O impostor.
Assunto recorrente por aqui (em meus pensamentos, que escorrem para cá de tempos em tempos), já lido há vários anos com a síndrome, identificada ainda antes de eu saber que tinha um nome específico e que era bem comum. Sei também que ela vem em ondas, como um mar, e como cantou Lulu Santos.
As suas manifestações são variáveis, então, mais ou menos intensas conforme fatores que ainda não consigo identificar totalmente. Flutua (flutuo eu) entre a tranquilidade e segurança de quem sente-se confortável com quem eu sou e onde estou, por um lado, e a sensação por vezes avassaladora de que estão prestes a descobrir que sou uma farsa. Quando acontece – evento cada vez mais raro – de me sentir assim, penso que ninguém consegue enganar tanta gente por tanto tempo, então não deve ser assim mesmo... E vamos levando.
Quando, há mais de vinte anos atrás, fui selecionado para cursar o Doutorado direto, sem ter feito Mestrado antes, me perguntei se eu conseguiria ir até o final, defendê-lo e receber o título de Doutor em Medicina. Lembro de, na entrevista da seleção, eu ter sido perguntado por que eu queria fazer Mestrado e responder que eu não queria fazer, eu queria fazer Doutorado, mas não tinha um pré-requisito para me inscrever no Doutorado. O paradoxo da autoconfiança de achar que eu podia fazer versus a dúvida se seria capaz.
Terminei o doutorado, e o defendi quando já estava em Toronto como Clinical Fellow na University of Toronto, um pós-doutorado que começou ainda antes de ter o título de Doutor. Mais um salto no escuro (fui sem saber exatamente como seria). Ou uma porta que se abriu e fui entrando.
Essa é uma forma de ver as coisas que sempre tive, e não sei se é positiva ou não. Sempre me vi como alguém que vai caminhando e, à medida que as portas se abrem, vou entrando. Normalmente tem dado certo, a meu ver. Porém, pode parecer que estou sempre contando com a sorte de aparecer uma “porta aberta” para eu entrar. Ou será que meu trabalho e – vamos dizer – competência é o que faz as portas abrirem ao longo do caminho?
Pode ser, pode ser.
Ao final das contas, parece que não faz diferença no resultado, de onde estou e quem eu sou.
Seguimos andando, como sempre.
Até.
Um comentário:
Great blog :) Tonery Canon
greets.
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