Pode ser que eu esteja ficando velho, segunda parte.
Falem o que quiserem, mas eu estava torcendo para Argentina contra a Alemanha no jogo de ontem (vencido por inapeláveis quatro a zero pela seleção germânica). Com a derrota, minha torcida agora é pelo Uruguai. Soy celeste.
Poderia eu alegar minha ascendência alemã – meu bisavô materno veio de lá – para justificar a torcida para esta seleção, mas prefiro que a proximidade geográfica e cultural, a essas alturas muito mais forte que linhagem sanguínea em influenciar o meu modo de ver o mundo, como razão para essa preferência sul-americana. Afinal, sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo do interior, como cantava Belchior. Sou do sul, não posso negar, é só olhar para ver que sou do sul, a minha terra tem o céu azul, é só olhar e ver.
Admito, contudo, que em certo momento, eu realmente ficava incomodado com o que chamaram de arrogância do técnico argentino, Diego Maradona. Depois, e após a derrota, principalmente, entendi que era folclore, ele estava ali representando um personagem. Era parte de jogo de cena. Ao menos eu vejo assim.
Mesmo que eu esteja errado, e ele seja um megalomaníaco e louco e drogado, não tem como não respeitar um profissional que participa, se envolve, e depois sofre como ele mostrou estar sofrendo na entrevista pós-jogo. Com a intensidade de um tango, estampada em seu rosto estava a tragédia, a dor. Ele merecia, dirão muitos.
Ninguém merece tamanha dor, fiquem sabendo.
Mas eu dizia que acho que estou ficando velho, e é a segunda semana consecutiva que digo isso, assim, claramente. Pois não consigo ficar feliz com a dor alheia. Sei que a rivalidade – futebolística apenas – entre brasileiros e argentinos é briga de irmãos, implicância de iguais, especialmente quando somos nós, todos gauchos, que “nos estranhamos”. Como eu disse, é birra entre irmãos. Por isso até entendo algumas poucas manifestações pós-jogo, mas apenas algumas.
As que são por intolerância, essas são muito pequenas.
Até.
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