domingo, março 07, 2010

A Sopa 09/30

Eu gosto do verão.

Independente das minhas saudades do inverno, das tardes e noites silenciosas vendo a neve cair pela janela do apartamento no vigésimo primeiro andar onde eu morava em Toronto, da paz que essa imagem, a de tudo coberto de branco e o silêncio, sempre me trouxe, apesar disso, eu gosto muito do verão. Em Porto Alegre, principalmente.

“Como assim?”, deve estar se perguntando o estimado leitor que conhece ao menos um pouco o calor sufocante dos dias úmidos que caracterizam essa estação na capital mais meridional do Brasil. É impossível gostar desse calor em Porto Alegre, que esse ano foi tão intenso que levou as pessoas a criar o apelido “Forno Alegre”, para explicar a sensação provocada pelo tempo em um número significativo de dias nos meses que passaram. Até no litoral norte gaúcho o calor foi inclemente. É possível ficar feliz com um clima assim, ainda mais trabalhando normalmente em fevereiro, em Porto Alegre?

Pois eu gosto de Porto Alegre nessa época.

Basicamente porque uma parcela dos seus moradores deixa a cidade para tirar férias, e nós - os que ficamos – temos uma cidade bem mais tranqüila para vivermos. O trânsito mais calmo, as vagas de estacionamento, as filas menores nos restaurantes e cinemas, tudo é melhor. A cidade, deixada para nós que não tiramos férias no verão, é quase uma cidade interiorana na sua calma. Claro que esse fenômeno não é mais tão intenso quanto foi outrora, e nem é como acontece em feriadões, quando a cidade literalmente esvazia, mas ainda assim é uma fase melhor, talvez para começarmos o ano com maior disposição, sei lá.

O que sei é que começou março e tudo voltou ao seu normal.

O trânsito – detalhe significativo para quem passa boa parte de seu dia em deslocamentos, como eu – voltou a ficar mais travado, mais difícil e lento. Os shoppings centers estão lotados novamente, as pessoas lotam as praças de alimentação desses estabelecimentos, se batem em busca de lugar para sentar, essas selvagerias diárias que estavam amenizadas.

Diante disso, o que nos deixa mais tranqüilos é que março significa que estamos caminhando para o outono e o inverno, com seus dias mais curtos, o frio, os vinhos, o chimarrão quente e um olhar diferente sobre o mundo.

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Curling.

Você sabe, aquele jogo em que se lançam pedras de granito a deslizar sobre o gelo até pararem sobre um alvo, tipo de jogo de bocha para o inverno rigoroso. Não falei sobre esse interessante jogo de inverno durante a realização dos jogos de inverno em Vancouver para que ninguém ficasse curioso, assistisse e depois viesse me responsabilizar por isso.

Explico.

Assim como jogar War (aquele jogo que tem entre seus objetivos destruir os exércitos brancos ou conquistar Europa, Oceania e um terceiro continente a escolha) jogar, ou mesmo assistir, curling é algo que não deve ser feito para pessoas de férias ou que estão com vontade de relaxar, descansar. É um jogo longo e muito, muito tenso. Assisti-lo é quase um teste de esforço para o coração. Não recomendo para ninguém. Passei a utilizar remédios contra a pressão alta depois de virar fã de curling enquanto morava no Canadá. Não é fácil, a emoção é muito grande. E, como falei, é que nem jogar War. Não deveria ser jogado entre amigos, ou em finais de semana. Não vale o risco.

Só não se compara – na verdade, nada se compara – com jogar War 2 (a versão do jogo que tem os aviões). A ninguém deveria ser permitido jogar War 2, nunca. Ou só poderiam jogar com acompanhamento médico e psiquiátrico.

Cuidado com o curling e com o War, por favor.

Até.

Um comentário:

Allan Robert P. J. disse...

Quando, em 2006, aconteceram as Olimpíadas de inverno em Turim, também me apaixonei pelo curling. Mas não ao ponto de virar jogador, pois na Itália as poucas pistas existentes são poucas e mais ao norte. Mas realmente é um jogo muito interessante. Nunca joguei War 2.