Dois mil e nove.
Fiquei me perguntando, nesses últimos dias, o que esperar do ano que recém começa? O que esperar de mim mesmo, dos outros, do mundo, em geral?
A última semana, que passei longe de computadores e Internet, começou com o mesmo ritual matinal: acordava, olhava no espelho e dizia em voz alta, “Sou Marcelo, e este é mais um dia que não estarei online”. Por incrível que possa parecer, não senti falta de olhar e-mails, algo que se tornou parte de minha rotina (diversas vezes por dia) nos últimos anos, em que até em viagens procurava hotel com acesso para poder checá-los. Temi que estivesse dependente, o que não se confirmou nessa semana de curtas férias que ainda não terminaram (estou de passagem, essa noite em casa, entre o litoral norte e a costa doce).
Já faz um tempo, desde que não moro mais na casa dos meus pais e que os amigos da “turma da praia” não mais vão para lá, que ir para praia significa convivência familiar total. Desde o café da manhã juntos, café passado com leite, pão francês com schimier e nata, chimarrão antes do almoço e no final de tarde, ficar conversando na mesa após a janta, essas coisas, de voltar a ser filho e que esse ano teve o diferencial de também ser pai, e termos a Marina lá para todos curtirem e mimarem e sorrirem a cada gesto e sorriso dela, tudo isso mantém em mim a magia que sempre envolveu a praia. Se antes era a turma, o vôlei da manhã e o futebol do final de tarde, as saídas e as madrugadas sentados no muro na volta das festas, agora – mais que nunca – praia é família, tranquilidade e descanso.
E foi o que fiz por esses dias, de acordar cedo, dormir após o almoço, ler, andar um pouco de bicicleta, e ficar junto com os meus pais. Hoje, de volta em casa e antes de ir encontrar o outro lado da família, uma pausa para escrever a primeira Sopa do ano e me perguntar, uma vez mais, o que quero para o ano novo.
Dois mil e oito foi um ano em todos os aspectos marcante e especial. Competir com ele, ser melhor, é uma tarefa árdua. Pobre dois mil e nove! Como ser especial depois do ano em que nasceu a minha filha?
Não quero muito do novo ano.
Quero ser mais leve, não precisar carregar mais peso que o mínimo necessário. Para isso, conseguir me desfazer de alguns vícios, de algumas teimosias. Relevar algumas coisas, algumas pessoas. Quem sabe, selecionar alguns amigos, as amizades mais leves. Sabe como é, com amigos de verdade a gente não precisa fazer força para mantê-los por perto, mesmo que não geograficamente.
Amizade mesmo é fluida e paira no ar. Porém sólida como uma rocha. Bonne année.
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário