Eu sempre pensei que eu fosse um narcisista profissional.
Você sabe, um egocêntrico por profissão, uma pessoa conhecida por todos como alguém que sinceramente pensa que o mundo gira em torno de si. Alguém que não pode ver um espelho que tem que parar para conferir o penteado, a forma física, o porte. Que merecesse ser tratado por Senhor Narcisista.
Melhor: alguém que, quando falasse de si, o fizesse na terceira pessoa. Quem apontou essa característica (mesmo não identificando o portador dela como um narcisista profissional) foi o Henrique, numa das nossas conversas em algum pub aqui de Toronto. E eu fiz associação: falar de si na terceira pessoa é o cúmulo do narcisismo. Era o que eu achava.
Mas sou um amador.
Cheguei ontem, por acaso, no website de uma pessoa que estudou na mesma faculdade que eu, e de quem não tinha notícias há provavelmente dez anos. Fui ler, e concluí que – em termos de egocentrismo e narcisismo – não sou nada. Foi um golpe na minha auto-estima. Eu descobri que não sou o maior megalomaníaco do mundo…
A primeira característica que salta aos olhos ao ler o site é que ele se refere a si mesmo em terceira pessoa, o tempo todo. De cara, vi que ele era dos bons. Mas ele foi adiante: o site tem uma biografia dele, romantizada, além de seus projetos profissionais futuros. Ali, públicos. E notícias. Notícias sobre ele, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa. E não é um blog, que fique bem claro.
Confesso que fiquei com inveja. Nem eu consigo ser tão megalomaníaco.
Mas ele tem o meu total apoio.
Se ele está feliz assim, quem sou para julgar?
Até.
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