mais fim do mundo. É bom que as pessoas comprometidas com as liberdades públicas no país comecem a se mobilizar. A liberdade de expressão e as liberdades individuais, no Brasil, no fim das contas, podem depender de um homem. De um único juiz.
A transa na praia, não vi, pode ter sido um tanto ridícula. Mas talvez não tenha sido indecente. A indecência só veio depois.
Indecente é a censura. Indecente e inútil.
Por Reinaldo Azevedo
O YouTube está fora do ar no Brasil. Uma modelo, de 27 anos, e seu namorado, de 33, ainda não aprenderam uma lição que qualquer criança de cinco anos já sabe, e o resultado é a volta da censura no Brasil. É um esculacho. É um acinte. É uma vergonha. Além de expor ao mundo a ignorância específica da Justiça brasileira. Daniela Cicarelli despontou para a fama como uma princesinha. Está à beira se tornar a bruxa das liberdades individuais. E qual é a lição que o casal ainda não aprendeu?
Há coisas que a gente pode fazer em público, e há outras que não pode. Sexo em público pode? Costuma ser vetado pela legislação, até onde sei, de todos os países. Ainda assim, se você for tomado pelo impulso irrefreável de juntar aquilo àquilo aos olhos de toda gente, deve saber que alguma conseqüência lhe pode advir. Talvez lhe renda até um processo se os presentes não estiverem dispostos a partilhar de sua, como chamarei?, incontinência venérea. Outro eventual dissabor — foi mesmo um dissabor? — é ser fotografado ou filmado e cair no mundo. Estamos na era da economia da informação. Sei bem. Cicarelli não é juíza. Converso daqui a pouco com o juiz Lincon Antônio Andrada de Moura, da 33ª Vara Cível de São Paulo. Quero antes falar mais um pouco sobre indivíduos e suas responsabilidades.
Com a devida vênia: papai e mamãe ensinam em casa que você, depois de certa idade, não sai mostrando o piu-piu por aí, não é mesmo? No caso das mocinhas, há certas regras para sentar quando começam a usar saias. Crescer corresponde a interiorizar repressões que tornam a vida em sociedade possível. Se eu fosse falar de Freud, então, Cicarelli poderia ficar assustada. Tenho vontade de ensinar à moça que a civilização nasce da repressão do desejo e se consolida com as liberdades individuais. Ela, coitadinha, fez justamente o contrário: não conseguiu reprimir um e depois tentou reprimir o outro.
Na adolescência, os hormônios nos empurram para beijos ardentes no cinema, na estação de metrô, nos corredores de shopping, no muro atrás da escola. Os adolescentes só são seres suportáveis porque um dia envelhecem. Fossem uma categoria permanente, deveriam ser trancafiados numa jaula. Mas calma lá... Cicarelli e Tato Malzoni não são dois jovenzinhos. Quem transa em público usa essa publicidade como combustível do seu desejo. O risco — eventualmente, a certeza — de ser visto é que torna a brincadeira mais interessante, certo?
Ainda sobre a questão das responsabilidades individuais: a ex-mulher de Ronaldo, o Fenômeno, transa à luz do dia no país em que seu ex-marido é um ídolo, depois de um casamento e de uma separação igualmente ruidosos, e fica entre espantada e agravada porque foi filmada? O sucesso subiu à cabeça de Cicarelli. E pode empurrá-la para o desastre.
Agora a Justiça
Decisão judicial é para ser cumprida, claro, mas só em democracias à moda da China ou do Irã, que também censuram a Internet, é proibido lamentá-la. O juiz Lincon Antônio Andrade Moura não mandou exatamente tirar o YouTube do ar. Ele apenas ordenou que se instalasse um filtro para impedir o acesso ao vídeo do casal ardente — que, não custa lembrar, contrariava as leis espanholas ao fazer sexo em público — impossível de ser instalado. Logo, na prática, determinou que milhões de brasileiros fossem punidos por causa de:
- uma parcela ínfima que acessava o material que motivou a ação judicial;
- um casal que não aprendeu as regras básicas da convivência social, a começar das leis do país onde são recebidos como turistas.
Pergunto ao dr. Lincon:
- por que eu também tenho de ser punido pelo ato — nem vou dizer “crime” — que não cometi?;
- o sr. se informou, antes de assinar a sentença, sobre a sua pertinência técnica?;
- o que o sr. acha sobre juízes que punem coletividades por conta da ação praticada por alguns indivíduos?
