Volto a falar sobre a paternidade.
Há uns dois finais de semana, na praia, recebemos a visita de um casal de amigos que “estão grávidos” de um menino que nasce no próximo mês. Foi uma visita bem ao acaso: eles alugaram um casa na mesma praia em que estávamos e passaram lá em casa para ver se nos encontrávamos. Deu certo.
Apesar de ela estar quase ganhando (algo como trinta e três semanas na época) ainda não os tínhamos encontrado durante a gestação. Ao nos saudarmos, ato contínuo, por uma fração de segundo, coloquei a mão na barriga dela, onde está crescendo o Gabriel. Logo que fiz, tirei a mão como se tivesse levado um choque, porque uma lembrança me fulminou como um raio.
Eu detestava quando faziam isso com a Jacque.
Grande bobagem, eu sei, mas era algo como ciúmes (com ou sem acento?) da barriga. Pensava, cá com meus botões, “a filha é minha, só quem pode colocar a mão ali sou eu”. Como a civilização se baseia nisso, na sublimação de nossos instintos selvagem, consegui “trabalhar” esse sentimento doentio e fiquei na boa. O engraçado é que tinha ciúmes que tocassem na barriga, mas – depois que ela nasceu – não tenho ciúme de que peguem a Marina.
Por achar “invasivo” essa coisa de tocar na barriga, assim que fiz, instintivamente, já retirei a mão, meio que constrangido. De novo, sei que é bobagem, que as pessoas fazem para transmitir “bons fluidos” e tal, mas foi inevitável pensar “não faça com os outros aquilo que não queres que façam contigo”. É provável que num ainda hipotético segundo filho(a) eu esteja mais tranquilo.
Ainda sobre filhos, é impressionante como surgem preocupações diversas quando se é pai ou mãe. Escadas rolantes, por exemplo. São um perigo, quase uma máquina de moer carne.
Maldito o inventor da escada rolante!
Há cerca de um mês, quando fazíamos compras de Natal num grande shopping de Porto Alegre, de repente ouvimos uma gritaria de “Pare a escada, pare a escada!” e ouvimos um choro de criança.
A sandália do menino, de uns três anos, tinha ficado presa na escada. Por sorte, foi apenas um susto. Mas, por um curto período de tempo, imaginei se fosse com a minha menina. Mal estar pensar isso.
Na semana que passou, por outro lado, num shopping no litoral gaucho, um menino ficou com a mãozinha presa na escada e teve uma série lesão na mão, já tendo passado por duas cirurgias de reconstrução. Ao ouvir a notícia, consegui sentir quase a mesma dor só em pensar se isso acontecesse com a Marina. Tomei, então, uma decisão:
A Marina só vai andar sozinha de escada rolante depois dos dezoitos anos. Antes disso, só comigo a carregando.
E tenho dito.
Até.
2 comentários:
Simplesmente perfeito!!!
A Marina está linda demais!
Bjos ALine
Vc esta igual, mas ate melhor que meu hubby que diz que a nossa filha so ira sozinha no cinema qdo tiver 39 anos...Hj ela tem 9 anos e ja leva ele para onde quiser.
Com 2 anos ja subia e descia escadas rolantes ao contrario fugindo dele como uma malabarista e ele diz que perdeu os cabelos ali. Nao a leva mais ao Mall. Agora eh minha missao.
Ele tem horror a cachorros, mas anda apaixonado pelo caozinho dela.Alias ele que comprou apos muita conversa "dela".E assim por adiante...
PS: Ja vi este filme, mas PARABENS por esta crianca linda.
Marilia
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