(Uma Sopa de quase dois anos atrás, porque lembrei e tive as mesmas sensações de que falo ali, no encerramento do ano de dois mil e oito)
Foi um bom ano, sem dúvida.
Mas não é disso que vou falar.
Uma palavra, já citada alguma outra vez aqui nessa sopa dominical ou no blog, define o que representou o ano em geral, para o bem e para o mal. E essa palavra é epiphany (em português epifania, a súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo). Foi, então, um ano em que tive revelações, percebi e entendi coisas que até então não tinha entendido ou não queria entender. De novo, para o bem e para o mal.
Não vou falar hoje da incrível experiência que foi a gestação, o nascimento e os primeiros quatro meses de vida da Marina, o que – certamente foi o principal acontecimento no meu (e da Jacque e da nossa família em geral) ano. E, em sendo o momento mais luminoso, mais incrível de todos, foi um dos desencadeadores das epifanias a que me referi anteriormente.
Em 2008, eu esperei demais de algumas pessoas que não conseguiram corresponder a essas expectativas, mesmo que o “demais” fosse um mínimo, uma palavra, um gesto. Não deveria surpreender, dirão alguns, as pessoas normalmente são assim. Pois é, talvez até tenham razão, e talvez esse seja uma lição que devo tirar de dois mil e oito: será que eu esperei (esperava, espero) demais das pessoas? Ainda acho que não, mas admito rever meus conceitos...
Percebi que ainda tenho dificuldades em lidar com a idéia budista da impermanência. Resisto muito à idéia de que pessoas que quero bem nem sempre vão estar próximas, que elas podem mudar e posso passar a não fazer parte de suas vidas. Gosto de estar perto de quem eu gosto, mas – como diz a moral de uma história que escrevemos, Igor (exemplo já distante no tempo disso) e eu, há mais de vinte anos, “não adianta gostar de quem não gosta da gente”.
No ano que passou, devo dizer, aprendi que não sou importante – conceito abstrato e de difícil quantificação - na vida de muitas pessoas na mesma proporção que elas o são para mim.
Ao mesmo tempo, vivi alguns dos momentos mais felizes da minha vida, de tamanha felicidade e paz de espírito que tudo o mais se tornou pequeno e insignificante.
Dois mil e oito não poderia ter sido melhor.
Até.
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