domingo, julho 11, 2010

A Sopa 09/48

A passagem do tempo, mais uma vez.

Não volto a abordar esse tema, já exaustivamente tratado nessas Sopas dominicais de muitos anos, devido a alguma queixa que porventura pudesse querer eu fazer a respeito disso, do correr dos dias, do inexorável caminho em frente a que somos empurrados – digamos assim – quando nascemos. Quero falar da passagem do tempo, uma vez mais, pelo meu encantamento com a vida.

Prometo aqui que também não vou deixar essa Sopa se tornar uma ode à Marina, minha querida filha, fascinado eu que sou por essa maravilha que é a paternidade e a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia do desenvolvimento de um ser humano, sua aquisição de habilidades, como a fala, e o amor incondicional que sentimos por alguém que é parte de ti e ao mesmo tempo um ser único, e que te pede para contar estórias antes de dormir, “na cama nova”, pois deixou de dormir em um berço, e deitamos os dois a ler o livro do “gato de botas”, e rimos antes de dormirmos, algumas vezes eu antes dela. Não vai ser disso que vou falar, fiquem tranquilos.

Assim como não vou falar de projetos antigos que hoje parecem possíveis e os novos que se tornarão realidade, e nem do que acontece de interessante e que não posso contar ainda, “para não estragar a surpresa”.

Nada disso.

Vou lembrar, com espanto, que em um mês completam-se vinte anos desde uma noite em que saí com amigos para irmos a uma festa e não voltei naquela madrugada e nem na manhã seguinte. Que voltei para casa quase um mês depois, já em fase de recuperação após ter sido retirado quase morto das ferragens do carro em que era carona e que era dirigido por um colega que dormiu e bateu em outro carro estacionado, ter ficado em coma por treze dias numa UTI e depois mais duas semanas internado no hospital em que eu era estudante de medicina. Lembrar que, apesar de tudo, não fiquei com sequelas, apenas com uma forma diferente de ver a vida e que isso foi o que determinou escolhas que me trouxeram até aqui, onde estou hoje, e me sinto feliz com isso. Saber que lembro de tudo como se fosse hoje.

E que eu tinha dezoito anos.

Até.

2 comentários:

Comedida disse...

Emocionante este texto e compartilho contigo o encantamento que é criar uma filha e ver a evolução dela! Abraço Aline e Nina

Vitor disse...

Quem te conheceu antes do acidente, como eu, percebeu tua mudança. Tu ficou mais sério..tipo, mais sisudo. Não sei o que tu viu enquanto estava "fora do ar". Um abraço pra ti, tu és um vitorioso.