quarta-feira, janeiro 17, 2007

Apenas um amador

Eu sempre pensei que eu fosse um narcisista profissional.

Você sabe, um egocêntrico por profissão, uma pessoa conhecida por todos como alguém que sinceramente pensa que o mundo gira em torno de si. Alguém que não pode ver um espelho que tem que parar para conferir o penteado, a forma física, o porte. Que merecesse ser tratado por Senhor Narcisista.

Melhor: alguém que, quando falasse de si, o fizesse na terceira pessoa. Quem apontou essa característica (mesmo não identificando o portador dela como um narcisista profissional) foi o Henrique, numa das nossas conversas em algum pub aqui de Toronto. E eu fiz associação: falar de si na terceira pessoa é o cúmulo do narcisismo. Era o que eu achava.

Mas sou um amador.

Cheguei ontem, por acaso, no website de uma pessoa que estudou na mesma faculdade que eu, e de quem não tinha notícias há provavelmente dez anos. Fui ler, e concluí que – em termos de egocentrismo e narcisismo – não sou nada. Foi um golpe na minha auto-estima. Eu descobri que não sou o maior megalomaníaco do mundo…

A primeira característica que salta aos olhos ao ler o site é que ele se refere a si mesmo em terceira pessoa, o tempo todo. De cara, vi que ele era dos bons. Mas ele foi adiante: o site tem uma biografia dele, romantizada, além de seus projetos profissionais futuros. Ali, públicos. E notícias. Notícias sobre ele, referindo-se a si mesmo em terceira pessoa. E não é um blog, que fique bem claro.

Confesso que fiquei com inveja. Nem eu consigo ser tão megalomaníaco.

Mas ele tem o meu total apoio.

Se ele está feliz assim, quem sou para julgar?

Até.

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