A finitude da vida, e a memória.
Dia desses, na semana que passou, participei de uma conversa com colegas médicos de um dos hospitais em que trabalho, e falávamos sobre um cirurgião já falecido há alguns anos, que foi professor de todos nós e inclusive foi diretor do hospital. Falávamos de uma tragédia que havia ocorrido em sua vida, em que um de seus filhos morreu em um acidente de paraquedas, que não havia aberto, e caiu, e não morreu na queda, mas no hospital de pronto socorro onde tentavam salvá-lo. Esse colega e professor nunca havia se recuperado da perda, e morreu alguns anos depois.
Uma tristeza.
Passa o tempo, e ele é homenageado pela Escola de Medicina da qual ele havia sido professor, tendo o seu nome dado a uma das salas de aula do curso. Uma homenagem a ele, e a outros professores cuja história era/é ligada ao curso. Porém...
Há alguns dias, não muitos anos após a homenagem a que me referi, o colega ouviu um aluno do curso referir-se à sala, e ao nome dado a ela, de forma totalmente diferente do nome original. Disse ele que, após não muito tempo, o professor – mesmo com a homenagem de ter seu nome associado a uma sala do curso – estava sendo esquecido. A pergunta que ele se fez foi “para que tudo isso, congressos, viagens, tempo longe da família, se não muito tempo depois de morrermos seremos esquecidos?”.
Para pensar, mesmo. E seremos esquecidos, sim.
Menos por aqueles de cujas vidas fizemos parte, nossos entes queridos e mais próximos, e talvez alguns amigos. Aqueles a quem tocamos e compartilhamos momentos, compartilhamos histórias para contar.
Por isso que o que conta, de verdade, são as relações que temos. Títulos, dinheiro, fama. Nada – no fundo – tem importância.
Até.
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