A notícia correu o planeta. Por conta de Daniela, Malzoni e do juiz Andrade Moura, somos hoje, como povo, um pouco mais ridículos, um pouco mais patéticos, um pouco mais bocós, um pouco mais fim do mundo. É bom que as pessoas comprometidas com as liberdades públicas no país comecem a se mobilizar. A liberdade de expressão e as liberdades individuais, no Brasil, no fim das contas, podem depender de um homem. De um único juiz.
A transa na praia, não vi, pode ter sido um tanto ridícula. Mas talvez não tenha sido indecente. A indecência só veio depois.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Estranho
Ontem, enquanto dava uma carona para a Jacque até o dentista, que é perto aqui de casa, ao cruzar a Avenida Independência, não pudemos deixar de notar um movimento diferente de pedestres: muitos, todos jovens (quase crianças, nos pareceu), andando em grupos, com os rostos e roupas sujos de tinta.
Primeiro pensamento foi: saiu o listão dos aprovados no vestibular da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Mas como, se a última prova fora naquela mesma manhã? Ou eles estão corrigindo redações em tempo recorde, ou alguma outra coisa estava acontecendo. Só um pouco mais tarde descobri o motivo da festa, das roupas e rostos pintados.
Estavam celebrando o FINAL do vestibular.
Ah, tá.
Não importa se passou ou não, o lance é celebrar o final das provas. Se não passou, azar, papai paga o cursinho pré-vestibular ano que vem. É isso, então?
Não deve ser, imagino.
Sou do tempo em que só quem comemorava, com tintas e muita festa, eram os aprovados, que depois circulavam pelo centro da cidade exibindo orgulhosamante sua "sujeira", que haviam conquistado depois de muito esforço. Aquilo era um prêmio. Se não passasse, sem festa, meu brother, só no ano seguinte. Agora tudo mudou e todo mundo faz festa.
Tem o lado positivo, claro. Todos devem comemorar, afinal se esforçaram (alguns nem tanto, mas não vem ao caso) e o resultado final é (quase) secundário. Festeja-se o final desse esforço. Me pergunto: o esforço, quem sabe até o passar no vestibular (assim como o passar de ano na escola) não é nada mais que a obrigação? Principalmente para aqueles que tem tempo de se preparar, sem precisar trabalhar de dia e estudar à noite, etc e tal?
Acho que é. No meu tempo, ao menos, era.
Mas talvez hoje seja diferente, sei lá.
Vai saber.
Até.
Primeiro pensamento foi: saiu o listão dos aprovados no vestibular da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Mas como, se a última prova fora naquela mesma manhã? Ou eles estão corrigindo redações em tempo recorde, ou alguma outra coisa estava acontecendo. Só um pouco mais tarde descobri o motivo da festa, das roupas e rostos pintados.
Estavam celebrando o FINAL do vestibular.
Ah, tá.
Não importa se passou ou não, o lance é celebrar o final das provas. Se não passou, azar, papai paga o cursinho pré-vestibular ano que vem. É isso, então?
Não deve ser, imagino.
Sou do tempo em que só quem comemorava, com tintas e muita festa, eram os aprovados, que depois circulavam pelo centro da cidade exibindo orgulhosamante sua "sujeira", que haviam conquistado depois de muito esforço. Aquilo era um prêmio. Se não passasse, sem festa, meu brother, só no ano seguinte. Agora tudo mudou e todo mundo faz festa.
Tem o lado positivo, claro. Todos devem comemorar, afinal se esforçaram (alguns nem tanto, mas não vem ao caso) e o resultado final é (quase) secundário. Festeja-se o final desse esforço. Me pergunto: o esforço, quem sabe até o passar no vestibular (assim como o passar de ano na escola) não é nada mais que a obrigação? Principalmente para aqueles que tem tempo de se preparar, sem precisar trabalhar de dia e estudar à noite, etc e tal?
Acho que é. No meu tempo, ao menos, era.
Mas talvez hoje seja diferente, sei lá.
Vai saber.
Até.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Eu e meus textos
De tempos em tempos, acabo envolvido em algum mal entendido por algo que eu escrevi aqui. Agora menos, claro, afinal a audiência desse blog diminui a olhos vistos. Entre as razões para tanto, imagino que "perdi a graça" por ter voltado do exílio. Não sou mais o cara morando longe de casa e se lamentando de saudades...
