domingo, maio 30, 2010

A Sopa 09/42

Tranqüilo.

Domingo à noite, sento em frente ao computador para preparar essa Sopa de todas as semanas, mas que tem sido negligenciada nos últimos tempos pela avalanche de acontecimentos que é a rotina da vida. O foco tem estado distante daqui, e a energia que vinha gastando nos últimos dois meses e meio – em especial – estava me privando de muitas coisas das quais eu não estava disposto a me privar, e sofria com isso, e desperdiçava mais energia ainda.

Uma merda, em resumo.

Quem acompanha essa Sopa de todos os domingos tem uma idéia do que estava acontecendo, e não vejo necessidade de explicar mais uma vez além das milhares de vezes as quais já tive de fazer. Explicarei, contudo, o que isso significou, enquanto experiência que leva à reflexão, como uma oportunidade de pensar a vida. Pensando bem, todas as situações de vida são oportunidades de se (re) pensar a vida, em maior ou menor intensidade.

Voltando ao meu umbigo, estava numa situação em que havia sido aprovado num concurso público e, ao tomar posse do cargo, estava sendo designado para exercer uma função totalmente diferente daquela para qual eu havia feito o concurso. Além de ilegal, uma total falta de bom senso. Primeiro, conversei educadamente e tentei encontrar uma solução pacífica. Não foi possível. Propuseram uma situação longe da ideal e ainda em desvio de função. Disse que topava, mas não houve acerto com o novo local. De volta à estaca zero, pressionei com mais intensidade e foram algumas semanas de conversas que resultaram numa reunião de duas horas que havia parecido resolver o problema, mas era alarme falso. Estaca zero novamente. Apelei ao bom senso, mas recomendaram procurar a justiça. Disse que não faria, e que se tinha que ser assim eu preferia pegar o meu boné e ir para casa. Anunciei que era o fim, e estava tranqüilo com isso.

Numa penúltima jogada (a última seria –metaforicamente falando – cair atirando) procurei instâncias superiores (ainda mais) e expus o caso, além de encaminhar um ofício. Uma semana após esse último (penúltimo, no caso) ato, recebi por telefone a confirmação de que eu estava certo e que tudo estava resolvido da forma correta. Aliviado, não me senti vitorioso. A justiça havia sido feita. Amanhã, vou tratar das questões burocráticas finais, e espero que se confirme o que me foi informado por telefone.

Mas de que serviu essa confusão?

Para eu, mais uma vez, confirmar aquilo que eu quero para a minha vida. Reafirmar quais são as coisas que realmente importam, aquilo pelo qual vale à pena lutar. Depois de dois meses confusos, em que perdi e tive que brigar para recuperar o controle sobre o meu tempo, já posso direcionar minha atenção a tudo o que faz sentido no meu mundo e que havia sido obrigado a deixar de lado temporariamente.

O sentido da vida.

Até.

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