quarta-feira, maio 24, 2006

A caminho

Aerporto de San Diego, quarta-feira, 11:15 AM.

Faltam duas horas para o vôo até Atlanta, onde farei a conexão para finalmente voltar a Toronto. Cheguei cedo ao aeroporto, conhecedor que sou das longas filas de check in e do security check, mas foi tudo bem mais rápido que o esperado. Mesmo tendo sido um dos passageiros escolhidos (teoricamente ao acaso) para uma revista adicional a minha bagagem de mão - jaqueta de couro, mochila com o laptop e mochila do congresso – foi tudo muito rápido. Nessas horas, nada de piadinhas, eu sei, mas não pude deixar de perguntar que tipo de coisa ele estava procurando ao passar algo como um desses panos para tirar o pó nas minhas coisas. Drogas?

Não, esclareceu o agente, a procura era por traços de explosivos. Eu estava limpo, mas tinham que checar as minhas coisas. Para isso, ele “tirava o pó” do interior da minha mochila e colocava o “lencinho” num “analisador’ (um espectofotômetro ou algo do gênero). Não tinha nada, claro. De explosivo, só minhas idéias…

Falando em idéias explosivas, estava pensando na situação dos presos no Brasil. Assunto complicado, denso, nervoso, talvez até demais para estar em pauta enquanto observo, sentado numa cadeira de balanço, o céu da Califórnia e o movimento do aeroporto, quase na hora do almoço, mas vamos em frente.

Nesse momento de crise, rebeliões, e tudo o que aconteceu em São Paulo, não é hora de tratar das causas primárias da criminalidade: a desigualdade social, a falta de investimentos em educação, o estado incompetente que não consegue fornecer serviços mínimos à população mesmo arrecadando muito com a maior carga tributária do mundo. Isso deveria ser pensado e realizado sempre, num continuum, pois seus resultados vêm em longo prazo. Esse é o caminho, sem dúvida, mas não vai resolver a situação aqui e agora. Para o presente, o imediato, são necessárias medidas duras.

Não sou, nem nunca fui, a favor da pena de morte.

Isso posto, me sinto no direito de dizer o que penso sobre esse papo de direitos dos presos e tal. Seguinte: CRIMINOSO NÃO TEM DIREITOS. Explico.

Todos merecem um julgamento justo, e tratamento digno. Ponto. Uma vez verificada sua culpa, julgados e condenados, devem ter direito a um lugar para dormir e alimentação. A partir daí, NADA. E, além disso, para ter os direitos que acabo de mencionar, devem trabalhar. Sem trabalho, sem comida.

Essa coisa de celular, visitas íntimas, televisão, tudo deveria ser cortado. Não estão numa colônia de férias. Estão presos, afastados do convívio social. Teoricamente, em reabilitação.

Rebelião? Queimaram colchões e destruíram a cozinha? Azar, dorme no chão e come o que puder ser feito enquanto a cozinha não fica pronta.

Claro que, para isso ser alcançado, o estado deveria cumprir o seu papel, e não deveriam existir prisões com superlotação e tal. Que mais? Em prisões de segurança máxima os detentos não poderiam ter contato com outros presos. Advogados, só por trás de um vidro.

Desligar torres de celular para evitar que os presos se comuniquem com outros?

CELULARES NÃO PODEM ENTRAR EM PRESÍDIOS!

Não estão invertendo as coisas?

Sei lá, idéias...

Deixa eu ir lá que tenho um avião para pegar.

Até.

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