De qualquer maneira, não era disso que queria falar.
Republiquei ontem aqui um texto de 2005, em que dizia que não gostava de, ao invés de receber e-mails pessoais de amigos, receber essas correntes que terminavam dizendo "envie isso para seus amigos". Disse que eu não "era amigo suficiente".
Por coincidência, ou azar, eu acabara de receber um e-mail encaminhado por um amigo, que não era aqueles "de música e com fotos de flores ou nenês" que eu havia criticado, mas nem tinha lido. Aconteceu a coincidência dos eventos, ele enviar e eu publicar o texto. Uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Infelicidade minha, no fim das contas, porque ele leu o texto que publiquei e se sentiu atingido.
Não foi uma mensagem a ele, mas admito que ele tinha todo o direito de pensar que era. Uma sequência de eventos lógica, mas não necessariamente interligados. Quase como o caso em que saí de casa de chapéu e choveu. Não choveu porque eu saí de chapéu, mas a sequência de eventos ocorreu.
Não tinha como ele saber que uma coisa não teve relação com a outra.
Por isso, esclareci a ele por e-mail.
Como esclarecimento geral, apenas reafirmo que quando quero dar um recado a alguém através de um texto, eu sou direto e "dou nome aos bois".
Até.
De qualquer maneira, não era disso que queria falar.
Republiquei ontem aqui um texto de 2005, em que dizia que não gostava de, ao invés de receber e-mails pessoais de amigos, receber essas correntes que terminavam dizendo "envie isso para seus amigos". Disse que eu não "era amigo suficiente".
Por coincidência, ou azar, eu acabara de receber um e-mail encaminhado por um amigo, que não era aqueles "de música e com fotos de flores ou nenês" que eu havia criticado, mas nem tinha lido. Aconteceu a coincidência dos eventos, ele enviar e eu publicar o texto. Uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Infelicidade minha, no fim das contas, porque ele leu o texto que publiquei e se sentiu atingido.
Não foi uma mensagem a ele, mas admito que ele tinha todo o direito de pensar que era. Uma sequência de eventos lógica, mas não necessariamente interligados. Quase como o caso em que saí de casa de chapéu e choveu. Não choveu porque eu saí de chapéu, mas a sequência de eventos ocorreu.
Não tinha como ele saber que uma coisa não teve relação com a outra.
Por isso, esclareci a ele por e-mail.
Como esclarecimento geral, apenas reafirmo que quando quero dar um recado a alguém através de um texto, eu sou direto e "dou nome aos bois".
Até.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
A Sopa 06/25
Vou parecer antipático hoje.
Não sou amigo o suficiente.
Há muito anos amigos, existe entre nós, Márcio, Radica e eu, assim como acontece com qualquer grupo de amigos de muito tempo, algumas expressões, piadas e brincadeiras que são características nossas. Não exclusivas e nem únicas, apenas típicas do nosso convívio. Normalmente são bem infantis, pois é justamente com os amigos que podemos ser muito infantis.
Como lá se vão vinte anos que convivemos, é natural que tenhamos muitas dessas expressões e brincadeiras e piadas. Algumas tornaram-se obsoletas e perderam a graça, outras continuam vivas e fortes. Uma delas tem relação com título deste texto, e é usada como forma de chantagem emocional ou apenas para incomodarmos um ao outro. Por exemplo, foi esta pergunta, “Será que és amigo o suficiente?” que usamos volta e meia como forma de chantagem para convencer uns aos outros a fazer algo ou mesmo apenas para implicarmos.
Pois bem, de um forma geral, acho que não sou amigo o suficiente.
Por quê?
Porque eu não gosto e não respondo àqueles e-mails que mandam com um arquivo do PowerPoint com uma apresentação que pode ter música (e em geral tem) fotos de paisagens e uma mensagem que varia do ‘tenha um bom dia’ ao ‘já abraçou sua família hoje?’, passando por frases retiradas de livrinho de auto-ajuda atribuídas ao Dalai Lama. E que invarialvemente terminam com a mensagem “mande essa mensagem a todos os seus amigos, se você recebeu é porque alguém acha você especial”.
