Uma Sopa antiga, do milênio passado, quando ainda não existia Waze e acho que os GPS não estavam muito disponíveis, e usávamos mapas, veja só, porque essa semana teve feriado (e viajamos) e tem Congresso, que começa hoje à noite...
“Lembranças de viagem.
Quando planejávamos nossa viagem para a Europa em 2002, uma das idéias era conhecer a região francesa de Rhône-Alps, que tem Lyon como sua cidade principal. O plano era visitar Lyon, sair em direção aos Alpes, e daí cruzá-los para a Itália, para depois retornar à França para ir até a simpática Annecy, sugestão dos amigos Diovanne e Maria Cristina.
Após algumas pesquisas, decidimos que cruzaríamos os Alpes pelo Túnel de Frèjus, que liga França e a Itália, na região do Piemonte, próximo à Turin, e que voltaríamos à França pelo Túnel do Mont Blanc, que aquela época deveria estar reaberto. O túnel havia sido fechado em 1999 devido a um acidente com incêndio em seu interior. Tudo tranqüilo, planos perfeitos.
Em fevereiro de 2002, tudo correu bem conforme os planos: visitamos Lyon, Aix-les-Bains e, pelo Túnel de Frèjus, entramos na Itália. Ficamos em Turin, depois fomos até Aosta (surpresa extremamente agradável, a Roma dos Alpes). A partir daí, o destino seguinte era cruzar o Mont Blanc e voltar para a França, passando em Chamonix e depois Annecy. Mas não foi bem isso o que aconteceu.
Saímos de Aosta e fomos até Courmayer, cidade separada de Chamonix pelo Mont Blanc e ligada pelo túnel. Em Courmayer, a notícia: o túnel continuava fechado. Deveríamos encontrar uma via alternativa. A Jacque , a navegadora, fez rápida pesquisa no excelente Michelin Europe Tourist and Motoring Atlas e descobriu o nosso caminho alternativo: o Túnel de San Bernardo, na passagem de Gran San Bernardo, ligando a Itália com a Suiça. A única coisa que deveríamos fazer era retornar até Aosta e dali só seguir as indicações até o túnel. Se não fosse inverno, poderíamos até pensar em fazer a travessia pela passagem de San Bernardo, mas – entre outubro e junho – a neve não permite.
Foi uma das melhores coisas que poderíamos ter feito. As paisagens que tivemos a oportunidade de ver nesse trajeto estão entre as mais bonitas que já vi na vida. Neve, muita neve. Um espetáculo para não ser esquecido, de tão belo.
Justamente nessa região, próximo à passagem de San Bernardo, é que cerca de 2000 viajantes, nos últimos 200 anos, foram regastados pelos cães que levam o nome da passagem. São famosas as histórias (e até desenhos animados) em que aparecem os São Bernardos salvando pessoas em dificuldades na neve. Eles e seu indefectível barril pendurado no pescoço (em Bariloche, na Argentina, esses cães são atrações turísticas e são treinados para só olhar para ti quando os donos – que vendem as fotos – ordenam). Pois é, mas os tempos mudam.
Notícias vindas de Genebra – via Associated Press – informam que os São Bernardos estão perdendo sua utilidade no salvamento de pessoas, superados pelos helicópteros e sensores de calor, mais rápidos e mais precisos. Por isso, a Congregação dos Cânones de Gran São Bernardo está colocando a venda seus cães, 18 adultos e 16 filhotes.
Grande e pesado, um São Bernardo adulto pode pesar mais de 100kg, e come até 2kg de carne por dia. Eles também requerem muita atenção e energia, afirmou o Irmão Frederic, um dos cinco monges que vivem no famoso mosteiro na passagem de São Bernardo. Os monges fundaram o mosteiro do topo na passagem – 2470 metros acima do nível do mar – no século 11 como refúgio para viajantes. Os grandes cães fazem parte da vida do mosteiro desde a metade do século 17, servindo de companhia e proteção aos monges e sendo empregados no resgate de viajantes perdidos na neve e na neblina.
Barry, o São Bernardo mais famoso, viveu no mosteiro entre 1800 e 1812, e auxiliou no salvamento de mais de 40 pessoas. Até hoje, pelo menos um dos cães no mosteiro é sempre chamado de Barry em homenagem ao lendário cão.
Histórias. Eu gosto.”
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário