O tempo havia parado, e aquilo que pareceu uma eternidade para todos nós durou apenas os segundos entre o estrondo de alguém batendo em nossa traseira e o meu movimento de sair do carro em plena périphérique movimentada de sábado de manhã.
Desci do carro ainda sem acreditar que – nos primeiros minutos de nossa viagem – estávamos envolvidos em um acidente de trânsito do qual não tínhamos culpa nenhuma. Caminhei até atrás do carro onde estava parado o carro que batera em nós e sua motorista: era um Renault Clio, um modelo antigo, dirigido por uma “menina” de traços indianos, que – logo descobri – não falava quase nada de inglês. Mesmo assim, conseguimos nos comunicar, e ela dizia que não havia sido nada demais, e que estava com pressa porque tinha que pegar um vôo no aeroporto de Orly e estava atrasada.
Ao olhar a traseira do nosso carro percebia-se que havia sido batido, mas realmente parecia pouca coisa, e abri a porta traseira para testar se estava abrindo e fechando direito, e estava. Ela dizia que não era nada, e resolvi ligar para a Avis, que nos alugara o carro. Com o celular do Paulo, liguei para o número indicado e falei com um funcionário que me disse que mandaria um guincho. Guincho?! Disse a ele que o carro estava funcionando, mas eu precisava de uma orientação de como proceder. Respondeu ele que então não era com ele, eu deveria chamar a polícia.
Neste meio tempo, enquanto eu conversava com a Avis, o Paulo saiu do carro (até aqui ninguém saíra exceto eu) com a câmera de vídeo para registrar o acontecido. A Sônia – nome da boca abeta que tinha batido em nós – enlouqueceu: disse que ele não podia fazer aquilo, que não era permitido, que ia chamar a polícia. Até pensei “tudo bem, pode chamar”, mas lembrei que aí sim, tudo atrasaria. Lembrando também do seguro do carro que era total e irrestrito sem franquias, achamos melhor deixar tudo para lá e seguimos viagem em direção à Annecy, quinhentos quilômetros adiante. Já na auto-estrada, logo que deu paramos num Autogrill para um lanche e comprar as primeiras provisões para o passeio.
Nossa primeira parada foi na cidade de Auxerre, na Borgonha, meio caminho entre Paris e Dijon, eleita “a típica cidade francesa”. Foi uma parada rápida, pois não era nosso destino final. De qualquer forma, pudemos dar uma caminhada pelo centro da cidade, visitando a catedral de St.-Étienne, construída entre os séculos XI e XIII, e cujos vitrais estão entre os mais belos de toda a França. É claro que a parada serviu também para podermos, pela primeira vez na viagem, sentar em uma mesa na calçada e tomarmos uma Kronenbourg 1664.
Após a pausa, seguimos direto para Annecy, falando bobagens e rindo muito, antecipando o que seria uma constante durante toda a viagem. Chegamos em Annecy no começo da noite, e não foi muito difícil achar o Hotel Íbis Centreville, que havíamos reservado com antecedência. Bem localizado, tem bem ao lado um estacionamento público coberto que é conveniado com o hotel.
Foi nossa primeira experiência de estacionar a Combi: o Paulo dirigindo e eu fora do carro conferindo se não entalaríamos na entrada. Devagar, passou rente à demarcação de altura máxima. Quase não entra. Fizemos checkin, e marcamos de nos encontrar um pouco mais tarde para sairmos para jantar.
Foi quando descobrimos a Copa do Mundo de Rugby.
Como nos afetou?
Semana que vem, semana que vem.
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Fui violentamente advertido a respeito de uma informação que não dei no texto da semana passada: quem ganhou o jogo de boliche no shopping de Guarulhos foi o Pedro. Isso o primeiro jogo, porque no segundo quem fez mais pontos – e, portanto, ganhou – fui eu. Claro que o fato de eu ter jogado uma rodada a mais no momento em que acabou o tempo é um mero detalhe...
Até.
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