Pois bem, eu não me sinto especial por receber uma mensagem que alguém mandou para todo o seu catálogo de endereços, por melhor que tenha sido sua intenção. Nem o meu dia se ilumina quando recebo um e-mail com fotos de criança e flores.
Aliás, na maioria da vezes, eu nem abro os anexos, excluo-os direto. Se alguém espera alguma resposta minha, ou que re-encaminhe esse tipo de e-mail, pode desistir, dificilmente vou fazer isso. Não digo que nunca vá fazer, até pode acontecer um dia, mas é muito difícil. Por quê?
Simplesmente porque sou extremamente pessoal. Ou seja, quando eu quero dizer o que sinto ou desejo ou penso de ou para alguém, eu faço isso ao vivo, cara a cara. Claro que às vezes, como agora, em que a geografia não favorece e, estando em hemisfério diferente, acabo utilizando o e-mail (pessoal, para quem recebe) ou até o telefone.
Se, ao contrário de uma mensagem impessoal que mais cem pessoas vão receber também, mandasse apenas um e-mail dizendo “Marcelo, tudo bem? Como estão as coisas? Por aqui…”, talvez aí realmente faria eu me sentir especial. E acho que não sou o único.
(Publicado originalmente em 29 de março de 2005)
Até.
Não sou amigo o suficiente.
Há muito anos amigos, existe entre nós, Márcio, Radica e eu, assim como acontece com qualquer grupo de amigos de muito tempo, algumas expressões, piadas e brincadeiras que são características nossas. Não exclusivas e nem únicas, apenas típicas do nosso convívio. Normalmente são bem infantis, pois é justamente com os amigos que podemos ser muito infantis.
Como lá se vão vinte anos que convivemos, é natural que tenhamos muitas dessas expressões e brincadeiras e piadas. Algumas tornaram-se obsoletas e perderam a graça, outras continuam vivas e fortes. Uma delas tem relação com título deste texto, e é usada como forma de chantagem emocional ou apenas para incomodarmos um ao outro. Por exemplo, foi esta pergunta, “Será que és amigo o suficiente?” que usamos volta e meia como forma de chantagem para convencer uns aos outros a fazer algo ou mesmo apenas para implicarmos.
Pois bem, de um forma geral, acho que não sou amigo o suficiente.
Por quê?
Porque eu não gosto e não respondo àqueles e-mails que mandam com um arquivo do PowerPoint com uma apresentação que pode ter música (e em geral tem) fotos de paisagens e uma mensagem que varia do ‘tenha um bom dia’ ao ‘já abraçou sua família hoje?’, passando por frases retiradas de livrinho de auto-ajuda atribuídas ao Dalai Lama. E que invarialvemente terminam com a mensagem “mande essa mensagem a todos os seus amigos, se você recebeu é porque alguém acha você especial”.
Pois bem, eu não me sinto especial por receber uma mensagem que alguém mandou para todo o seu catálogo de endereços, por melhor que tenha sido sua intenção. Nem o meu dia se ilumina quando recebo um e-mail com fotos de criança e flores.
Aliás, na maioria da vezes, eu nem abro os anexos, excluo-os direto. Se alguém espera alguma resposta minha, ou que re-encaminhe esse tipo de e-mail, pode desistir, dificilmente vou fazer isso. Não digo que nunca vá fazer, até pode acontecer um dia, mas é muito difícil. Por quê?
Simplesmente porque sou extremamente pessoal. Ou seja, quando eu quero dizer o que sinto ou desejo ou penso de ou para alguém, eu faço isso ao vivo, cara a cara. Claro que às vezes, como agora, em que a geografia não favorece e, estando em hemisfério diferente, acabo utilizando o e-mail (pessoal, para quem recebe) ou até o telefone.
Se, ao contrário de uma mensagem impessoal que mais cem pessoas vão receber também, mandasse apenas um e-mail dizendo “Marcelo, tudo bem? Como estão as coisas? Por aqui…”, talvez aí realmente faria eu me sentir especial. E acho que não sou o único.
(Publicado originalmente em 29 de março de 2005)
Até.
sábado, janeiro 06, 2007
quinta-feira, janeiro 04, 2007
Resoluções
A primeira das minhas resoluções de ano novo foi uma condicionada a determinado evento: resolvi que passaria os três primeiros meses e quatro dias do ano de dois mil e sete sem comer doces com a condição de que determinado time vermelho do sul do Brasil alcançasse determinada conquista lá pros lado do Japão. Como TODO O MUNDO sabe, a condição foi alcançada. Logo, entrei o ano e suspendi o consumo de doces.
