Há uma antiga música dos Paralamas do Sucesso, chamada Tendo a Lua que diz que “Eu hoje joguei tanta coisa fora / Eu vi o meu passado passar por mim / Cartas e fotografias / Gente que foi embora / A casa fica bem melhor assim”. Esse final de semana foi mais ou menos essa música para mim.
Há tempos planejava fazer uma grande arrumação nas minhas coisas, basicamente nos meus arquivos – pessoais e documentos – para fazer jogar fora tudo o que não tinha mais sentido guardar. Tenho por hábito guardar papéis: contas pagas, recibos, notas, escritos antigos, rascunhos de idéias, textos incompletos, fragmentos de poesias escritas, letras de músicas compostas, tudo, o que faz que tenha uma quantidade crescente de lixo acumulado.
Por isso, desde sábado de manhã comecei a arrumar todos esses papéis que mantinha guardado, jogando fora o que não fazia mais sentido guardar ou que era muito ruim, ainda mantendo alguns deles por razões sentimentais e – com relação a documentos – catalogando todos os gastos com contas fixas aqui em casa desde que casamos e viemos morar aqui. Obsessivo, eu sei, mas gosto desse tipo de organização.
O mais importante (interessante) foi o trabalho quase de arqueólogo que fiz, revirando o meu próprio passado. Encontrei textos datilografados na velha (hoje em dia) máquina de escrever Olivetti que tínhamos em casa, alguns em tinta vermelha, cartas manuscritas e nunca enviadas a amigos, textos de reflexão sobre o que ocorria comigo na época. Textos escritos há cerca de vinte anos, cheios de dúvidas e esperanças com relação ao futuro. A maior parte deles teve como destino o lixo, pois não representam nada mais, o que torna sem sentido mantê-los. Alguns poucos, contudo, já mostram traços de quem eu viria me tornar nos anos seguinte, o que é bem interessante.
Encontrei fotos antigas, também. Fotos, contudo, eu não jogo fora. Nunca. Por pior que eu tenha saído nas fotos que tenho guardadas, esse tipo de registro devo manter e, melhor ainda, digitalizar. As fotos 3x4 de velhas carteirinhas, então, são uma dor de ver, mas são registros de como fui...
Até “A VaCA” eu encontrei.
A VaCA foi um jornal de única edição que fizemos em 1988, nós o grupo do fundo, um marco na história do jornalismo mundial e que teve uma única edição de um único exemplar (eu acho), e que está em minha posse. Dos três integrantes do corpo editorial que não se perderam por aí, um mora em São Paulo, o outro é pai da Mariana e o terceiro é esse que vos escreve.
Foi um final de semana de lembranças do passado, agora que o futuro chega em no máximo três semanas.
Estou pronto.
Até.
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