quinta-feira, dezembro 04, 2025

Quatro de Dezembro

 A proximidade do final do ano, aquele simbólico momento de zerar o cronômetro e começar tudo de novo, se aproxima a passos largos entre promessas de encontros, confraternizações e outros eventos sociais. Agenda cheia, pouco tempo.

 

Inevitavelmente, chegamos à fase de avaliações, rescaldo, balanço de quem fomos e daquilo que fizemos no ano que se aproxima do fim. Se os planos – alguns deles, ao menos – forma executados como pensados.

 

O que realizamos, o que mudou.

 

O tempo passa rápido quando olhado em retrospectiva. Ontem era Páscoa e amanhã tenho cinquenta e muitos anos. A passagem do tempo deve (ou deveria) nos fazer aceitar mais serenamente o resultado de nossas escolhas e ações. Aceitar a colheita, por resultado do que plantamos. Algumas vezes, contudo, entender que a colheita pode demorar mais do que gostaríamos, que precisamos de maior cuidado e maior dedicação até o resultado vir.

 

E mesmo sem o final do ciclo, preparar o próximo, aquele que virá a seguir. Preparar o terreno, arar a terra.

 

Até.

quarta-feira, dezembro 03, 2025

Não É Inteligente

Eu comecei a escrever, como forma de pensar a vida, há muitos anos, inicialmente escrevendo à mão em cadernos que – alguns deles – ainda guardo como recordação. A fase seguinte foi registrar meus pensamentos datilografando em uma máquina de escrever, que era onde alguns trabalhos de escola de depois faculdade eram feitos, ainda antes dos computadores com editores de texto.

 

Sou, dessa forma, de uma geração que nasceu analógica e evoluiu para o digital. Das apresentações em Powerpoint das quais saíam slides que eram projetados por projetores que tinham carrosséis em que inseríamos os slides físicos, e cuja lâmpada queimava com certa frequência, até as atuais que deixamos na nuvem, ou nos enviamos por e-mail. Passei (passamos) por tudo isso.

 

O mesmo com as fotografias, antes reveladas a partir de filmes de 24 ou 36 poses, que carregávamos em viagem e revelá-las depois era como viajar de novo, até os celulares cujas fotos são tiradas ad nauseum, de comidas até infinitas selfies em frente ao espelho. Tudo bem, tudo certo. Redes sociais, desde o finado Orkut até o Instagram, passei por todas.

 

O meu limite, estabeleci há algum tempo, foi o Tik Tok.

 

Foi quando vi que envelheci. Não é para mim.

 

Agora, as IAs, os chatbots.

 

São potencialmente fantásticos, se usados adequadamente, como tudo na vida. Funções de auxílio em projetos, coisa e tal. Muito legal. Nunca, contudo, como conselheiro sentimental, ou outro tipo de utilidade que não prática, que exima o usuário do contato e das relações humanas.

 

Esse limite é bem mais simples de estabelecer.

 

Para mim, para mim.


Até. 

terça-feira, dezembro 02, 2025

Dois

De dezembro.

 

Estamos quase lá, ainda faltam vinte dias para iniciar o (meu) recesso de final de ano, e parece mais longe do que nunca. As urgências de dezembro, aquele mix de rotina de trabalho, confraternizações, amigos secretos, planos de férias de verão e necessidade de descanso fazem a rotação da vida estar mais alta do que o normal, quando o prudente (desejável) já seria um desacelerar.

 

Não me queixo.

 

Há um astral diferente (em mim, em mim), uma certa descompressão mental e dias mais leves, como se agora fosse apenas questão de levar o carro até o final, ‘na ponta dos dedos’, indicando que conseguimos, sobrevivemos. Um alternar entre viver o presente, recordar o passado e antecipar o futuro, imediato e de longo prazo. Como ocorre com certa frequência, gostaria (acho que preciso) de um tempo para ficar em casa apenas para organizar minhas coisas. Desapegar, eliminar o que está em excesso e o que não serve mais. Quase nunca consigo, ou apenas faço em pequenas partes.

 

Encontrar pessoas, ser leve.

 

Quase lá, quase lá.


Até. 

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Terra de Gigantes

Em 1987, aos quinze anos, eu estava no segundo ano do hoje chamado Ensino Médio, no curso técnico de ‘Operador de Computador’ (que depois se chamaria Processamento de Dados) da Escola Técnica de Comércio da UFRGS, Campus Centro, logo atrás da Faculdade de Economia. Diariamente saía de ônibus da Zona Sul para ter aula no hoje chamado Centro Histórico.