Somado a isso, tinha o problema do meu peso. Estava MUITO acima do que eu gostaria e um POUCO acima do recomendado. Uni o útil ao agradável: entrei o ano sem doces e de dieta. Super na boa, super-motivado.
E o meu pedido de Natal, feito no final de novembro?
Que o time vermelho do sul do mundo fosse bi na Ásia em 2007...
Até.
Somado a isso, tinha o problema do meu peso. Estava MUITO acima do que eu gostaria e um POUCO acima do recomendado. Uni o útil ao agradável: entrei o ano sem doces e de dieta. Super na boa, super-motivado.
E o meu pedido de Natal, feito no final de novembro?
Que o time vermelho do sul do mundo fosse bi na Ásia em 2007...
Até.
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Nem sempre é sábado
Existe um axioma que diz que “em medicina às vezes se cura, geralmente se alivia e sempre se conforta”. Muito verdadeiro. Trabalhar em medicina significa estar sempre sendo lembrado dos limites da ciência e – principalmente – de nossas próprias limitações.
Não somos deuses, evidentemente, e muitas vezes não conseguimos curar o paciente de seu mal, o que o motivou a procurá-lo, na esperança de uma ajuda. Se não podemos curar, certamente temos a obrigação de oferecer o melhor possível, atenção e conforto. Em determinadas situações, devemos deixar a natureza seguir seu curso, até para evitar sofrimento ao paciente.
Digo isso porque estive frente à frente com uma situação dessas nos últimos dias: uma paciente com uma doença incurável, irreversível, em que – em comum acordo com a família – decidimos não levá-la para uma UTI ou entubá-la e colocá-la num respirador, caso ela entrasse em insuficiência respiratória. Simplesmente porque prolongaria seu sofrimento e o da família, que ficaria afastada desses em seus últimos momentos, sozinha, num ambiente pouco acolhedor. Daríamos conforto, analgésicos se tivesse dor, e esperaríamos o desfecho inevitável.
Aconteceu hoje cedo, exatamente na hora em que eu chegava para vê-la, a tempo de constatar o óbito. Fiquei com a família enquanto os procedimentos burocráticos eram feitos.
Triste, mas certo de que cumpri com o meu dever como médico e ser humano.
Até.
Não somos deuses, evidentemente, e muitas vezes não conseguimos curar o paciente de seu mal, o que o motivou a procurá-lo, na esperança de uma ajuda. Se não podemos curar, certamente temos a obrigação de oferecer o melhor possível, atenção e conforto. Em determinadas situações, devemos deixar a natureza seguir seu curso, até para evitar sofrimento ao paciente.
Digo isso porque estive frente à frente com uma situação dessas nos últimos dias: uma paciente com uma doença incurável, irreversível, em que – em comum acordo com a família – decidimos não levá-la para uma UTI ou entubá-la e colocá-la num respirador, caso ela entrasse em insuficiência respiratória. Simplesmente porque prolongaria seu sofrimento e o da família, que ficaria afastada desses em seus últimos momentos, sozinha, num ambiente pouco acolhedor. Daríamos conforto, analgésicos se tivesse dor, e esperaríamos o desfecho inevitável.
Aconteceu hoje cedo, exatamente na hora em que eu chegava para vê-la, a tempo de constatar o óbito. Fiquei com a família enquanto os procedimentos burocráticos eram feitos.
Triste, mas certo de que cumpri com o meu dever como médico e ser humano.
Até.
terça-feira, janeiro 02, 2007
Feriado
Passamos o final de semana prolongado de ano novo em casa, em Porto Alegre, enquanto o mundo parece ter ido ao litoral norte do Rio Grande do Sul. Faltou água, gelo, o trânsito esteve caótico, a volta ontem foi um inferno.
E nós aqui, na boa.
Nem os spammers trabalharam: não chegou NENHUM email durante o final de semana.
Nunca tinha visto isso.
Até.
E nós aqui, na boa.
Nem os spammers trabalharam: não chegou NENHUM email durante o final de semana.
Nunca tinha visto isso.
Até.
segunda-feira, janeiro 01, 2007
Assinar:
Postagens (Atom)