segunda-feira, janeiro 25, 2010

A Sopa 09/24

Há alguns anos desenvolvi a teoria de que, a partir de um determinado momento da vida, não existe a situação de se estar “sem nenhum tipo de preocupação”. Explico.

À medida que crescemos, progressivamente nos são impostas responsabilidades perante o mundo em geral, e falo aqui em todos os âmbitos do viver. Normal, tranquilo até. Esperado.

Estudo, desde a escola primária (fundamental), secundária (o atual ensino médio) até o curso superior (para quem tem esse privilégio) e suas devidas pós-graduações. Esperam de você que constitua família, tenha filhos, tenha um emprego e sustente tudo isso. De novo, normal, natural (no sentido de estatisticamente mais freqüente). Com a maioria das pessoas é assim. Só que o preço que se paga por isso algumas vezes não é pequeno.

O emprego que paga mal, a renda que é insuficiente, a possibilidade do desemprego, de não conseguir pagar as contas, a família que envelhece, você que envelhece mais rápido ainda. Muitas vezes se perde o sono pensando em tudo isso, procurando saídas, talvez jogar na loteria, quem sabe a sorte sorria para você.

Sempre há algo com o que se preocupar.

Aparentemente, sempre falta algo para resolvermos, e – quando passa uma fase, ou ciclo – inicia-se outra. Isso provavelmente é o que chamam de estresse da vida moderna, e não temos muito como fugir disso.

Quando morei em Toronto, estive muito próximo disso, de poder trabalhar sem as tensões, as preocupações. Mas estava longe da família, o que incomodava. Depois da volta, sabia que seria um período de recomeço e que teria um bom tempo de ansiedades me aguardando. Em meio às muitas coisas boas que aconteceram depois que voltei, sendo a Marina a maior delas, sempre havia algo, uma cobrança me incomodando.

Até o final desse ano.

Antevéspera de Natal, último dia de trabalho do ano, entrei de férias. Sem preocupações, exceto descansar (o que não conta como ansiedade) ficar com a família e brincar com a Marina. Estava realizado, havia chegado onde queria.

Durou dez dias.

Mal começou o ano e e-mails e telefonemas ansiosos cobrando prazos, tarefas a serem cumpridas “para ontem”, relatórios para revisar de uma ida para outro, projetos a serem entregues em menos de uma semana.

Respirei fundo e segui em frente.

A vida é assim, paciência.

Até.

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