 

Era dos mais novos da turma, como sempre calhou de ser por ter entrado na primeira série do primário logo antes de completar seis anos de idade. Havia iniciado o segundo grau com treze, quase quatorze anos. Recém adolescente, começando a crescer, podemos dizer.

 

Tudo o que eu queria ter – à época – era uma guitarra elétrica, e tinha uns amigos que tocariam comigo. E eu já sabia que, por mais que a gente crescesse, sempre haveria alguma coisa que a gente não conseguiria entender. Mas seguia (seguimos) em frente.

 

Isso há quase quarenta anos.

 

Ontem, enquanto levava a Marina para fazer o segundo dia de provas do vestibular da UFRGS, que está fazendo como teste para o ano que vem, já que terminou o segundo ano do Ensino Médio, ouvíamos música no carro. Quando estávamos quase chegando no Campus do Vale, onde ela faria a prova, colocou para ouvirmos justamente ‘Terra de Gigantes’, dos Engenheiros do Hawaii, e disse que gostaria que tocasse na cerimônia de formatura da escola, no ano que vem, justamente por seu significado.

 

Sorri. Por várias razões.

 

Porque deu tudo certo. Porque ela está traçando o caminho dela passo a passo, por estarmos, a Jacque e eu, aqui para apoiá-la incondicionalmente, porque tenho ensinado a ela o que acho importante, inclusive em termos de música. 

 

Porque a vida é bela.


Até. 

domingo, novembro 30, 2025

A Sopa

Inevitavelmente, estamos sós.

 

Em meio à multidão, entre estranhos, conhecidos, amigos ou familiares, onde quer que estejamos, invariavelmente estamos sós. Como ilhas, mundos isolados em meio ao ruído do universo. Ontem, agora.

 

Essa estranheza, que toma conta enquanto o som das vozes aumenta, as risadas, as pequenas conversas para preencher o silêncio que pode ser desconfortável. Sentar no fundo e olhar de fora, a vida acontecendo em nossa frente como um filme familiar que assistimos pela milésima vez.

 

Por isso a importância das conexões, do encontro com aqueles que fazem o mundo ter sentido, que fazem valer à pena. Por isso que pessoas são importantes agora, e não em um improvável futuro em que haverá tempo e sentaremos na varanda da cabana no alto da montanha de onde veremos a planície, os homens pequeninos e a aldeia de longe, longe, longe, longe, longe*, e principalmente não esqueceremos Rosinha (que jogava futebol nos verões do Imbé... ops, nada a ver, momento déficit de atenção).    

 

O que temos é o agora, o hoje, que é onde a vida acontece.

 

Criar e cultivar conexões, a chave de uma boa vida.

 

E churrascos, sempre churrascos.

 

Até.

 

* referência à música Paisagem Campestre, Nei Lisboa 

sábado, novembro 29, 2025

Sábado (e às vezes é selvagem)

 

De uma sexta-feira à noite


Um desafio em que falhei miseravelmente.
Bem feliz, aliás, pois virou em duas refeições.

Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, novembro 28, 2025

Quase dezembro

O silêncio antecede o fim.

 

Ouvi essa frase hoje cedo, e entendi rapidamente como verdadeira. Não só como antecipação de desfecho, expectativa, ansiedade, mas muito como afastamento, indiferença, o não se importar. Pode ser em relacionamentos amorosos, no trabalho, com amizades.

 

E quando penso em distanciamento (não mais relacionado com diferentes vírus e pandemias), não é a isso que me refiro. Esse distanciamento físico, essa impossibilidade do convívio diário não são, ou não têm, esse silêncio precedendo algum tipo de final.

 

Muitas vezes me penitencio por não conseguir estar fisicamente junto a todos aqueles de quem gostaria com a frequência que gostaria. Mas entendo que é assim mesmo, é parte da vida, todos passamos por isso e todos compartilhamos essa mesma sensação. Não temos como estar sempre presentes.

 

O que podemos, sim, é valorizar e aproveitar ao máximo todas essas oportunidades de estar juntos, de celebrar, de criar memórias e histórias.

 

Está chegando dezembro, temporada de encontros e churrascos. 

 

Oba.


Até.